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ELEIÇÕES RJ | Entre a cruz, a espada e o capital: Bispo Crivella vende sua candidatura no varejo golpista em troca de apoio no segundo turno

Com 27% dos votos, o Bispo Marcelo Crivella vai ao segundo turno contra Marcelo Freixo, do PSOL, que conseguiu 18%. Depois de ter coligado com o arquicorrupto e miliciano Anthony Garotinho, cedendo o cargo de vice ao seu partido, o PR, para conseguir mais tempo de televisão no primeiro turno, agora Marcelo Crivella busca alianças com os partidos que não foram para o segundo turno para derrotar Freixo.

Artur LinsEstudante de História/UFRJ

terça-feira 4 de outubro de 2016 | Edição do dia

Não perdendo tempo, nessa terça (4) Crivella voou a Brasília para se reunir com senadores na busca de apoio no segundo turno. Procura o envolvido em propina Aécio Neves, senador do PSDB; Gilberto Kassab, ministro do governo golpista de Temer, acusado de enriquecimento ilícito com a política e do PSD do ex-candidato Índio da Costa; e Flávio Bolsonaro, do PSC, patrono da direita reacionária que é contra a luta por direitos das mulheres, da comunidade LGBT e dos negros.

No primeiro turno, assim como todos os candidatos, Crivella se diferenciou do PMDB com um discurso de justiça social, de garantia da igualdade de oportunidades para ricos e pobres e de diálogo com a população. Fazendo de tudo para aparecer como uma alternativa ao legado de caos que o PMDB deixou para o Rio, como o aumento da militarização, da violência e da dívida pública, Crivella chegou até a aconselhar Pedro Paulo a sair do PMDB ao vivo no debate da Globo.

No entanto, essa conversa fiada do Bispo de uma candidatura "ficha limpa" e que busca paternalmente cuidar das pessoas é uma mentira.

Primeiramente, Crivella possui forte relação com a Igreja Universal do Reino de Deus, privilegiando seus eleitores e clientes de sua igreja com cargos de ministérios ocupados pelo bispo e por benefícios de projetos sociais, como o Projeto Cimento Social durante sua participação no governo Paes, que beneficiou em sua maioria parte de seu próprio eleitorado com a finalidade de enriquecimento do próprio Crivella e para angariar mais votos.

Quando foi ministro da Pesca durante o governo PT, fez parceria entre a Confederação Nacional da Pesca, dirigida pela golpista Força Sindical, e o Ministério, onde houve denúncias em que cadastramentos de eleitores do partido de Crivella e da Força Sindical possuíam privilégios no Ministério. Há de lembrar que Crivella foi investigado em 2004 por ser "laranja" da Igreja Universal do Reino de Deus, do empresário Edir Macedo, em que era acusado de possuir bens em seu nome quando na verdade era da Igreja. Esses são alguns exemplos que mostram que de ficha limpa o Bispo Marcelo Crivella tem nada.

O segundo motivo da mentira do discurso de Crivella é quando seu programa pretende "cuidar" das pessoas, garantindo saúde, educação e emprego. Entretanto Crivella procura justamente as forças políticas que não desejam cuidar da população, muito pelo contrário, pretende atacá-la com medidas como as contrarreformas trabalhistas que visam aumentar a jornada de trabalho até 12 horas e o corte nos gastos públicos em áreas sociais que são direitos mínimos da população trabalhadora e pobre, como educação e saúde.

O PSDB de Aécio Neves, o PSD de Kassab e o PSC de Bolsonaro são aliados do governo golpista de Temer e estão preparando em conjunto a nível nacional um pacote de maldades que visam destruir os serviços públicos, a previdência e os direitos trabalhistas. E estão avançando com a aprovação da PEC 241, que tem por objetivo cortar os gastos públicos, congelar salários, privatizar as estatais e serviços públicos garantidos hoje pelo Estado. Sem contar a aliança com Bolsonaro, que assim como Crivella, defende a lei do silêncio nas salas de aula com o apoio ao projeto Escola Sem Partido, que dentre inúmeros elementos reacionários, visa destruir o pensamento crítico e o debate de gênero e LGBTfobia nas salas de aula.

Ótimos aliados para cuidar das pessoas e garantir a justiça social e integridade, não é mesmo? Na lógica hipócrita do Bispo Crivella seu mandato "enfrentará" a corrupção e a desigualdade social se aliando com os maiores corruptos e caciques empresariais da política nacional.

Um segundo turno para derrotar firmemente a esquerda e reafirmar o fortalecimento da direita

Essas eleições ficaram marcadas pelo fortalecimento da direita, pela derrota histórica do PT e pela dificuldade da esquerda em se constituir como alternativa tanto da direita quanto do PT. Isso foi efeito da contrarreforma eleitoral de Cunha e aprovada pela Dilma ano passado e pelo golpe institucional que deu um impulso para a direita se fortalecer nessas eleições. Crivella se beneficiou dos privilégios garantidos pela contrarreforma e desde o início foi conivente com a ausência de Freixo nos debates, quando ele era cogitado pelas pesquisas em segundo lugar nas intenções de voto, escancarando o caráter profundamente antidemocrático dessa lei. Nesse momento não se viu "ética" e defesa dos valores democráticos por parte do bispo.

Crivella tenta aparecer como uma nova alternativa para o Rio de Janeiro mas não passa de um representante da velha política conservadora, clientelista e empresarial. Isso não significa a mudança de um governo mas dos nomes que vão assumir os novos negócios que envolverão propinas e privilégios, já tão bem experimentados pelo próprio Crivella.

Todos seus muito prováveis aliados estão juntos nesse governo ilegítimo, apoiado pelas grandes empresas, patronais e mídia, que roubou o voto de milhões para aplicar medidas mais duras contra nossos mínimos direitos trabalhistas e democráticos. Todos estão juntos pela aprovação da PEC 241, do projeto Escola Sem Partido e pelo aumento da militarização a nível nacional para reprimir os movimentos sociais.

Para se dar um combate à altura dos ataques que estão sendo preparados pela burguesia e seus representantes políticos é necessário a defesa de um programa de esquerda anticapitalista, que enfrente os privilégios dos políticos e juízes, que lute pelo não pagamento da dívida pública criada pelos governos e banqueiros e tribute progressivamente as grandes fortunas, para que a crise seja paga pelos capitalistas e corruptos e não pela classe trabalhadora.




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