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ECONOMIA MUNDIAL | Encontro histórico: Trump e Kim Jong-un com muitos gestos e sem definições concretas

O esperado encontro abundou em gestos e deixou um acordo que não prevê medidas concretas imediatas. Trump anunciou a suspensão de manobras militares, mas mantém as sanções econômicas.

terça-feira 12 de junho de 2018 | Edição do dia

Finalmente o presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte se viram cara a cara. Em Singapura ocorreu a histórica reunião junto a membros de primeira linha de suas respectivas delegações. O encontro é transcendental, já que é a primeira vez que ocorre uma reunião deste calibre desde a Guerra da Coreia (1950/53) que formalmente nunca se concluiu.

Logo após a cobertura excessiva da chegada dos mandatários, apertos de mãos e saudações coordenadas para que a imprensa internacional pudesse retrata-los, Trump e Kim realizaram uma primeira reunião a sós que durou cerca de 48 minutos. O presidente dos EUA declarou que tinha resultado “muito, muito bem”. Kim, também em tom positivo, disse que “os velhos preconceitos e práticas atuaram como obstáculos em nosso caminho, mas superamos e aqui estamos hoje". “Efetivamente", replicou o inquilino da Casa Branca.

Depois do encontro de ambas comitivas em uma reunião de mais de quatro horas no hotel Capella da Ilha de Sentosa, foi elaborado um documento conjunto. Trump e Kim Jong-un assinaram o documento que, segundo anunciado, “vai supor uma grande mudança para o mundo".

“Hoje tivemos uma reunião histórica e estamos prontos para deixar para trás o passado. O mundo vai presenciar uma grande mudança”, disse Kim durante a assinatura, na qual quis demonstrar também seu “agradecimento” a Trump por sua disposição de realizar o encontro.

Para não ficar para trás, Trump expressou que o documento recém assinado era “muito detalhado" e afirmou que estava desenvolvendo “um vínculo muito especial" com o líder norte-coreano, até há poucos meses um dos inimigos principais do governo dos Estados Unidos.

O certo é que ainda que o documento conjuntamente assinado por ambas as partes careça de detalhes sobre como se conseguiria a desnuclearização, Trump assegurou que esperava que este processo começasse “muito, muito rápido”, enquanto que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e altos cargos norte-coreanos continuarão as negociações “o mais rápido possível”.

O texto assegura que “o presidente Trump se comprometeu a prover garantias de segurança à República Democrática Popular da Coreia e o presidente Kim Jong-un ratificou seu firme e inquebrável compromisso de desnuclearizar completamente a Península da Coreia”.

Um gesto nesse sentido é o anúncio que Trump realizou nesta terça-feira, 12, suspendendo seus “jogos de guerra", as massivas manobras militares na península da Coreia, ainda que tenha deixado claro que por agora não tem previsto reduzir sua ampla dispersão militar em território sul-coreano.

O presidente dos Estados Unidos também assegurou que as sanções econômicas impostas à Coreia do Norte continuarão. “As sanções serão suspensas quando estejamos seguros de que as armas nucleares já não são efetivas", além de que o líder norte-coreano Kim Jong-un se comprometeu com a desnuclearização. O governo chinês, um dos principais interessados no fim das sanções, reclamou que as mesmas devem ser suspensas imediatamente após a reunião.

Por hora, as coreográficas cenas de apertos de mãos e saudações foram o mais vistoso da histórica reunião, enquanto que os acordos alcançados não passam de definições gerais e os Estados Unidos mantêm a pressão com suas sanções comerciais.

É claro que depois da conferência do G7, no Canadá, onde o passo do presidente dos EUA foi como um tornado com suas propostas de voltar a convidar a Rússia e seus reclamos contra o protecionismo econômico de seus rivais, o encontro com Kim Jong-un significa um ponto a favor da política exterior de Trump.

A reunião entre Donald Trump e Kim Jong-un, um dos eventos geopolíticos mais esperados, deixou ainda um futuro incerto, produto de que o acordo alcançado ainda permite que ambas as partes possam sair do mesmo.

Tradução: Lara Zaramella




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