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ENTREVISTA | Esquerda Diário entrevista Diana Assunção do MRT (Brasil) na Conferência da Fração Trotskista

Como parte da cobertura do Esquerda Diário da conferência da Fração Trotskista, entrevistamos Diana Assunção, dirigente nacional do Movimento Revolucionário de Trabalhadores do Brasil e pré-candidata a vereadora na cidade de São Paulo.

domingo 14 de agosto de 2016 | Edição do dia

Esquerda Diário – O Brasil tem vivido uma dinâmica política intensa e nas próximas semanas possivelmente deve se concretizar definitivamente o golpe institucional que transformou Temer no presidente interino. Como os debates na conferência se ligam a pensar esse momento no Brasil?

Diana – Na conferência nós fizemos uma análise sobre o que chamamos, seguindo os termos do marxista italiano Antonio Gramsci, de crise orgânica, categoria que utilizamos para refletir as contradições que a classe dominante vem tendo para dominar com seus métodos habituais. Analisamos que existe uma expressão disso no caso brasileiro, com a crise enorme do PT e a forte crise de representatividade de conjunto com os partidos tradicionais, o que abre espaço para novas formas de pensar, que tem fortalecido setores da direita no Brasil, mas também abrindo importante espaço para a esquerda.

Nesse sentido refletimos a importância que teve de alçar uma voz no Brasil que se colocava contra o golpe institucional em curso no país, mas que também fosse independente do PT. Esse posicionamento político era a base fundamental para aglutinar uma nova força. Mas justamente enxergando esse grande espaço, é necessário perceber que esse posicionamento muito importante deve se tornar força material, militância ativa, que possa ser base para a construção de uma alternativa revolucionária a esquerda do PT, e na conferência estivemos pensando um pouco as forças para a emergência dessa força.

Esquerda Diário – E como essa questão se liga ao portal Esquerda Diário?

Diana – Construir uma força anticapitalista e revolucionária de muitas centenas que influencie milhares só pode se dar com um plano de avanços no portal Esquerda Diário. Esse instrumento foi vital para nós no último período para buscar fazer ecoar em centenas de milhares de leitores uma posição independente frente ao golpe institucional, refletindo importantes batalhas que o MRT deu em universidades e sindicatos, como fizemos no SINTUSP, para que tomasse essa posição contra o golpe e independente do PT e seus ajustes.

Além disso, buscamos também na trajetória do Esquerda Diário no Brasil expressar vivamente os principais conflitos da luta de classes, particularmente a luta secundarista de São Paulo, que derrotou a reorganização e seguiu em luta esse ano, e também conflitos de trabalhadores como a greve dos professores do Rio de Janeiro. Esse consideramos um diferencial importante do Esquerda Diário, já que a imprensa petista não se volta para a cobertura sistemática dos conflitos, não dá voz as denúncias dos trabalhadores do telemarketing, das fábricas, não mostra o Brasil do trabalho precário.

A combinação entre expressar nossas lutas em universidades, escolas e locais de trabalho por expressar uma posição contra o golpe reacionário e independente do PT, junto a expressão dos conflitos da luta de classes, consideramos parte fundamental de influenciar um setor que possa ser uma grande força anticapitalista no país.

Avançando nesses pontos, na conferência se desenvolveu a reflexão sobre o papel de organizador coletivo do diário, pensando em distintos planos como aprofundar a relação do diário com seus leitores trabalhadores e jovens.

Nesse sentido, estamos já implementando o que estamos refletindo na conferência e eu consideraria uma nova fase do diário, que envolve amplos chamados de colaboração para leitores do diário, tanto ampliando sua influência e o número de colaboradores nos locais de trabalho e estudo em que estamos, como em novas e inclusive novos estados, como o excelente exemplo do Esquerda Diário Nordeste que surgiu recentemente e já conseguiu fazer incômodos aos governos da região, como na denúncia que viralizou da falta de contratação de professores no Rio Grande do Norte, matéria que chegou a ser publicada e respondida pela secretaria de educação daquele estado.

Com isso, nosso intuito é também aumentar qualitativamente os acessos no diário o posicionando, no próximo período, a altura em número de acessos das principais mídias petistas do país, buscando competir para que a referência dos que sentem a crise do PT seja canalizada para a esquerda revolucionária.

O Esquerda Diário segundo dados do Google Analytics teve neste ano uma média de quase 200mil usuários por mês, que se somam ao imenso alcance de nossa página no Facebook onde além dos artigos trazemos vídeos e outras denúncias. A página nesta rede social tem um alcance, consolidado, de mais de um milhão de usuários por semana. Trazendo nossas críticas às Olimpíadas, ao golpe e ataques de Temer à educação, e dando voz a denúncias de secundaristas ameaçadas pela polícia na última manifestação em São Paulo, e também uma onda de denúncias do telemarketing, neste mês de agosto o portal já alcançou em somente treze dias o recorde de quase 120mil usuários.

Esquerda Diário – Além do fortalecimento do Esquerda Diário, quais propostas discutiram para buscar gerar essa militância e a construção dessa alternativa?

Diana – Entre as principais propostas que temos para esse momento estão as pré-candidaturas que temos para vereadores em São Paulo (Capital, Campinas, ABC), Rio de Janeiro e Minas Gerais. Isso porque o período que vai se abrir agora, nesse contexto de crise orgânica, será de imensa politização nacional com as eleições, somado ao fato de que é muito possível que o PT sofra uma expressiva derrota eleitoral.

Partindo de que, como apontamos, consideramos estratégico buscar se construir nas principais concentrações operárias e utilizar o instrumento do diário como organizador coletivo e politizador sistemático, acreditamos que também as candidaturas podem ser uma tática que auxilie a emergir uma força na juventude e em trabalhadores que se coloquem como uma grande voz contra esse sistema de exploração e opressão, que tem nos políticos da direita nacional hoje no poder sua “cara”, que gera imenso ódio em amplos setores da população e nos permite uma campanha ofensiva.

Particularmente na juventude, nós acreditamos que com essas candidaturas poderemos ajudar a construção de uma força anticapitalista de algumas centenas, construindo um grande movimento. Em trabalhadores também vem mostrando importante espaço. Na conferência discutimos as bases para dar esse salto em nossa organização no país.

E para isso que pensamos bem integrados nossos desafios, tanto das candidaturas, em que buscaremos chegar a centenas de milhares com nossas ideias, como buscar organizar as forças com o Esquerda Diário, sendo ele também um instrumento de todos aqueles que queiram ser um voz anticapitalista no Brasil e buscar construir uma alternativa de esquerda frente a crise do PT.




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