Vídeo sem data mostra atual presidente chamando Brasil de lixo, afirmando que Amazônia não é nossa, exaltando relação com Trump e sendo racista e xenófobo com imigrantes africanos, haitianos e venezuelanos.
segunda-feira 2 de setembro de 2019 | Edição do dia
Um vídeo sem data circula pelas redes sociais e imprensa progressista. Pelo conteúdo da fala, podemos supor que se trata de um Bolsonaro candidato as eleições de 2018, já que menciona diretamente a Copa do Mundo de 2018. A crítica se dirige aos que elogiam a seleção de futebol masculina francesa, que se destacou pelos craques de origem africana, ou seja, pelos seus imigrantes.
Você conhece um minion que diz “mas o Presidente está defendendo a Amazônia dos interesses estrangeiros!”
Então mostre esse vídeo. Lógico que o MENTIROSO vai dizer que não disse isso, que não chamou nosso País de Lixo, que não quer entregar a Amazônia aos EUA.
Mas é isso mesmo. pic.twitter.com/JOXTaT9QQn— Emerson Damasceno (@EmersonAnomia) 28 de agosto de 2019
No vídeo, Bolsonaro se coloca de forma racista contra os imigrantes lá na França, mas amplia sua mira contra africanos, haitianos e venezuelanos. Depois de uma ressalva aos imigrantes japoneses, onde explicita o caráter de classe elitista de seus preconceitos (“Nunca vi japonês pedindo esmola”, ou seja, o problema dos imigrantes é sua classe e sua miséria, esse é o defeito intolerável), Bolsonaro conclui dizendo que a Amazônia não é nossa.
Como um argumento para a sua subserviência, Bolsonaro cita a Argentina, que reivindicou as ilhas Malvinas frente ao imperialismo britânico e perdeu, sugerindo que não fazia sentido reivindicar a Amazônia como patrimônio brasileiro. “ A Amazônia é nossa? Com todo o respeito, só uma pessoa que não tem qualquer cultura fala que é. Não é mais nossa!”, define o atual presidente.
Esse mesmo presidente afirma no mesmo vídeo, respondendo a uma suposta provocação de um “petralha!”, que teria questionado a posição de Bolsonaro diante de um imigrante da Suécia, por exemplo. A resposta é simplesmente: “Ô imbecil, tu acha que o da Suécia ia querer vir pra esse LIXO aqui?”. Recebe aplausos.
Ainda no mesmo vídeo, Bolsonaro enaltece suas relações com o governo norte-americano de Donald Trump, a quem já bateu continência.
Esse é o mesmo Bolsonaro que agora apela ao patriotismo e a Soberania Nacional para se localizar frente aos incêndios na Amazônia. A colunista do Estadão, Eliane Cantanhede, que faz críticas a Bolsonaro pela direita, sonhando com ajustes e um presidente a la FHC, graduado e bem comportado para atacar os trabalhadores com educação, fez um comentário lúcido em sua coluna a radio Eldorado. Bolsonaro recorre a dois públicos frente a crise internacional gerada pelos incêndios da Amazônia: os bolsonaristas convictos e mais duros (cada vez mais restritos) e os “patriotas”. Bolsonaro tenta roubar um sentimento legítimo e naturalmente anti-imperialista que existe em setores da população ao se enfrentar com Macron e a Europa, mas podemos ver em vídeos e relembrar os esquecidos: não existe anti-imperialismo pra defender a Amazônia em sua campanha, e não existe anti-imperialismo (ou qualquer vertente de patriotismo) frente a seu mentor e senhor, Donald Trump.
Muito importante lembrar bem quem é Bolsonaro, porque agora diante desta crise não vão faltar medidas para se relocalizar como já vem fazendo.
No entanto, além deste importante vídeo que parece remeter a campanha, algumas medidas de governo já explicitavam seu compromisso totalmente contrario ao meio ambiente, como o corte de verba para Ministério do Meio Ambiente
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