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AJUSTE FISCAL | FMI elogia ajuste e Banco Central eleva taxa de juros para maior nível desde 2008

quinta-feira 30 de abril de 2015 | 01:13

O Banco Central elevou a taxa básica de juros do país nesta quarta-feira em 0,5 ponto percentual, de 12,75% até 13,25% ao ano, seu maior nível nos últimos seis anos, desde o início de 2009, já durante a crise econômica mundial e num ano do pior impacto da crise no Brasil, que afetou fortemente a produção industrial.

A inflação está atualmente em 8,22% (IPCA) no acumulado dos últimos 12 meses, acima da “meta” do governo de 4,5 a 6,5% ao ano de inflação, ou seja, de aumento nos preços da economia. Este é o maior nível de inflação desde o acumulado em 12 meses até dezembro de 2003 (9,3%).

É o quinto aumento nos juros consecutivo, e coincide com a política econômica de Dilma e Levy de ajuste fiscal, com cortes dos gastos sociais e ataques aos direitos dos trabalhadores.

A decisão deixou a Selic em seu maior nível desde janeiro de 2009, quando o Banco Central, sem preocupações com a inflação, iniciou um novo processo de redução gradual dos juros para fazer frente à crise econômica internacional de então.

Os economistas de grandes bancos preveem para este ano uma inflação de 8,25%, muito acima da prevista pelo governo e quase dois pontos percentuais acima da máxima tolerada pelo Banco Central.

A CNI, Confederação Nacional da Indústria, sindicato dos patrões, reclamou do aumento dos juros na medida em que estes encarecem o financiamento das micro e pequenas indústria principalmente, fazendo coro com a Força Sindical que também criticou a medida. O argumento é de que altos juros deixam o investimento produtivo mais caro, porém o ponto de vista tanto da CNI quanto do sindicato pelego da Força Sindical (que é o mesmo que apoia a regulamentação da terceirização) está longe de defender a lado dos trabalhadores.

O aumento na taxa de juros junto à todo o pacote de ajustes de Dilma, dos governos estaduais e municipais (com cortes dos direitos sociais) é uma forma de empurrar a crise para o conjunto dos trabalhadores e ainda drenar recursos dos impostos para o exterior, para encher os bolsos dos capitalistas estrangeiros, pois, a cada aumento da taxa Selic, nossa dívida pública fica mais cara e o aumento nos juros encarece produtos e indiretamente este custo será em quase sua totalidade repassado aos trabalhadores.

Os juros mais caros encarecem sim a produção, mas os capitalistas repassam estes custos em seus preços aos consumidores, além disso, encarecem empréstimos e outras transações nos bancos, o que serve para aumentar ainda mais o endividamento das famílias no país, mas ao mesmo tempo, aumentam os lucros dos bancos. O Bradesco, de Levy, por exemplo, anunciou hoje um aumento nos lucros em 23,3% no primeiro trimestre do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, lucrando 4 bilhões. Ao mesmo tempo, o banco havia anunciado um saldo de 4500 trabalhadores demitidos em um ano.

Levy e o FMI aplaudem os ajustes

Ainda no dia de ontem, dia 29, Levy compareceu em três comissões econômicas da Câmara dos Deputados e admitiu que o ajuste também servirá para recuperar a confiança dos mercados, ou seja, seria uma medida para o Brasil voltar na rota dos ganhos do capital estrangeiro pois este, assim, teria seus lucros e ganhos garantidos com a exploração dos trabalhadores e que estes .

Ontem também, o FMI em seu Panorama Econômico Regional apontou que o Brasil atravessa sua pior desaceleração em duas décadas, causada pela queda no investimento dos empresários e na queda da confiança dos consumidores para adquirirem novos produtos e serviços.

O FMI, como porta voz mundial dos interesses de lucros da burguesia internacional e dos países ricos, elogiou o aumento nos juros e o ajuste fiscal de Levy e Dilma. Ao contrário do FMI e de Levy que possuem uma visão otimista do ajuste, os trabalhadores já viram que este ano será diferente e que os ataques já começaram assim como as demissões, ou seja, o ajuste não trará qualquer benefício aos trabalhadores e a população mais pobre, pelo contrário, irá retirar empregos, salário e direitos para que os lucros e os ganhos do capital estrangeiro (na forma dos juros da dívida pública) sejam priorizados.

EFE/ED

Foto: Ryan Rayburn/IMF




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