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Retorno Presencial | Estudantes da USP são obrigados a escolher entre estudar e comer por conta de filas enormes nos restaurantes: Contratação já!

A USP, universidade de “excelência” do Brasil, com a volta presencial das aulas, está colocando os estudantes em uma situação degradante: para poderem fazer suas refeições, os alunos estão tendo de enfrentar filas de mais de uma hora! O que fazer diante de tal cenário? Para nós da Faísca Revolucionária, os trabalhadores do bandejão central apontam o caminho!

segunda-feira 4 de abril de 2022 | Edição do dia

Com o retorno presencial das aulas no final de março de 2022, em menos de um mês, os estudantes da USP já puderam sentir problemas e contradições profundas, os quais expressam um grande ataque à educação pública, fruto da negligência por parte dos governos e das reitorias que ignoraram as demandas de permanência estudantil e não garantiram um retorno efetivamente seguro. Uma das questões mais sentidas pelos estudantes, veteranos e calouros, são as filas quilométricas dos bandejões, que chegam até a praça do relógio ou na raia olímpica, no caso do Bandejão Central. Demandando uma espera de mais de uma hora, muitos alunos, principalmente aqueles que trabalham e mais precisam de permanência, estão tendo de escolher entre conseguir jantar ou chegar super atrasados nas aulas. As nossas necessidades básicas, sem as quais não se consegue absorver minimamente o conteúdo das matérias, estão sendo contrapostas ao nosso direito de estudar.

Como se isso já não fosse o suficiente, essa situação escandalosa afeta diretamente os funcionários dos Restaurantes Universitários, que em sua maioria são trabalhadores terceirizados sem diversos direitos e com um salário insuficiente, ou, no caso específico do Bandejão Central, trabalhadores efetivos, em sua maioria idosos e com comorbidades (devido ao trabalho repetitivo e mecânico), estão com uma sobrecarga de trabalho imensa, visto que estão trabalhando com um quadro de funcionários reduzido porque não há reposição de funcionários desde 2011. Essa situação degradante, escancarada nesse retorno presencial totalmente mal planejado pela reitoria - que em dois anos de pandemia não fez praticamente nada para garantir uma volta segura para a universidade - expressa como a estrutura de poder da universidade, que é antidemocrática e privilegia dar voz e poder de mando para empresários e docentes aposentados, que só visam os seus lucros, ao invés dos alunos e funcionários, faz com que o centro dos interesses não seja nem as nossas vidas, ou a qualidade de ensino, muito menos condições dignas de trabalho.

Além disso, a USP recebe um orçamento de 7,5 bilhões, maior que o de todas as universidades federais pelo país. Por que esse valor não está sendo destinado para permanência e contratações, mas para instalação de uma universidade privada no campus? É preciso batalhar pela abertura do livro de contas para sabermos no que a reitoria investe o nosso dinheiro público.

É essa mesma reitoria que entre janeiro e março deste ano, deixou os trabalhadores do bandejão central 43 dias sem respostas no meio de um surto de covid que deixou metade dos funcionários infectados. Nesse tempo, nem testes, nem a liberação dos trabalhadores que entraram em contato com aqueles que testaram positivo (em um momento inicial, no qual poucos testes foram disponibilizados) foram garantidos. Todavia, graças à organização desses trabalhadores, que puderam contar com o apoio de estudantes e docentes, eles conseguiram um acordo que os contemplasse, apontando fortemente o caminho que precisamos seguir para conquistar cada uma das nossas demandas, dentro e fora da universidade.

Diante de tudo isso, fica mais do que evidente que, para solucionar o drama cotidiano sentido por inúmeros estudantes, das filas gigantescas dos bandejões, é urgente que haja contratação de mais funcionários e também a contratação, efetivação, dos trabalhadores terceirizados sem a necessidade de concurso público! Somente assim conseguiremos atacar a precarização do trabalho e conquistar condições dignas para eles. Além disso, é também urgente que sejam construídos mais espaços para que os alunos possam comer sem correr o risco das aglomerações e consequentes contaminações.

Porém, é também importante a gente ver que não é isso que o nosso DCE, entidade que representa os estudantes de toda a USP e que hoje é dirigida pelo PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude, tá defendendo. Na última reunião do Conselho Universitário, órgão máximo que decide para onde vai o orçamento da USP, a estudante de Contabilidade da FEA e representante discente da Gestão Nossa Voz do DCE, Juliana, disse o seguinte:

“Uma das questões que podem surgir aqui é em relação a aglomeração, da gente colocar muitas pessoas em um ambiente fechado, mas isso seria um pouco hipócrita até visto a situação que a gente tá vivendo hoje dentro dos circulares, dentro das próprias salas de aula como já trouxeram aqui a questão da falta de salas de aula (...) então que essa questão de “muitas pessoas no mesmo ambiente” já não está sendo praticada (...) então que no bandejão em si, isso não faria sentido.”

Com essa fala, ela naturaliza totalmente as condições degradantes dos circulares e falta de salas de aula, nivelando por baixo nossas demandas, e não diz uma palavra sobre a contratação de funcionários ou contra a terceirização. Para nós da Faísca Revolucionária, o nosso papel agora não pode ser o de constatar a situação absurda a que estamos submetidos, aceitá-la, e então propor que também fique assim nos restaurantes universitários, colocando os trabalhadores e funcionários em risco. A nossa luta tem de ser pelo retorno presencial seguro e somente com a nossa auto-organização, como fizeram os trabalhadores do bandejão central no começo do ano, é que conseguiremos isso! Por isso, fazemos um chamado a todes estudantes para a assembleia geral do campus butantã que irá acontecer nesse próximo dia 05/04 às 17h30 no vão da História e da Geografia para debater os rumos da nossa mobilização. Nós da Faísca estaremos lá defendendo a necessidade urgente e imediata de contratação de mais funcionários e efetivação dos trabalhadores terceirizados. Basta de filas gigantes e sobrecarga de trabalho!




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