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NOVA YORK | Encapuzado e algemado: novo assassinato policial racista nos Estados Unidos

Daniel Prude, homem negro de 41 anos, foi morto por policiais de Rochester, Nova York, que cobriram sua cabeça com um saco e pressionaram seu rosto contra o chão por dois minutos. O crime aconteceu em março, mas agora a família tornou-o público por meio dos vídeos.

quinta-feira 3 de setembro de 2020 | Edição do dia

As chamas da raiva pelo assassinato de George Floyd e o ataque brutal a Jacob Blake em Wisconsin ainda não foram apagadas e os Estados Unidos são abalados por um novo caso de brutalidade policial racista.

Daniel Prude, homem negro de 41 anos, foi morto por policiais de Rochester, Nova York, que cobriram sua cabeça com um saco e pressionaram seu rosto contra o chão por dois minutos. Nas imagens ele é visto nu e algemado, com um saco na cabeça.

O evento ocorreu no dia 23 de março, mas agora foi divulgado por sua família, que já apresentou diversos vídeos do ocorrido.

Prude morreu uma semana depois de ser preso, em 30 de março, quando foi retirado o suporte de vida que havia sido aplicado nele após chegar ao hospital em estado grave.

Sua morte ocorreu dois meses antes da de George Floyd, também negro, em outro caso de violência policial em Minneapolis, que desencadeou protestos em várias cidades dos Estados Unidos e do mundo.

A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, e o chefe da polícia de Rochester disseram que estavam investigando a morte. Os policiais envolvidos no caso ainda estão de serviço, segundo o The New York Times.

O jornal informa que Joe Prude, irmão da vítima, ligou para o telefone de emergência ao ver que seu parente, que o visitava de Chicago, estava nervoso e saiu correndo de casa em estado alterado, além de estar passando por problemas de saúde mental.

“O homem estava indefeso, completamente nu no chão. Já tinha sido algemado. Chega. Quantos outros irmãos têm que morrer para que essa sociedade entenda que isso tem que acabar?” disse o irmão de Daniel Prude.

Nos vídeos veiculados em diversas mídias, Prude é visto nu, com as mãos atrás das costas, algemada e gritando antes da polícia cobrir sua cabeça com um saco. A polícia alega que cobriu sua cabeça porque ele cuspia e dizia que tinha coronavírus. No entanto, os policiais pressionaram sua cabeça contra o chão com o saco colocado e depois de passarem dois minutos, Prude não estava mais se movendo ou falando.

De acordo com o New York Times, o legista do condado de Monroe diagnosticou que a morte de Prude foi um homicídio causado por "complicações de asfixia por restrição física", de acordo com o relatório de autópsia.

O caso Prude se soma aos notórios casos de brutalidade policial racista que ocorreram nos Estados Unidos nos últimos meses, que geraram protestos em diversas partes do país e em várias cidades ao redor do mundo.

Esse novo desdobramento se dá no início da campanha eleitoral em que Trump busca deliberadamente incendiar o clima social, polarizando sua base eleitoral em torno de uma retórica anti-caos e se posicionando como o candidato da "lei e da ordem". Ele não só criminalizou os manifestantes anti-racistas e o movimento Black Lives Matter como bandidos radicalizados, mas também saiu em defesa de policiais assassinos e até de membros de milícias supremacistas, como o jovem branco de 17 anos que na semana passada atirou em um ato e matou dois manifestantes em Kenosha.

Por sua vez, o candidato democrata, Joe Biden e os governadores e prefeitos do mesmo partido político, buscam amenizar o clima de tensão e, sem ter qualquer proposta séria para resolver o racismo institucional do Estado, pelo qual também são responsáveis, esperam canalizar a fúria das ruas para a votação na eleição de novembro, nomeando Biden como o mal menor contra Trump.

Protestos crescentes e a eternidade das semanas até novembro podem frustrar os planos de ambos.




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