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REORGANIZAÇÃO DAS ESCOLAS | Escolas ocupadas em SP desafiam os planos de Alckmin

Após a declaração do governo do estado de São Paulo sobre o fechamento das escolas, os estudantes secundaristas já falavam que não deixariam suas escolas fechar facilmente, e a ocupação já era uma ideia levantada. Essa semana duas escolas foram ocupadas, uma em Diadema e outra na região de Pinheiros, o “Fernão Dias”, além das diretorias de ensino de Marília e Americana.

Isabel Inês São Paulo

quinta-feira 12 de novembro de 2015 | 01:30

Foto: El País // R. Gomes (Folhapress)

“A escola é nossa”, como uma frase simples pode sintetizar uma ação, uma política e um momento? Após a declaração do governo do estado de São Paulo sobre o fechamento das escolas, os estudantes secundaristas já falavam que não deixariam suas escolas fechar facilmente, e a ocupação já era uma ideia levantada. Essa semana duas escolas foram ocupadas, uma em Diadema e outra na região de Pinheiros, o “Fernão Dias”, além das diretorias de ensino de Marília e Americana.

Assim “a escola é nossa”, já colocava que seriam ocupadas por aqueles que realmente mantêm as escolas vivas e que precisam delas. A juventude secundarista, que é a linha de frente no movimento, partiu do questionamento ao fechamento das suas escolas ao questionamento sobre que futuro terão. Desde o início realizaram atos e vídeos que viralizaram nas redes sociais, denunciando esse ataque à Educação.

Essas ocupações mostram que, mais que propriedades do estado, as escolas são sim espaços da comunidade, onde os jovens vão estudar, ter vida social e política. O caráter social das escolas é tão evidente, que não à toa as ocupações já receberam apoio de outras categorias, como os trabalhadores do bandejão da USP, estudantes da USP e Unicamp da Juventude as Ruas prestaram seu apoio, a ida do MTST e grupos indígenas.

É possível ver muito da influência do que foi junho de 2013 nos atos das escolas, por seu caráter explosivo, antiburocrático e de descrédito aos partidos da ordem, mas vai mais profundo é resultado e expressão de um fenômeno na América Latina de crise dos regimes chamados pós neoliberais, e de rompimento dos setores de juventude e trabalhadores com esses governos, como Lula e Dilma no Brasil e Cristina na Argentina. Esse ano vimos os jovens do Brasil, Uruguai e Paraguai se levantarem em defesa da educação, sem contar o Chile que desde 2011 luta por educação gratuita. As ocupações em São Paulo têm influência direta das ocupações de escola ocorridas no Chile.

Cada ocupação coloca em questão quem realmente constrói e mantém as escolas, e assim sob qual política serão geridas. O governador do PSDB, Alckmin, na ameaça de fechar 94 escolas tem o objetivo de demitir professores e funcionários, cortar gastos do estado com a educação e abrir portas para a privatização. Na contramão do direito a toda juventude poder estudar, o governo quer descontar a crise nas costas dos estudantes. Resistir a essa política privatista é parte da ocupação, mas ela vai além, pois mais que resistir, a ocupação dos secundaristas busca defender um direito ameaçado pelos ajustes em âmbito federal e estadual: o direito de estudar.
Essas ocupações vão marcar toda uma geração, que desde muito nova vê na luta e no enfrentamento com o poder do estado a única forma de garantir seus direitos. O governo do PSDB está em uma sinuca, se usa dos seus “métodos clássicos” de repressão, desocupando a escola com a força polícia – amplamente rechaçada pelos estudantes - pode fazer criar um fato político muito maior e desencadear ainda mais ocupações, sabendo que estas têm amplo apoio popular, enquanto sua proposta de reorganização é vista com amplo rechaço. Por outro lado, recuar na proposta de reorganização após as ocupações é declarar decididamente que os estudantes venceram e que a resistência, articulada em conjunto com a população, com universitários e trabalhadores pode derrotar Alckmin.

É necessário ocupar e unificar as lutas e categorias. Unificar professores, secundaristas e universitários, mas também prestar solidariedade entre os setores em luta, como os trabalhadores da Usiminas ameaçados de 4mil demissões e os petroleiros há quase duas semanas em greve. Essa unificação, que as entidades estudantis ligadas ao PT, a UNE e a UBES, que a burocracia petista da CUT está tentando evitar, pois sabem que a pode levar a um enfrentamento e desgaste ainda maior com o governo Dilma, demonstra também como o petismo mantém a estabilidade do governo do PSDB em SP, não movendo um dedo para apoiar os estudantes.

O momento permite e exige que as “escolas sejam nossas”. É hora de seguir o exemplo das ocupações e ocupar todas as escolas que já vieram se mobilizando e que estão sob ameaça de fechamento e reestruturação. Para derrotar o governo Alckmin e seu projeto privatistas, defendendo a educação, o futuro da juventude e a defesa do emprego e direito dos professores e profissionais da educação. Fazer vencer essa luta pode ser um ponto de inflexão em todas as lutas por educação e contra os cortes que vem ocorrendo no país.




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