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GREVE DOS PETROLEIROS | FUP consegue dividir e amedrontar para encerrar greve em Betim (MG)

Tassia ArcenioProfessora e assistente social

quarta-feira 18 de novembro de 2015 | 23:42

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada à CUT e CTB, desde a mobilização inicial dos petroleiros contra os pacotes de privatização, contra às perdas salariais e de direitos e em repúdio às demissões dos terceirizados, foi atuante para que a greve não saísse junto a outras categorias em luta, e depois de iniciada pelos sindicatos base da Federação Nacional de Petroleiros (FNP), ligada a setores oposicionistas da CUT, à Intersindical, e CSP-Conlutas, trabalhou para que nada saísse do seu controle, dividindo os trabalhadores e defendendo o governo Dilma do PT.

A greve, em meio a escândalos de corrupção envolvendo a Petrobrás, tornou-se a mais forte depois da greve de 1995, atingindo quase todas as unidades operacionais do país,paralisando o Centro Nacional de Controle Operacional (CNCO),organizando piquetes, trancaços, ocupações, atos locais, bloqueios, entre outras formas em que os trabalhadores mostravam sua indignação e organização, e buscavam fazer uma greve ativa.

A empresa, por sua vez, usou seus recursos para ameaçar, amedrontar e dividir os trabalhadores em greve. Desmoralização da organização sindical e dos atos mais radicalizados, assédio moral para desmontar a greve, acionamento da justiça contra o movimento, organização dos fura-greve, ameaça de demissões foram algumas das formas encontradas pela empresa para que seus planos de privatização e derrubada de direitos não fossem mais ameaçados.

Ou seja, a empresa buscou reprimir de todas as formas o direito de greve dos trabalhadores, e encontrou na burocracia sindical da FUP, um braço forte para implementar todo um clima de terror e divisão para que a greve chegasse ao fim e não impedisse os planos do governo Dilma, já tão desgastado em meio tantos escândalos e crise política.

Em Betim, Minas Gerais, e no restante do país, o que se viu foi uma jovem geração de petroleiros, se ligando aos veteranos que não se venderam de 1994/1995, para colocar de pé uma greve que lutasse pelos ganhos salariais, pelos seus direitos e também, contra a entrega da empresa para as mãos privadas do imperialismo.

Dando exemplo de luta, e “trabalho” para a burocracia sindical da FUP, a base petroleira mineira teve sua greve encerrada hoje, 18/11, após diversas manobras da FUP, que chamou assembleias sem nada novo para apresentar e com um chamado ativo para os fura greve comparecerem.

Após rejeitar a orientação de fim de greve da FUP, que viu sua proposta perder em duas assembleias seguidas, os trabalhadores seguiram sendo intimidados e divididos, com a burocracia encerrando a greve em outros locais, dizendo que era possível sim ter punição aos lutadores e o desconto dos dias parados iria acontecer (ainda que a empresa tenha apresentado uma proposta mais recuada depois, que adiava para janeiro os descontos – o que mostra a força do movimento, que poderia chegar a todos os dias abonados se não fosse a FUP dividir o movimento e abandonar os setores em greve), e resolveram, após perceber que o sindicato está preocupado apenas na defesa do governo e não do direito dos trabalhadores, encerrar a greve.

Um dos petroleiros entrevistados pelo Esquerda Diário, que fez a cobertura da grevee apresentou o portal para que os trabalhadores dessem sua voz, disse após à assembleia sobre o sindicato de petroleiros dirigido pela FUP/CUT “Só tem duas possibilidades: ou a direção é incompetente ou está a serviço da empresa".

Com um clima de indignação entre os trabalhadores, o encerramento dessa greve histórica em Betim, teve todo o empenho da FUP que saiu aliviada por conseguir isolar os que resistem no Espirito Santo e no Norte Fluminense. Nos trabalhadores, deixou a certeza do atrelamento entre o governo federal e a burocracia sindical, que serve apenas para os interesses dos grandes empresários e que qualquer direito ou avanço só será arrancado com muita luta, unificada entre efetivos e terceirizados, varrendo a burocracia sindical do seu movimento. Até mesmo para garantir a unidade nacional dos petroleiros e lutar para que ninguém fique para trás, o sentimento que prevaleceu em assembleias de todo o país, ou seja para lutar contra possíveis e prováveis punições e contra o corte dos dias, até mesmo para tarefas elementares é preciso derrotar a burocracia sindical. Para uma grande batalha contra a privatização será preciso muito mais.




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