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EDUCAÇÃO | ’Erros’ no Enem são parte do projeto de desmonte da educação dirigido por Weintraub

Weintraub já criticou inúmeras vezes o Exame Nacional do Ensino Médio. Há porque acreditar que ’erros’ ocorreram acidentalmente?

segunda-feira 20 de janeiro de 2020 | Edição do dia

Os erros cometidos na correção das notas do Exame Nacional do Ensino Médio expõem mais ou menos a síntese do que representa o governo de Bolsonaro: uma mistura de incompetência com mau caratismo. Os erros no gabarito da prova do segundo dia do Enem, que rebaixaram as notas de vários estudantes, mostram que no fundo, o governo Bolsonaro não tem moral alguma quando julga a nota de qualquer estudante da rede pública ou privada, pois, afinal de contas, é sempre o governo o primeiro a errar feio.

Apesar do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, ter todas as características para fazer acreditar que os erros na correção de milhares de provas foram causadas por sua inaptidão como Ministro, o fato é que as inúmeras declarações dadas contra o ensino básico, contra estudantes, contra professores, contra as universidades - enfim, contra a educação de conjunto - são coisas que fazem qualquer um crer que em grande parte estes erros são totalmente conscientes da direção do MEC.

Weintraub virou Ministro de Bolsonaro com a missão de "limpar a educação dos esquerdistas". Sua postagem no twitter, afirmando que os erros foram mera "inconsistência" que teria afetado apenas 0,1% dos estudantes que fizeram o concurso se contradiz com a atuação dos técnicos do Inep, que investigam a possibilidade de haverem erros também na correção de gabaritos do primeiro dia do ENEM.

Tal é a preocupação de Weintraub com os ’erros’, que no dia seguinte o Ministro postava um vídeo nas redes de si mesmo tocando gaita no sofá. O recado é claro, Weintraub não está nem um pouco preocupado com os estudantes. Se diverte sadicamente ao ver seu objetivo ser posto em prática.

Tudo isso a apenas 1 dia da abertura do SISU, momento em que os estudantes decidem e escolhem as Universidades e faculdades que irão concorrer com as notas que tiraram no exame.

Não é preciso sequer fazer a tal "regra de três simples" (fixação de Bolsonaro) para ligar os dois pontos: o desmonte perpetrado por Weintraub à frente do MEC e o prejuízo aos estudantes que prestaram o ENEM. Quer dizer, Weintraub não se contenta com atacar os estudantes nas Universidades públicas - cortando verbas e bolsas - e nas privadas - dizendo aos estudantes do Fies para "se virar" -; mas agora, até os estudantes que não estão em faculdade e universidade nenhuma também são alvo de sua gestão à frente do MEC.

A falta de moral que têm este governo evidencia a falência também dos sistemas de avaliação e dos exames "por mérito", os concursos públicos para as vagas em universidades e faculdades. O vestibular, substituído pelo ENEM na maioria do ensino superior do país, vira uma ferramenta de avaliação de estudantes na mão de Ministros que são completamente inaptos para qualquer função dentro da educação.

O vestibular e o ENEM se mostram como ferramentas de exclusão da imensa maioria dos jovens do acesso ao ensino superior. No fundo, são ferramentas usadas por todos os governos para justificar que a imensa maioria dos jovens pobres e a imensa maioria dos negros fique fora do ensino superior público. Assim como qualquer avaliação por mérito feita nas escolas do Ensino Médio, o vestibular é uma ferramenta de avaliação do suposto "mérito" de que acessa o ensino superior, e o critério deste suposto "mérito" é completamente arbitrário, criado por pessoas que não tem mérito algum para liderar as instituições de ensino e gerir os recursos públicos investidos na educação.




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