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UNICAMP | Em meio à pandemia, terceirizadas do RU da Unicamp têm seus empregos em risco

Com mudança de licitação, centenas de terceirizadas do RU da Unicamp se vem sob ameaça de demissão.

quinta-feira 6 de maio de 2021 | Edição do dia

No pior momento da pandemia desde que começou, com recordes de infecções e mortes sendo batidos nesses últimos meses, as trabalhadoras terceirizadas do Restaurante Universitário (RU) da Unicamp estão correndo o risco de serem demitidas devido à troca de licitação, que irá aprofundar a terceirização e precarização do trabalho dentro do RU. São centenas de famílias que subitamente podem não ter mais sua renda garantida, em um momento de alta do desemprego, e em que 55% da população brasileira sofre de insegurança alimentar.

Com o bastão da reitoria sendo passado para Tom Zé esse ano, vemos essa primeira medida sendo tomada sob sua gestão. Durante a antidemocrática consulta à reitoria, vimos sua chapa partindo de se dizer defensora da permanência estudantil, da progressão de carreira dos trabalhadores e de mais contratações de professores, com um discurso de “inclusão”, ao mesmo tempo que apresentava um discurso de “formas alternativas de financiamento” que na prática significa buscar as empresas privadas, mas diante desse possível ataque, nenhuma palavra foi dita pela nova reitoria até então, mostrando total conivência com a possível demissão de trabalhadoras tão essenciais.

Não é a primeira vez que problemas com a licitação ocorrem; em 2019, vimos a mesma situação acontecer no Restaurante Universitário, levando à ameaça de demissão de 330 trabalhadoras terceirizadas, além de um trabalhador demitido político por expôr a situação. Os problemas de licitação vêm aparecendo frequentemente em decorrência de uma CPI instalada no estado de São Paulo para investigar as Universidades Estaduais Paulistas, o que fez com que achassem irregularidades nos contratos da Funcamp (Fundação privada gerida pela Unicamp) com empresas terceirizadas. Uma CPI que nem de longe deve ser comemorada, já que foi implementada pela direita de Dória para interferir na autonomia universitária, decidindo o que é "mau uso do dinheiro público" e o que não é, estando a serviço de descarregar a crise nos trabalhadores e nos mais pobres que compõem a Universidade e a entregá-la de vez aos planos privatistas.

Também não defendemos a terceirização levada à frente por anos em diversos locais da Unicamp, pela Funcamp, criada especialmente para o fim de precarizar e rebaixar o salário de trabalhadores, expandindo o trabalho terceirizado na universidade.
Se em 2019 o ataque às terceirizadas já ferveu nosso sangue, culminando numa intervenção muito forte dos estudantes no Restaurante Universitário com pula-catraca, nesse ano de piora da crise sanitária, temos que nos enfurecer ainda mais com esse ataque às trabalhadoras terceirizadas, que são em sua maioria mulheres negras, às quais estão reservados os cargos mais precários dentro da universidade. São elas que fazem a Universidade funcionar e que estão na linha de frente desde o começo da pandemia, não tendo direito à quarentena, tendo acesso a EPIs de baixa qualidade e trabalhando na insalubridade. Não foi por acaso que as duas mortes de trabalhadoras da Unicamp que tivemos até agora foram de trabalhadoras terceirizadas negras, Edvânia e Lourdes, que morreram pelo descaso dos governos, da reitoria e da Funcamp.

Esse é um caso emblemático que nos mostra para que serve a terceirização: precarizar profundamente o trabalho, diminuindo salários, direitos e dividindo a classe trabalhadora. Desde a aprovação da reforma trabalhista de Temer, e desde os ataques que vem implementando Bolsonaro como a reforma da previdência, vemos isso se aprofundar cada vez mais e sabemos que os principais afetados são as mulheres e os negros, maioria nos trabalhados terceirizados, escancarando como o machismo e o racismo são lucrativos. A situação dos trabalhadores terceirizados da Unicamp é reflexo do que se coloca para os terceirizados de todo o país, que enfrentam o medo do desemprego, da miséria e do contágio pelo vírus.

Desde o Esquerda Diário, a juventude Faísca e a agrupação de mulheres Pão e Rosas, nos solidarizamos com cada trabalhadora e trabalhador tão essencial para garantir a alimentação dos estudantes e trabalhadores. Lutamos ao lado deles pela efetivação dos terceirizados, sem necessidade de concurso público, para que possam ter os mesmos direitos de qualquer trabalhador da Unicamp.

Veja mais: “Tiraram fotos das minhas nádegas enquanto dormia” conta terceirizada do hospital da mulher da Unicamp

Diante das mortes de trabalhadores, casos de assédio e um cenário de demissão é de suma importância uma campanha em solidariedade às terceirizadas na Unicamp, que juntasse o STU, centros acadêmicos e as organizações de esquerda da juventude e dos trabalhadores, para lutar em defesa das terceirizadas na Unicamp. Os trabalhadores efetivos da universidade, precisam também encarar como sua a defesa dos terceirizados e o combate ao machismo que divide nossa classe, pois se atacam esses trabalhadores também é porque preparam ataques aos efetivos. Como visto pela proposta de terceirizar técnicos de enfermagem e enfermeiros do HC e CAISM, precarizando trabalhadores que estão na linha de frente do combate à pandemia




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