Famílias da Terra Indígena Serrinha, no norte do Rio Grande do Sul, vêm sendo vítimas de extrema violência por parte dos ruralistas em conflitos causados pelos processos de arrendamento de terras. As instituições denunciam cárcere privado, tortura e assassinatos por parte do agronegócio para poderem explorar as terras reservadas ao aterrorizar as famílias indígenas.
segunda-feira 18 de outubro de 2021 | Edição do dia
Imagem: Reprodução
As denúncias foram confirmadas pela Organização Indígena Instituto Kaingáng (INKA); Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib); Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul) e Conselho Indigenista Missionário Regional Sul. As instituições denunciam intimidações, cárcere privado, tortura, assassinatos e omissão do poder público na região.
As instituições pedem em nota pelo impedimento da legalização dos arrendamentos, possibilidade pela PEC 187 que está em tramitação no Congresso, e afirmam que "a proposta ruralista é mais uma ameaça aos direitos constitucionais dos povos indígenas e pode agravar ainda mais o quadro de violências contra os povos originários".
No sábado, dia 16, dois homens foram mortos a tiros dentro da terra indígena, que abrange os municípios de Ronda Alta, Três Palmeiras, Constantina e Engenho Velho. Episódios como esse e de violência extrema são relatados na região a meses, denunciadas pelos institutos desde o ano passado, mas nenhuma medida foi tomada. Foram relatados a expulsão de lideranças, anciãs, anciãos; profissionais da saúde, direito, educação, artistas foram impedidos de atuar; e agentes culturais sofreram agressões físicas e foram presos em um banheiro de um ginásio na aldeia.
São 650 famílias e mais de 3 mil pessoas morando na região, expostas a violência do setor ruralista e do agronegócio que aterrorizam os povos indígenas para explorar as terras reservadas.
Veja o vídeo de moradora denunciando as condições extremas de perseguição:
Denúncia da parente Vãngri Kaingang sobre o arrendamento de terras na Reserva de Serrinha (RS). Parentes se corrompendo pelo agronegócio, gerando expulsões e assassinatos de outros indígenas. E a @funaioficial, @policiafederal, @MPF_PGR, @MPF_RS não fazem nada! pic.twitter.com/fIWkPK2uY2
— Karibuxi #MarcoTemporalNão (@Karibuxi) October 16, 2021