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CONTAGEM REGRESSIVA 8 DE MARÇO - FALTAM 16 DIAS | Eu, mulher negra, resisto!

Mulheres negras vêm, historicamente, resistindo à opressão racial e machista imposta e mantida pelo sistema capitalista. Ainda que tentem apagá-las da história, elas ainda planejam fugas, lideram quilombos e se organizam contra as novas formas de opressão e dominação do século XXI.

segunda-feira 20 de fevereiro de 2017 | Edição do dia
Eu, Pammella Teixeira, mulher negra, fui atacada e ameaçada no meu local de estudo e organização. Eu, mulher negra, senti o sangue ferver ao ver o nível das ameaças. E eu, como tantas mulheres negras antes de mim, decidi me levantar, tomar todas as medidas possíveis e continuar firme na luta que eu escolhi, na luta que deu sentido à minha vida. Eles não me intimidam.

As mulheres escravizadas sempre resistiram. Não foi uma escolha. Foi uma imposição fruto do sistema brutal de opressão racial e exploração econômica que significava a escravidão. As mulheres negras sempre lutaram bravamente, nas senzalas articulando as fugas, driblando as regras impostas pelos capatazes, envenenando os senhores e clamando liberdade. Mulheres negras também foram senhoras dos quilombos e das revoltas, e sentimos em nossas peles a força de Dandara e Luiza Mahin.

Em alguns momentos da história a luta contra a opressão racial, que é por essência uma luta revolucionária, se fundiu às ideias comunistas. As mulheres que ousaram questionar a opressão racial ligada ao sistema capitalista, que a reproduz como uma necessidade vital, foram perseguidas sistemática e violentamente pelo Estado. Angela Davis e Asshata Shakur, apesar de defenderem perspectivas de luta distintas, são dois exemplos importantes. Shakur está até hoje na lista dos 10 terroristas mais procurados pelos Estados Unidos – há uma recompensa de 2 milhões de dólares por informações que levem à sua captura.

E hoje, no Brasil e no mundo, não há nada que intimide e amedronte mais a direita do que mulheres negras que se colocam em movimento contra este sistema. Muitos (as) tentam nos intimidar e nos parar, fazer com que a gente se sinta inferior, dizendo que seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra porque foram muito bem educados e/ou reproduzindo tais ideais machistas e racistas, pessoalmente e nas mídias sociais. Os ataques, que escancaram o quão desigual, machista e racista é a nossa sociedade, vão desde xingamentos até piores condições de vida e trabalho. Mas a força de cada mulher negra que luta, significa um passo a mais na direção de uma sociedade mais digna. A direita, mesquinha e intolerante, não pode suportar essa ousadia. Para eles, que hoje no Brasil são representados por Bolsonaro e seus adeptos caricatos, lugar da mulher é em casa; e da mulher negra é na cama e nos serviços domésticos.

Eu, Pammella Teixeira, mulher negra, fui atacada e ameaçada no meu local de estudo e organização. Eu, mulher negra, senti o sangue ferver ao ver o nível das ameaças. E eu, como tantas mulheres negras antes de mim, decidi me levantar, tomar todas as medidas possíveis e continuar firme na luta que eu escolhi, na luta que deu sentido à minha vida. Eles não me intimidam. O sangue das escravas insurretas e das mulheres negras que resistem bravamente pulsa em minhas veias. Minha energia está a serviço de honrar o legado dessas mulheres negras e as lutadoras do mundo inteiro que, como eu, resistem.




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