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FRENTE POVO SEM MEDO | Em reunião na CUT, Frente Povo Sem Medo poupa Dilma e define Cunha e Levy como foco

terça-feira 27 de outubro de 2015 | 17:11

Na última quinta-feira ocorreu a primeira reunião da Frente Povo Sem Medo após seu ato de lançamento em 8 de outubro. Não por coincidência, a reunião ocorreu na sede estadual da CUT São Paulo, uma vez que há empenho da Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT e ao governo Dilma, em buscar alianças com os "movimentos sociais" e setores da esquerda de modo a impedir que surja qualquer tipo de mobilização independente dos trabalhadores e da juventude. Para tanto, foi criada uma Secretaria de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais, coordenada pela professora Janeslei Aparecida Albuquerque.

Em nota a CUT declarou que a primeira reunião da Frente decidiu convocar uma manifestação no dia 08/11, e segundo eles "Os focos desta primeira manifestação serão os pedidos de afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e de mudança da política econômica adotada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para o País, que não tem apresentado resultados positivos". Ou seja, a Frente Povo Sem Medo mais uma vez poupa Dilma e o PT, e colocam como eixo de sua manifestação o combate a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados e Joaquim Levy, Ministro da Fazenda. Trata-se de uma política interessada do próprio governo que, muito aliviado com uma Frente como esta, poderá se cobrir pela esquerda com um ato que não terá como eixo denunciar o governo Dilma, Lula e do PT e seu plano de ajustes.

Diana Assunção, diretora do Sintusp e dirigente nacional do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) conversou com o Esquerda Diário sobre o tema. Ela afirmou que "Quando houve o lançamento da Frente Povo Sem Medo questionamos todos os setores da esquerda, e inclusive o próprio MTST, por estarem fazendo uma frente permanente com setores do governo, num momento em que o governo está aplicando um cruel plano de ajustes contra os trabalhadores e o povo pobre”.

Um dos questionamentos fundamentais a Frente Povo Sem Medo tem sido o caráter da frente ligado a centrais sindicais governistas que tem sido decisivas para implementar o ajuste nas fábricas e locais de trabalho. Sobre esse ponto, Diana argumentou que “A CUT dá cada dia mais provas de que está traindo as greves, agora mais uma vez na greve dos bancários onde terminou ao lado das empresas. Votou em seu Congresso a aplicação do Programa de Proteção ao Emprego, que protege os empresários e reduz os salários dos trabalhadores nas fábricas. Uma Frente assim somente pode servir de ponto de apoio ao governo, para cobrir-se pela esquerda. Não é à toa que a maioria das correntes do PSOL agora passou a eleger Eduardo Cunha como principal foco, e simplesmente não falam mais do governo. Mesmo no PL 5069, que ataca o direito das mulheres, todas as correntes da esquerda simplesmente esqueceram de dizer que a autoria deste projeto não é somente de Cunha, mas também do presidente do PT em Rondônia. Esse suposto esquecimento é na verdade um giro “petista” do PSOL e outros setores da esquerda que se adaptam a discussão petista de mal menor frente as reacionárias figuras como Eduardo Cunha e toda a oposição de direita. Fazendo isso, abrem mão de se alçar como alternativa para massa de jovens e trabalhadores que estão rompendo com o governo do PT".

O Esquerda Diário perguntou ainda se com essa frente o PSOL acaba abrindo mão de buscar uma saída independente do governo frente a crise política que vive o país, a qual Diana respondeu que "esta última reunião da Frente Povo Sem Medo na sede da CUT deixa claro, mais uma vez, que esta Frente não tem nada de independente, como também ficou claro no Congresso da CUT. Que ao lado dos dirigentes da CUT e da UNE, se não forem medidas de ação concretas onde a força dos trabalhadores possa expressar, somente significará acordos por cima que servem para lavar a cara do governo. A proposta que estão fazendo é de realizar um ato domingueiro no dia 8 de novembro, que tem como um dos eixos o de “aprofundar a democracia”, num momento em que nem a desculpa do suposto “golpismo” podem dar, já que os atos pró-impeachment deixaram de se realizar na conjuntura imediata, restando apenas o jogo político "nas alturas". Na prática, vai ser uma aliança com setores da burocracia que, objetivamente, vai dando mais folego e estabilidade para o governo e seus ajustes. Enquanto isso, Dilma está sem medo nenhum, pois é poupada”.

Ao final, o Esquerda Diário perguntou o que deveria ser feito para não se consumar essa frente e as contradições que ela desenvolve, a qual Diana argumentou que “É necessário que o PSOL rompa imediatamente com esta Frente que termina sustentando o governo Dilma, bem como todos os setores que se reivindicam da esquerda, para fortalecer uma alternativa independente e classista dos trabalhadores e da juventude. Enquanto estas reuniões ocorrem, e mesmo atos, as greves continuam acontecendo e sem nenhum peso significativo da esquerda".

"É preciso colocar de pé um verdadeiro pólo classista, anti-governista e anti-burocrático que de um grande exemplo na luta de classes e coloque todas as suas energias e força material a serviço de enfrentar o ajuste petista nas greves e luta em curso, o que significa também enfrentar a burocracia sindical. Neste momento, colocar de pé uma grande campanha contra as demissões e o Programa de Proteção ao Emprego seria fundamental, ao mesmo tempo em que em fábricas em que o PSTU está na direção sindical como a General Motors de São José dos Campos, onde termina o prazo do lay-off, seria urgente um plano de luta efetivo para girar milhares de militantes e apoiadores para reverter estes ataques. Tanto o PSTU mudar sua linha de atos e encontros sem jogar todo o peso em lutas que poderiam transformar-se em uma grande batalha contra o ajuste, quanto o PSOL romper com a frente e promover essa unidade com seus parlamentares e sindicatos em uma luta concreta (como a que tem que se abrir na GM) é o que poderia mudar o curso do ajuste e abrir espaço para uma resposta classista na realidade nacional", finalizou Diana.




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