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PATRONAL QUER MANTER ATAQUES APÓS PANDEMIA | Empresários querem lucrar mais com mortes e manter ataques aos trabalhadores após pandemia

Com a crise, Bolsonaro agradou os patrões editando sua MP da morte, cedendo mais de um trilhão a bancos e atacando diversos direitos dos trabalhadores. Os capitalistas gostaram e querem mais, tornando os ataques permanentes após a pandemia.

terça-feira 7 de abril de 2020 | Edição do dia

Por trás do discurso demagógico de Bolsonaro de “defender empregos” e, principalmente, sua demagogia sobre “ajudar os informais”, o que temos visto é o presidente se aliar com os setores mais reacionários da patronal para impor ataques duríssimos aos direitos dos trabalhadores durante a crise.

Não é novidade que os capitalistas aproveitam cada crise para tentar descarregar os custos sobre as costas dos trabalhadores e aumentar ainda mais seus lucros. As máximas já batidas que vemos circulando como “onde você vê crise, eu vejo oportunidade” e pérolas do tipo são a expressão nua e crua de que para os capitalistas as nossas mortes são vistas pelas lentes dos cifrões, e realmente eles procuram transformar cada lágrima derramada pelos entes queridos que perdemos em mais uma oportunidade de nos explorar.

Por isso, agora eles estão não apenas querendo “desfrutar” dos novos ataques aos nossos direitos que estão sendo implementados pelos governos a pretexto da pandemia: eles querem fazer destes um laboratório para que, uma vez aplacada a pandemia, eles se tornem permanentes.

A MP da morte de Bolsonaro foi um dos mais duros ataques. Após ter que retroceder parcialmente, tirando a medida que permitia a suspensão total de contratos sem o pagamento de salário durante quatro meses, a versão final traz uma versão mais “branda”, em que a redução da jornada pode ser de até 70%, com redução salarial e uma parcela sendo paga pelos governos. Assim, o trabalhador continuará perdendo seu salário em grande parte, e o dinheiro público ainda entra para “ajudar” os patrões.

Outras medidas foram alteradas, como o fim da antecipação do salário do mês para os trabalhadores que entram de férias. E a suspensão da tributação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em operações de crédito por três meses. Também foi permitido o adiamento do recolhimento das parcelas do FGTS, mais uma forma de dilapidar o patrimônio público para garantir os enormes lucros. E liberou a antecipação de férias ao gosto dos patrões. Sem falar, é claro no crédito de R$1,2 trilhão para os bancos, enquanto faltam até mesmo testes para as pessoas que tem sintomas da COVID-19 e os trabalhadores da saúde.

As máfias patronais comemoram. A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) estima um ganho de R$ 180 bilhões com as medidas, e seu gerente-executivo, Renato Fonseca, disse que vai defender as mudanças permanentemente, como o fim do IOF a partir da Reforma Tributária.

Outro setor capitalista que quer azeitar as engrenagens da exploração é o do comércio. João Batista Diniz Júnior, presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), entidade que congrega 80 entidades patronais, representando 640 mil empresas onde trabalham mais de 12 milhões de pessoas, afirmou que “esse tipo de flexibilização daria um fôlego maior e proporcionaria para a gente otimizar e administrar melhor os contratos, e até oferecer preços melhores”. O cinismo é revoltante, e os eufemismos como “otimizar” e “administrar melhor” escondem atrás de si uma realidade cruel para cada peão do comércio, que terá menos direitos, maiores jornadas, menores salários, tudo para tornar mais ricos esses exploradores.

Também da patronal do comércio, Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) tem conversado com membros do governo que asseguram a ele que irão manter os ataques aos nossos direitos “se for necessário”.

A questão é: necessário para quem? A necessidade de milhões de famílias que estão perdendo seu sustento é ignorada. Mesmo a insuficiente renda de R$ 600 aprovada pelo Congresso não é liberada, enquanto patrões já estão a rodo demitindo e suspendendo contratos com todo o apoio dos governos.

Se esses empresários estão falindo, que mostrem suas contabilidades, para que todos os trabalhadores vejam qual fatia vai para os salários que eles querem reduzir, e qual vai para os seus imensos lucros. Que os trabalhadores administrem essas empresas, racionalizando a produção e colocando ela a serviço dos benefícios da população. Isso sim “otimizaria” e tornaria a administração melhor, colocando a produção de bens e serviços para atender as necessidades da imensa maioria, que são os trabalhadores. Em um momento como esse, é necessário garantir testes massivos para todos, com centros de tratamento dignos para os contaminados, em hotéis e resorts readaptados para esse fim, e que os trabalhadores em serviços essenciais determinem suas próprias escalas de emergência e tenham à disposição todas as medidas de prevenção.




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