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RACISMO E PRECARIZAÇÃO | Ex-funcionários do McDonald’s denunciam racismo e assédio nas franquias brasileiras

Após denúncias de 16 ex-funcionários de franquias do McDonald’s no Brasil, um ofício foi enviado ao Ministério Público do Trabalho solicitando a criação de uma força tarefa para investigar práticas de racismo institucional nas lojas brasileiras. Essa que é a maior cadeia mundial de restaurantes de fast food é reconhecido no país como uma das principais redes de precarização do trabalho de jovens, com muitos recebendo menos que um salário mínimo mensal, enquanto a corporação teve aumento de 11% em seus lucros, faturando 1,57 bilhões de dólares no ano de 2019.

quarta-feira 29 de julho de 2020 | Edição do dia

No dia 20 de julho um oficio foi enviado por sindicatos ao Ministério Público do Trabalho (MPT) solicitando a criação de uma força tarefa de procuradores para investigação nacional de denúncias de racismo institucional nas lojas McDonald’s.

O oficio partiu de relatos de 16 ex-funcionários da rede de fast food que alegam ter sido sistematicamente humilhados e assediados por seus supervisores em casos de discriminação e preconceito racial, partindo da premissa da legislação brasileira de que uma empresa que se envolve em racismo estrutural sistêmico comete um crime.

Segundo o documento, os fatos descritos na denúncia ocorreram em quatro estados nos últimos três anos e a maioria dos trabalhadores era menor de 18 anos na época. Essa é uma característica das redes de fast food no Brasil, da qual o McDonald’s é uma das maiores, o trabalho ultra precário de jovens, que são em sua maioria negros.

Os relatos apontam o racismo e assédios com expressões pejorativas e de ódio em relação à cor das vítimas, ofensas sobre seus cabelos etc. Absurdos como terem sido chamados de “negrinha do cabelo ruim”, “cabelo duro”, “macaca” ou “pretinha suja” por seus superiores mostram sobre quais bases se fundam os lucros dessa gigante americana, que no último ano faturou mais de 1,57 bilhões de dólares.

O racismo é o ingrediente principal das relações de trabalho que o McDonald’s explora no Brasil. Isso se dá de maneira escancarada, através do tratamento com expressões de ódio racial por supervisores e de maneira velada, através dos salários ultra-rebaixados e da precarização do trabalho de uma camada de jovens negros que, também por conta do racismo começam a trabalhar ainda nos anos escolares, sendo que muitos terminam abandonando os estudos para auxiliar na renda e sustento de suas famílias, como mostrou estudo recente do IBGE.

É um recurso válido o envio do ofício ao MPT e junto a isso é preciso uma organização na base dos trabalhadores de fast food e demais precarizados para que de fato esse tipo de situação racista seja combatido e impedido de acontecer contra novos funcionários, somente a auto organização dos trabalhadores, de maneira independente e confiando acima de tudo em suas próprias forças, poderá impor a essas empresas bilionárias que deixem de lucrar em cima do racismo estrutural.

A luta dos entregadores por aplicativos no Brasil foi um reflexo dos levantes nos EUA e no mundo contra o racismo e é parte de um fenômeno internacional, onde a pandemia mostrou que na linha de frente da economia estão também muitos jovens precários, como entregadores de alimentos e produtos básicos, trabalhadores de redes de call center, funcionários de redes de supermercados e imensos batalhões de restaurantes de comidas rápidas, como é o caso do McDonald’s, que contou com protestos em vários países do mundo.

Esses setores têm protagonizado no Brasil e no mundo ações, e fica evidente como se tratam de batalhões de jovens, negros, imigrantes, mulheres, todos os setores mais atingidos pelo racismo e pelas mazelas do capitalismo. Meses atrás também explodiu denúncias de assédio sexual, como noticiamos nesse portal.

Um exemplo alentador é o que está sendo levado a frente pelos trabalhadores precários da Argentina, com a criação de uma rede onde podem fazer campanhas e ações, baseadas em uma democracia de assembleias e discussões coletivas para terem mais força contra a precarização de suas vidas e trabalhos, onde em meio a pandemia tem custado ainda mais caro, com diversas vidas sendo arrancadas pela sede de lucro dos patrões. É preciso expandir esse e outros exemplos de organização e resistência, porque nossas vidas valem mais que os lucros dos patrões!




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