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RODOVIÁRIOS RS | Entrevista com Alceu Weber, delegado sindical da Carris no RS

Felipe Guarnieri, metroviário e delegado sindical da Estação Santa Cruz, direto de Porto Alegre entrevistou rodoviários demitidos da empresa Carris por conta de uma paralisação na segunda (03/08), em meio as mobilizações do funcionalismo público contra os planos de ajustes do Governo Sartori no Rio Grande do Sul.

quarta-feira 12 de agosto de 2015 | 01:11

Explique para nós as irregularidades das demissões na Carris

Weber: Na verdade causa uma surpresa e uma estranheza muito grande uma vez que estou em benefício previdenciário até dia 30 de setembro e eu sequer fui notificado de tal fato. De fato, eu não reconheço a medida administrativa tomada pela empresa uma vez que não teve nenhuma notificação, não teve nenhuma ciência do fato... é uma medida unilateral, e a gente sabe que isso é costumeiro desse tipo de administração que tá instaurada aqui. Na verdade, se existe uma máfia aqui, eles são a própria máfia. Eles conseguem controlar esse tipo de sistema de transporte, permeando o capitalismo aqui.

Bom, a gente tá aguardando aqui, porque semana que vem nós temos uma audiência, de fatos já passados, e nosso jurídico acredita que a partir dai haverá ciência dessa notificação. Isso, pelo lado positivo, é muito bom porque a gente espera isso, até porque a gente precisa de prazo pra essas coisas. Com relação à parte jurídica, os fatos já estão sendo encaminhados, e na semana que vem já existe uma possível mediação com Ministério Público, que foi agendada agora na sexta-feira, foi notificado Ministério Público uma vez que a gente teve uma reunião informal às 9h da manhã com o vice-presidente do Ministério Público local. E na semana que vem a gente está aguardando uma mediação que pode resultar em alguns frutos. A gente não deposita toda confiança nisso porque sabemos, por experiência própria, que a vontade política desses entes, TRT, Ministério Público, do Trabalho, só irão se movimentar ante o caos. E não será diferente na semana que vem, os protestos se iniciarão já na terça-feira, dia 11, e os estudantes estarão com a nossa pauta de demissões, uma vez que o Governo do Estado está em déficit com esse segmento, estão nos abraçando também, estão sabendo da nossa causa, estão sabendo que a gente é solidário à causa deles, desse pacote de austeridade do governo Sartori, e nós estaremos aí então tocando protesto diuturnamente a partir de terça-feira e culminando num grande ato no dia 18. O que eles conseguiram fazer foi colocar mais fermento no bolo. E certamente vamos pro ataque porque se ficarmos aqui aguardando decisões, elas não irão acontecer.

ED – Surgiu na mídia a possibilidade de novas demissões. Como você enxerga esta atitude da empresa?

Alceu Weber – É uma atitude covarde, né, e a gente não espera outra coisa de quem tem muito a temer. Tem muito a temer porque tem prejuízo a explicar de 58 milhões. Sobre a justificativa de demissão por menos de 300 mil reais demitem 6, quanto mais demitirão por 58 milhões. Agora, isso mexe na cúpula deles. 58 milhões a gente sabe que é uma ingerência desta administração ai, que veio realmente para quebrar uma empresa pública, histórica e centenária, a única em atividade no segmento na América Latina. Existe uma dificuldade tremenda para que o capital consiga tomar conta disso, a gente sabe das dificuldades, porque isso foi, na verdade, um canetaço ainda do Pedro Álvares Cabral, muito antigo. O que eu quero dizer para você é que existe uma dificuldade jurídica muito difícil deles conseguirem quebrar, então eles precisam mostrar uma ineficiência muito grande que justifique esta atitude. Então, a gente sabe que estes pacotes do governo Sartori tem muito haver com a administração pública municipal. Inclusive, existe uma ligação do mesmo partido, PMDB, essas alianças de direita que a gente já sabe como é que funciona e que nada mais é que sucatear e acabar com o Estado, transformando tudo em Estado mínimo. Então, estas questões todas aqui, que nós estamos assistindo, as vezes muitos sem saber do seu futuro, mas não vão para luta também e fica se criando uma terceira via, que é em cima do “murismo”, ela não existe. Ou os companheiros vem para luta, e a gente defende o que é nosso por direito, defende o que a sociedade tenha um transporte de qualidade de fato, por que nossa briga sempre foi junto com o passageiro. A gente não gosta da atitude de ter que ficar paralisando toda hora e também nem acho que é este o único caminho. Existem outras que dão outro tipo de impacto até, as vezes, mais avassalador que isso. O que a gente pede é que a sociedade própria se mobilize para defender o seu transporte. Hoje, por todas as ineficiências que existem no sistema de transporte em Porto Alegre, a Carris ainda é a melhor operadora de transporte. Então, isso nos mostra que o modo capital de administrar não é o mais adequado, e sim o social. Se a gente tem a visão de transportar e transportar bem, com qualidade, com tudo que este partido, já com a coligação desde o tempo de 2006, com o Fogazza (PPS) assumindo a primeira gestão e tirando do funcionalismo da Carris a unidade que existia naquela época, ou seja, deixando a desinformação tomando conta e aqueles cursos de capacitação que fazíamos, sistemáticos, serem exauridos, com isso nós tivemos uma perda sistemática ao longo deste tempo. Ou seja, nós perdemos o que há de melhor da essência do funcionário, de ser um melhor para atender a população, e eles agradecem. Isso mostra todas as ações deles estão indo em direção a acabar com esta empresa que é a melhor do sistema de transporte, que tem a frota mais qualificada e ainda tem as pessoas mais preparadas para transportar e transportar bem a população de Porto Alegre.

ED – Então há a perspectiva dos rodoviários da Carris de mobilização nas próximas semanas, em particular no dia 18 de Agosto, que está sendo convocado pelo funcionalismo público?

Weber – Isso ai. Nós iremos nos somar ao funcionalismo público, com esta perspectiva de um grande ato, uma grande mobilização, e não importa de que forma. Infelizmente é como eu disse, tem que quebrar ovos para fazer omelete, e se estas mobilizações não conseguirem atingir a compreensão, seja do ministério público, seja do TRT, de mediar esta situação, mais rápido possível, e da Carris dar um passo atrás, retroceder com essas demissões estapafúrdias, que eles próprios sabem... Eu costumo qualificar como uma gestão temerária, que é uma gestão que busca a própria quebra da empresa, ao passo que a sua despesa é maior que a receita, então não existe administrador que viva com isso, mas o governo municipal consegue aprovar uma lei que vai dar prejuízo financeiro, sistemático, dia a dia para esta empresa. Então, nós estamos buscando, em todos os meios legais e políticos, para que a gente possa ter um grande processo de reversão histórica e trazer a companheirada de volta porque nós somos os olhos da sociedade dentro da empresa. Nós percebemos e sentimos na pele. Nós somos os primeiros a sentir isso, o que está acontecendo lá, a incapacidade total de administrar, porque não existe administrador na Carris hoje, o que existe lá são paraquedistas políticos, é o que existe.




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