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EQUADOR | Veja os principais motivos das explosivas manifestações no Equador

Trabalhadores, camponeses e indígenas do Equador se erguem massivamente contra os planos de ajuste do governo Lenin Moreno e do FMI. Entenda parte do desenvolvimento deste processo que impacta o Brasil e a América Latina como um todo.

terça-feira 8 de outubro de 2019 | Edição do dia

A erupção de um profundo processo na luta de classes no Equador chamou atenção de todos desde semana passada. Basicamente, o governo enfrenta uma brutal batalha dos trabalhadores urbanos, camponeses e indígenas contra os planos de ajuste do governo Lenin Moreno e do FMI.

Imagens chocam na internet, mostrando a população do Equador resistindo e enfrentando a militarização, o decreto de estado de exceção e a repressão brutal dos aparatos do Estado.

Entenda alguns pontos importantes da crise que avança no Equador e que pode aceitar em cheio Bolsonaro no Brasil.

Porque teve início esta crise?

Em 2000, a economia do país foi dolarizada pelo ex-presidente Rafael Correa, ou seja, a moeda nacional foi extinguida e o governo passou a adotar o dólar como moeda oficial. Este processo de dolarização da economia é uma das políticas que Bolsonaro sinaliza querer implementar no Brasil. A dolarização, discutida por outros governos diante de processos de crise econômica, é uma medida que busca subordinar ainda mais violentamente o país aos interesses norte americanos, entregando o país de mãos beijadas para os EUA.

A partir de então, ainda que economicamente houve um "leve suspiro" da economia, o país enfrentou uma nova crise econômica, onde seus principais produtos de exportação sofreram forte queda (petróleo e minerais), além de um terremoto que deixou centenas de mortos.

Lenin Moreno, atual presidente do Equador

A dívida externa do Equador aumentou 4 vezes neste período. Para levar mais longe a política de subordinação do Equador aos EUA, o novo presidente Lenin Moreno, alinhou ainda mais sua política com Trump, firmando um compromisso com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e realizando um empréstimo de US$ 4,209 bilhões com o FMI.

Somado à isso, avançou com uma brutal agenda de ataques, com reformas trabalhistas, para fazer sangrar ainda mais os trabalhadores do Equador em nome da crise capitalista que avassala o país. As reformas trabalhistas e fiscais proporcionaram um aumento de 123% no diesel e na gasolina.

Justamente pelo fato de que a economia é dolarizada, os aumentos dos preços atingiram em cheio a população, qualquer aumento dos preços atinge em cheio a população trabalhadora, especialmente os segmentos mais pauperizados, que foi às ruas contra o governo de Lenin Moreno.

O decreto de Estado de Exceção feito por Lenin Moreno

As manifestações de diversos setores tiveram início na quarta-feira, dia 2, mas foi na quinta-feira que ganhou força com a entrada dos trabalhadores de transporte em cena, que realizaram uma paralisação total do setor. Indígenas, trabalhadores e juventude se unificaram contra as medidas de Lenin Moreno, colocando centenas de milhares na rua e fazendo com que, nem mesmo todo o aparato repressivo fosse capaz de impedi-los de promover atos massivos.

Segundo dados, 21,5 mil manifestantes se colocaram nas ruas, e mesmo com a polícia armada de gás lacrimogêneo e blindados, não foram capazes de impedir que os manifestantes chegassem até o Palácio Carondelet, sede da presidência, impondo que Lenin Moreno fugisse para a litorânea cidade de Guayaquil, retirando a capital de Quito.

Com o Estado de exceção, o presidente pode inclusive impor censura prévia à imprensa, para tentar mascarar o profundo combate que está ocorrendo no país, com setores que se levantam contra seu projeto nefasto que quer jogar nas costas da classe trabalhadora equatoriana a crise capitalista.

A Conaie e sua atuação diante da fúria dos indígenas e trabalhadores do equador

O CONAIE, um movimentos indígenas mais importantes da América Latina, teve importantes lideranças cooptadas por Correa. O movimento sofreu pressões das comunidades indígenas após a apresentação de uma Lei de Mineração", que impôs que parte das lideranças se afastasse do governo de Correa.

Ainda assim, chegou a enviar membros para compor o gabinete ministerial de Moreno, e agora se veem obrigados a se preservarem diante da brutal pressão de suas bases com os ataques do atual governo. Centenas de milhares de indígenas saíram às ruas impondo a revogação das medidas.

Contudo, lideranças do movimento indígena e dos movimentos sindicais afirmaram que irão "assumir o controle dos protestos" e já se manifestaram contrariamente às expressões de indignação e desespero popular nos saques aos supermercados.

Tamanha erupção na luta de classes no cenário da América Latina, escancara a crise dos governos que tentam impor seus ataques e reformas de diversas ordem nos países latinos, subordinando ainda mais à política imperialista. Parte deste projeto que vem avançando numa derrocada da extrema-direita também se manifesta na derrota de Macri e na queda da popularidade de Piñera no Chile e de Bolsonaro no Brasil. Por outro lado, a luta de classe explode no Equador, sendo um importante ponto para refletir sobre mudanças que avançam na America Latina e as alternativas para os trabalhadores.

Saiba mais: A explosão da luta de classes no Equador é um alerta a Bolsonaro e à direita regional




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