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Em seis meses de pandemia, 481,3 mil trabalhadores do turismo foram demitidos

Se por um lado tramita no Senado a MP 977/20, que destina R$20 bilhões para empresários através de Programa Emergencial de Acesso à Crédito, por outro, 481,3 mil trabalhadores do setor turístico foram demitidos por seus patrões durante a pandemia, bem como houve a redução do auxílio emergencial.

sábado 3 de outubro de 2020 | Edição do dia

Durante a pandemia, 50 mil empresas do setor de turismo em todo o País fecharam. Número representa 16,7% do total de negócios, como restaurantes, hotéis e pousadas, aponta levantamento da CNC; em seis meses de pandemia, 481,3 mil trabalhadores foram colocados no olho da rua. O número representa a extinção de 16,7% dos estabelecimentos turísticos do País, especialmente bares e restaurantes (com o fechamento de 39,5 mil pontos), hotéis, pousadas e similares (5,4 mil) e transporte rodoviário (1,7 mil). Todas as unidades da Federação perderam empresas turísticas, com destaque para São Paulo (redução de 15,2 mil estabelecimentos), Minas Gerais (5,4 mil), Rio de Janeiro (4,5 mil) e Paraná (3,8 mil).

Em meio a esses casos, o Estado mostra onde estão suas reais preocupações, bem como para quem governa. Ao mesmo tempo em que reduz o auxílio emergencial de R$ 600,00 para R$ 200,00 destinado às camadas mais precárias da classe trabalhadora, tramita no Senado a MP 977/20, que destina R$20 bilhões para empresários através de Programa Emergencial de Acesso à Crédito. Tal fotografia cai como uma luva para ilustrar a célebre frase de Karl Marx, “O Estado é o balcão de negócios da burguesia”.

CVC

A gigantesca empresa turística CVC figura como um verdadeira monopólio internacional do setor. Somente no ano passado, as vendas totais da CVC Corp, incluindo filial Argentina, chegaram a R$ 17,1 bilhões, crescimento de 27,4% ou 8,8% Pro Forma (incluindo as empresas que ainda não eram 100% CVC em 2018, mas que foram incorporadas posteriormente). Somente a Argentina foi responsável por R$ 1,6 bilhão, ficando o Brasil com R$ 15,478 bilhões de reservas confirmadas e R$ 15,52 bilhões de reservas totais.

Durante essa pandemia, a empresa teve um prejuízo líquido de R$ 1,151 bilhão no primeiro trimestre de 2020, equivalente de apenas 7,41 % das reservas totais de 2020. “Vendas internacionais estão fracas. No doméstico, beiramos 70% de um ano atrás”, contou Leonel Andrade, presidente CVC Corp, dona da operadora de viagens CVC.

Todavia, mesmo com os lucros colossais gerados pela força de trabalhos dos inúmeros funcionários serem muito superiores aos prejuízos, a partir de abril deste ano, a CVC reduziu a jornada de trabalho em 50%, juntamente com os salários. Esse exemplo é muito gráfico para explicitar como a corda sempre rompe para o lado do trabalhador, classe essa que tudo produz e é a primeira a ser descartada pelos patrões em nome dos seus lucros.

Como se isso não bastasse para escancarar a irracionalidade do capitalismo, a companhia acredita que deva ganhar mercado num momento pós pandemia, uma vez que o tamanho da companhia em relação à concorrência dá mais condições de resistir ao momento difícil. “Provavelmente, vamos ganhar marketshare com a crise.” Tal fato demonstra como a crise beneficiou alguns setores melhor localizados, bem como que não vivemos em uma sociedade de livre concorrência, pois as empresas não partem do mesmo local na corrida pelos lucros.

NOSSA SAÍDA

Posto isso, a nossa saída, a saída dos trabalhadores, tem de ser a de opor-se a qualquer tipo de demissão. Deveríamos dividir as horas de trabalhos entre todos, para que assim consigamos reestruturar a economia de modo a não sobrecarregar ninguém, garantindo sustento para os trabalhadores. Além disso, para produzirmos aquilo que realmente é necessário para esse momento de crise econômica e sanitária, é necessário que sejam os trabalhadores a tomar o controle das fábricas e empresas, pois são eles que tudo produzem e tem o poder para revolucionar a sociedade.




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