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RIO GRANDE DO NORTE | Falta de EPI no RN: e se a Vicunha Têxtil produzisse máscaras e trajes?

A Vicunha Têxtil emprega direta e indiretamente mais de 5000 trabalhadores no RN, majoritariamente mulheres, em especial na produção. Durante a epidemia, a empresa suspendeu as atividades fabris, liberando os trabalhadores. Publicamos aqui um depoimento de uma ex-operária mecânica da fábrica sobre o quanto a fábrica poderia ajudar no combate à pandemia do COVID-19 caso sua produção fosse reconvertida.

quinta-feira 2 de abril de 2020 | Edição do dia

“A Vicunha Têxtil é uma das maiores produtoras de índigo e brim do Brasil, sendo responsável por 40% da produção nacional de brim. A empresa tem cinco filiais no país e outras mais na Argentina e Equador. Aqui no RN está localizada a unidade II, que fica na zona norte de Natal; a empresa tem uma linha de produção muito eficiente, capaz de tecer e confeccionar mais de 40 mil metros de tecido por dia. Em tempos onde o coronavírus assola a nossa sociedade, deixando as pessoas mais carentes em maior estado de vulnerabilidade, a locação, equipamentos e matérias primas dessa indústria poderiam ser utilizados para combater a doença. A empresa poderia readequar a produção facilmente e, passar a produzir máscaras e trajes de proteção para os profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate ao covid-19.”

Para enfrentar a crise do coronavírus, que dá de encontro com sistemas de saúde precarizados e débeis pelos 30 anos de neoliberalismo e os fortes ataques pós crise de 2008, com um SUS precarizado e privatizado, garantir os materiais de EPI para os profissionais de saúde e cada trabalhador que segue exercendo suas funções, assim como para cada pessoa que precise é menos que o mínimo. Ainda assim, recebemos continuamente denúncias sobre a falta de EPI nos hospitais, até mesmo para os trabalhadores que lidam com os casos mais graves. Este relato retrata o que poderia ser produzido em apenas uma fábrica da Vicunha caso a prioridade da produção fosse combater a crise do coronavírus, sob controle das e dos trabalhadores e não à serviço dos lucros da família Steinbruch, com o CEO do Grupo Vicunha possuidor de uma fortuna estimada em 980 milhões de reais, fruto do suor e sangue das operárias em toda América Latina.

Com a garantia do direito à licença remunerada para todos aqueles trabalhadores que fazem parte do grupo de risco, assim como os que convivem e são responsáveis pelos cuidados de pessoas que compõe o grupo de risco e testagem massiva para garantir o isolamento e tratamento dos infectados, poderiam seguir o exemplo dos operários de uma fábrica na Tunísia, que decidiram se isolar para fabricar material hospitalar, indicando como a classe operária pode avançar para o controle operário da produção e dar saídas reais para a crise, em oposição aos Estados que liberam resgates bilionários para as grandes empresas e bancos, enquanto permitem as demissões e aprovam pacotes de miséria para os trabalhadores, responsáveis pela situação desesperadora imposta na vida da população trabalhadora e pobre, em especial negra e imigrante, enquanto não promovem a testagem massiva da população, causando subnotificação e exasperação. Como disseram os grevistas italianos na semana passada: Nossa saúde vale mais que o lucro deles!

É urgente testes massivos no estado já! Há dinheiro para isso, a dívida ativa de empresários com o estado é calculado em R$ 4 bilhões em 2019. Baseando-se no valor de R$ 75 por teste, esse valor poderia comprar cerca de 53 milhões deles, ou mesmo ampliar o número de leitos de UTI e respiradores. Nem falar o que daria para arrecadar através da taxação de fortunas como a do empresário Flávio Rocha. Ou se rompe com os lucros dos empresários, ou o coronavírus fará mais vítimas no RN.

Contato: (84) 991182159




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