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ESCASSEZ DE VACINA | Falta de insumos vai levar a atrasos nas vacinas para países pobres, admite OMS

A OMS esperava distribuir 2,4 bilhões de vacinas via consórcio Covax Facility em todo o mundo até o final desse ano, mas já admite a possibilidade de não atingir essa meta. Manutenção das patentes vai levar atraso na vacinação em países pobres.

quarta-feira 5 de maio de 2021 | Edição do dia

Foto: Tiziana Fabi (Getty Images)

A distribuição, por meio da Aliança Global de Vacinação (Gavi), se destina principalmente a países pobres, os mais afetados na campanha de vacinação já que não conseguiram fazer acordos multimilionários para compra das vacinas.

A meta da OMS era vacinar até 20% da população de todos os países que assinaram o acordo da Covax, mas o principal entrave hoje para a distribuição dessas doses é a capacidade de produção e o fornecimento de imunizantes das produtoras para o consórcio.

No último domingo (2), o Brasil recebeu um novo lote de 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca via Covax, totalizando até o momento pouco menos de 4 milhões de doses distribuídas pelo consórcio de um total de 42,9 milhões que foram acordadas pelo governo federal no valor de U$ 150 milhões.

Inicialmente, a previsão era que o consórcio enviasse ao país 9,1 milhões de doses até maio. No entanto, o país havia recebido apenas um lote, com 1 milhão de doses, até o final de abril.

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Países como o Reino Unido ou Israel têm mais de 60% de sua população já vacinada, enquanto outros, principalmente do continente africano e sudeste asiático, apresentam na média menos de 5% da população vacinada.

“Estamos muito distantes da distribuição igualitária das vacinas, que é o que desejamos atingir globalmente, como uma só comunidade. E o gargalo principal para isso é a demanda das produtoras, que apresentam atrasos na produção e oferecem seu produto para países ricos”, disse Katherine O’Brien, diretora de imunização da OMS, em um painel durante o Congresso Mundial de Vacinas em Washington.

“Esse problema está nas mãos dos investidores das farmacêuticas. Eles precisam resolver essa questão de oferta e demanda. Nós podemos atuar na distribuição dessas vacinas, mas, se elas não forem repassadas, não podemos fazer nada.”

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Para Anuradha Gupta, diretora executiva da Gavi, a produção precisa ser acelerada para fazer com que mais vacinas cheguem aos países que mais necessitam. “A velocidade e a virulência dessa vacina colocam um x na questão. Precisamos ter doses suficientes para garantir que 20% a 30% da população nos países mais vulneráveis esteja vacinada. Há poucos países que vacinaram além dos grupos prioritários e países que não receberam doses. A questão da vacina é política; ela depende de lideranças locais e autoridades de saúde, mas ela também é geopolítica”.

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A luta por vacinas para todos e pela liberação de patentes é levantada como uma necessidade urgente em face da catástrofe da pandemia. Da mesma forma, é necessária a imediata intervenção estatal de todas as empresas farmacêuticas e laboratórios, para colocá-los sob o controle dos profissionais de saúde e servir a planos racionais de produção e distribuição de vacinas e testes, com vistas à nacionalização dessas empresas sob controle operário, junto com os recursos da saúde privada. O aumento emergencial dos orçamentos de saúde e educação, bem como a contração de profissionais de saúde para garantir a vacinação e evitar o colapso de hospitais, com base em impostos extraordinários sobre grandes fortunas, são outras medidas urgentes. Em vez de continuar a pagar a dívida externa, é necessário impor o cancelamento da dívida dos países semicoloniais para evitar que os custos da crise sejam descarregados sobre as grandes maiorias.




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