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Luta na CSN | Façamos como trabalhador da CSN: “Vamos à luta porque não temos mais nada a perder”

O Esquerda Diário e a Juventude Faísca estiveram essa semana em Volta Redonda para apoiar ativamente a luta na CSN. Conversamos com alguns desses trabalhadores que vem dando mostras de uma luta exemplar contra a patronal. Depois de dois anos de pandemia, nós como estudantes podemos tirar importantes lições desse processo.

terça-feira 3 de maio de 2022 | Edição do dia

Os patrões se utilizaram da pandemia para ampliar seus lucros, rebaixaram salários, cortaram direitos, mas não esperavam que teriam como resposta mais de um mês de lutas repleto de paralisações. Depois disso acharam que poderiam demitir e assim fizeram com mais de cem famílias na rua para colocar medo em toda a categoria, mas não esperavam que nem mesmo isso dobraria os trabalhadores que rejeitaram por 96% a proposta absurda da patronal sem reposição salarial. Essa firmeza dos peões da CSN é um exemplo para lutar contra a barbárie capitalista para os trabalhadores e a juventude.

Se todos os dias o busão lotado, a violência policial, o trabalho exaustivo e a inflação corroem a vida dos trabalhadores e da juventude, a naturalização dessa barbárie (e de tantas outras) torna essa realidade um rolo compressor. Cada acontecimento absurdo do dia a dia se torna uma capa espetacular por alguns minutos, horas ou até dias nos grandes jornais, mas que logo são esquecidos no marco de que sempre terá algo novo de ruim acontecendo no mundo capitalista.

Para sobreviver, as pessoas precisam simplesmente seguir em frente diante de tantos problemas, mas viver com menos a cada dia tem um efeito que a burguesia não espera. A exploração aparece nua e crua. Tal como Marx disse “os trabalhadores não tem nada a perder a não ser os seus grilhões”, sem talvez nunca ter lido o Manifesto Comunista, me relatou um peão da CSN: “vamos à luta por que não temos mais nada a perder, todos os direitos dentro da fábrica já foram arrancados”.

Uma hora o ódio contido tem o potencial de se tornar uma luta e quando essa luta se abre não há limites de onde pode chegar caso haja uma confluência do conjunto dos 90 milhões de trabalhadores no Brasil. Um peão jovem negro e radicalizado uma hora me disse:

“precisamos parar tudo mesmo para mudar as coisas, mas não precisa ser os 90 milhões, pode ser uns 60”.

Esse jovem, que poderia estar cursando a universidade caso não existisse o filtro social do vestibular, buscava no meio da sua realidade uma saída radical para seus problemas e via essa alternativa na unidade dos trabalhadores em luta contra os patrões e Bolsonaro.

Um terceiro peão também bastante radical me relatou:

“esse sindicato (Força Sindical) está na folha de pagamento dos patrões, para lutar temos que enfrentar os dois”.

Cada categoria sai para lutar separada uma da outra, mas o arrocho salarial e o corte de direitos são para todos. Hoje, são os trabalhadores da CSN, recentemente, foram os garis do Rio de Janeiro, os professores em Minas Gerais, os entregadores de aplicativo, e pode ter certeza: amanhã serão outras categorias a lutarem, mas sozinhos será difícil arrancar qualquer coisa, só a unificação pode trazer as vitórias.

Apostamos nessa unidade e nós como estudantes podemos cumprir um papel para que nossa luta nunca esteja desconectada da classe trabalhadora.

Essas burocracias além de nunca se colocarem à disposição para a luta limitam o horizonte de visão dos trabalhadores todos os dias, rebaixando as reivindicações para caberem nos interesses miseráveis dos patrões. Por isso, nós defendemos um programa que busque colocar o Brasil e o mundo nas mãos dessa classe que constrói, limpa e produz tudo. Se a CSN fosse estatizada e estivesse nas mãos dos operários não haveria demissão e o lucro se tornaria fonte de melhorias na saúde e na educação. Se os transportes fossem estatizados e os trabalhadores gerissem as empresas de transporte, nenhuma inflação seria repassada e muito menos haveria lucro com um direito. Se a Comlurb fosse gerida pelos trabalhadores não haveria arrocho salarial e nem perda de direitos.

A saída eleitoral da chapa Lula-Alckmin não está à altura de responder aos anseios desses trabalhadores que saem para lutar. Como lutar contra Bolsonaro junto com inimigos? Como conseguir qualquer melhoria de vida com quem retira os nossos direitos? Essa chapa terá a unidade com a mesma burguesia responsável pela reforma da previdência, a reforma trabalhista e a PEC do teto dos gastos. A burguesia quer aprofundar a mesma agenda que criou a situação catastrófica atual.

Nós da Faísca Revolucionária e do Esquerda Diário apoiamos a luta pelo reajuste salarial, pelos direitos dentro da fábrica e por nenhuma demissão na CSN. Como sabem muitos trabalhadores que saem para lutar, só a unidade dos setores em luta pode impor a revogação de todas as reformas e privatizações para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

O papel da juventude justamente é se colocar ao lado da classe trabalhadora e é isso que nós da faísca revolucionária viemos buscando fazer em cada oportunidade e chamamos que cada Centro Acadêmico e DCE se some a campanha de solidariedade em apoio aos trabalhadores da CSN.




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