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ELEIÇÕES 2016 RIO | Em novo debate de Freixo e Crivella, ânimos acirrados, mas sem saídas para nossos problemas

Marcelo Crivella (PRB) finalmente apareceu para um debate com Marcelo Freixo (PSOL). Depois de cancelar seu comparecimento em vários deles, os dois se encontraram ontem e trocaram acusações em um debate muito mais acirrado do que o único que havia acontecido nesse segundo turno, na Bandeirantes. Mas e as questões fundamentais para os trabalhadores?

quarta-feira 19 de outubro de 2016 | Edição do dia

Aproveitando o que provavelmente foi sua última oportunidade de enfrentar Marcelo Crivella cara a cara nesse segundo turno, e motivado pela imensa vantagem que o candidato do PRB aponta, Freixo deixou de lado a sua postura diplomática que levou a um primeiro debate morno e foi pra cima de Crivella.

O candidato do PSOL, já na primeira pergunta, trouxe à tona o tema do livro de Crivella escrito após seu período de “missionário” da Igreja Universal de seu tio Edir Macedo na África, em que o bispo soma uma série de declarações racistas e preconceituosas não apenas contra as religiões africanas, mas inclusive contra hindus, budistas e até católicos. Crivella respondeu no mesmo tom da nota que enviou ao jornal O Globo após a divulgação do conteúdo de seu livro (esgotado no Brasil, ou talvez escondido convenientemente pela editora da Universal), de forma bastante defensiva e se desculpando pelo “dogmatismo” de um jovem missionário. Freixo não deixou barato e apontou que Crivella já tinha mais de trinta anos, que não era nenhum “jovem inocente” quando escreveu seu livro, e ainda chamou a Universal de “empresa”.

Crivella, para tentar ficar à altura dos ataques de seu adversário, acusou Freixo de estar ligado aos black blocs, de incitar a violência e a depredação. O candidato do PSOL não defendeu a legitimidade dos black blocs como já fez em outras ocasiões, mas procurou dissociar-se deles e dizer que condena “qualquer tipo de violência”.

Outro fato evocado por Freixo para atacar Crivella foi o fato de Carminha Jerominha, ex-vereadora e filha de um dos mais conhecidos milicianos do Rio, atualmente preso após ter sido investigado pela CPI das milícias, ter feito um vídeo em que declara seu apoio e de sua família publicamente a Crivella. Questionado sobre o fato, Crivella disse que “precisava do voto dela”. No debate, apenas disse que Freixo estava desesperado e que mentia, afirmando que todos sabem que ele não possui ligação com o crime organizado e voltando a bater na tecla dos black blocs.

Freixo ainda atacou Crivella no ponto que tem sido mais destacado em suas inserções na televisão, a respeito da ligação do candidato do PRB com Garotinho, o que Crivella continuou negando.

Carolina Cacau, professora da rede pública e que foi candidato do MRT pelo PSOL a vereadora do Rio nessas eleições, comentou o debate:

Ainda que Freixo tenha se mostrado mais disposto a denunciar Crivella por seu reacionarismo que ele tenta ocultar sob uma grossa camada de demagogia e marketing eleitoral, no que se refere a seu programa Freixo mostrou que segue firme em sua convicção de ser um “gestor responsável” ao invés de colocar eixo no ataque à propriedade dos capitalistas. Afirmou que irá “fiscalizar”, “auditar”, “rever” contratos com as OS da saúde, mas nada de estatizar o sistema e colocar na mão dos trabalhadores e usuários. Disse que não irá descumprir leis (como a de Responsabilidade Fiscal) porque é “responsável”, deixando claríssimo os limites de até onde está disposto a ir para atender as demandas dos trabalhadores e do povo pobre: até o limite dos privilégios e da propriedade privada dos capitalistas.

O tema da PEC 241, apoiada de forma unânime pelo PRB de Crivella, mal apareceu no debate. Freixo não fala, em momento algum, em taxar os ricos para garantir dinheiro para saúde, educação, transporte e moradia. No tema da “segurança pública”, se limita a falar evasivamente em mapeamento de dados da violência e “uso inteligente” da guarda. Fala em “orçamento participativo”, repetindo um programa “pra inglês ver” que o PT sempre reivindicou, e que coloca pequenas migalhas do orçamento nas mãos do povo enquanto as máfias dos patrões seguem abocanhando milhões com os serviços públicos. Para dar uma resposta à direita golpista expressa em Crivella, precisamos ter um programa anticapitalista para ir pra cima da propriedade dos patrões e garantir de fato nossos direitos.




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