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CRISE POLÍTICA | Estadão dá espaço para general defender golpe militar contra seus inimigos: a esquerda e as lutas

Os generais começaram a falar e agora opinam sobre todos os fatos políticos da “Escola sem Partido” a Lava Jato, e claro da possibilidade de “se necessário” intervirem. O Exército vem querendo se postular como ator político nacional. O Jornal Estado de São Paulo publicou nessa quinta-feira um artigo do General da reserva, Luiz Eduardo R. Paiva, que assim como seus colegas pró ditadura, Mourão e Vilas Boas, tenta dar ares democráticos a possibilidade de intervir na política, ou seja aplicar um golpe com canhões e baioneta.

Isabel Inês São Paulo

sexta-feira 6 de outubro de 2017 | Edição do dia

Para o general, “Muito se discute sobre a possibilidade, necessidade e legalidade de uma intervenção militar para combater a corrupção, retomar o desenvolvimento e evitar uma convulsão social” os generais vêm dando indícios nas suas declarações que estão dispostos a darem uma saída à crise com seus canhões e baionetas, isso não quer dizer que estamos “a um passo” de uma nova ditadura, como setores do petismo insistem em dizer para criar um clima de pânico passivo, onde tudo que restaria seria votar em Lula.

Mostra que essa instituição que até esse ano permaneceu em silencio, começou a falar e a opinar em vários aspectos da política. A possibilidade de uma nova ditadura depende das forças em jogo, e da necessidade da burguesia usar de medidas mais extremas para derrotar possíveis lutas operárias. As ditaduras são usadas como últimas cartadas para derrotar um ascenso revolucionários de massas, nesse momento a elite tira sua roupas “democráticas” e defende com os dentes e as armas seus privilégios, luxos e seu direito de explorar.

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Não é o momento que vivemos hoje. A crise orgânica é o que coloca incertezas no momento eleitoral de 2018, nenhum candidato da burguesia consegue “empolgar” nem hegemonizar uma sociedade desgastada com a política tradicional, politizada e polarizada em relação às questões democráticas e com uma classe trabalhadora que começou a testar seus músculos. Na Greve Geral do dia 28 de abril mostrou a força operária que foi traída e retrocedeu, contudo deixou sua marca numa situação onde a crise econômica, social e política não se resolveu.

Justamente, como parte da crise de representatividade que instituições sem voto como o Judiciário e agora o Exército, buscam se oferecer como árbitros e salvadores do país (para na verdade aprofundar os ataques aos trabalhadores e a entrega ao imperialismo).

Enquanto o general opina sobre o descredito do Executivo e Legislativo, lança suas ameaças e chantagens a possíveis “ações indesejadas” do exercito, e destila seu ódio aos movimentos sociais e socialistas, e ainda que não fale expressamente mostra seu ódio a todo movimento operário e de juventude. Tudo que transgrida as regras autoritárias e coloque em risco essa sociedade de exploração e esse regime que conserva figuras como Michel Temer, Aécio Neves e tantos outros políticos corruptos.

O próprio artigo de Paiva é bem claro, o motivo para um possível golpe militar não seria a corrupção, mas o que dá ódio mesmo a ele é a luta dos setores oprimidos. Enquanto ele decreta que todos políticos já não tem legitimidade, sua posição mais enfática para um golpe seria se a crise resulte em “grave instabilidade institucional com risco de guerra civil, ruptura da unidade política, quebra do regime democrático e perda de soberania pelo Estado. Esse processo revolucionário já foi propugnado, publicamente, por líderes de movimentos pseudossociais e políticos de ideologia socialista radical, todos investindo constantemente na divisão da sociedade. Em tal quadro de anomia, as Forças Armadas tomarão a iniciativa para recuperar a estabilidade no País, neutralizando forças adversas”.

A “anomia” para o general sanguinário, que quer “neutralizar forças adversas” é a luta de classes, não os privilégios dos bilionários que dão calote no erário público (vide Itaú), dos políticos, juízes nem da sua casta verde-oliva.

Pessoas seriam assassinas (neutralizadas) supostamente para defender a “democracia”. Para defender essas “democracia”, onde as mulheres ganham 30% a menos que um homem e uma mulher negra 60% a menos que um homem branco, onde não há direitos democráticos elementares, como ao aborto, as terras indígenas e quilombolas, ou mesmo acesso à educação e a saúde. Onde os parlamentares aprovam ataques como a reforma trabalhista, as privatizações a entrega da Amazônia, tudo isso pode segundo a cúpula do Exército, o que não pode são os trabalhadores os “socialistas radicais” dividirem o país para lutar contra esse ataques, aí sim o exercito vem indicando que ele pode ser necessário.

E seu discurso vem justamente para tentar manobrar com o sentimento desgastado com os políticos corruptos, o General critica o Executivo e Legislativo desacreditados, elogia a Lava Jato, e hipocritamente com sua história manchada de sangue, fala em democracia. Como diz o próprio (sic!) Luiz Eduardo Rocha Paiva:

“ Executivo e o Legislativo, profundamente desacreditados pelo envolvimento de altos escalões em inimagináveis escândalos de corrupção, perderam a credibilidade para governar e legislar. Embora moralmente desgastadas, as lideranças políticas têm força para tentar deter a Lava Jato e outras operações congêneres, escapar da Justiça e manter seu ilegítimo status de poder [...] Pela credibilidade da presidente do STF e da maioria dos ministros, a Alta Corte tem autoridade moral tanto para dissuadir essas manobras insidiosas quanto para encontrar caminhos legais e legítimos que permitam acelerar os processos das operações de limpeza moral, como a citada Lava Jato....Na verdade, só o STF e a sociedade conseguirão deter o agravamento da crise atual, que, em médio prazo, poderá levar as Forças Armadas a tomarem atitudes indesejadas, mas pleiteadas por significativa parcela da população.”

As Forças Armadas foram parte da formação e tutela da Constituição de 1988, e pactuaram para a formação do novo regime anistiando todos torturadores, que até hoje vivem em cargos de poder. Para manter o absurdo artigo que os autoriza a intervir na política se chamados por outro poder sequestraram o relator da Constituinte.

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O regime brasileiro atual foi justamente montado em cima de desaparecidos da ditadura, pessoas assassinadas e torturadas, anistia no passado e no presente a todas ações das forças assassinas sejam elas policiais ou das armas nacionais, a naturalização social que existe em ver militares falarem, e mídias golpistas como o Estadão poderem publicarem “opiniões” de generais pró ditadura e tortura, é justamente fruto da política da transição “pacifica e pactuada” que apagou parte da história do país para anistiar os militares.

Retomar essa história e a luta consistente contra qualquer palavra pró ditadura é fundamental. O General mostra bem em sua fala quem são seus inimigos, e como não pretende defender “democracia nenhuma”, quer defender a exploração, a reforma trabalhista, as pessoas morrendo de trabalhar, os hospitais precários e uma educação censurada . Defende a ação do Exército nos morros do Rio de Janeiro e no Haiti onde essa instituição matou para “treinar”.

O que os generais querem mostrar, para além de sua entrada em cena como ator político para fortalecer a Lava Jato, o Escola Sem Partido e outros reacionarismos. A defesa dos direitos dos trabalhadores e dos setores oprimidos é também a luta contra o privilégios e impunidade de uma cúpula desta, podre e velha instituição inimiga dos trabalhadores.

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