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Violência policial | Em meio a escandalosos casos de violência policial, resolução estabelece sigilo às gravações da PM assassina no RJ

Resolução que pretende estabelecer sigilo às gravações vem de encontro com casos absurdos dos último dias como o da chacina da Vila Cruzeiro e assassinato de Genivaldo cometido pela PRF no Sergipe.

terça-feira 31 de maio de 2022 | Edição do dia

No dia 2 deste mês a Polícia Militar do RJ publicou uma resolução que estabelece que as gravações das câmeras acopladas a policiais militares no RJ levem um ano inteiro para serem acessíveis ao público. Como se já não bastasse esse hiato temporal para ter acesso a essas informações, o governo estabelece que o prazo máximo para armazenamento desses vídeos seja de um ano. Ou seja, na prática os vídeos serão sigilosos, de acesso apenas para a polícia durante um ano e depois serão apagados, e nunca serão de acesso público.

Além dessa problemática, viemos recentemente do escandoloso caso do assassinato brutal que vitimou Genivaldo, em Sergipe, em que PRF o asfixou até a morte dentro do porta malas da viatura, servindo de improvisação para uma câmara de gás. O caso foi gravado, no entanto, não foi suficiente para intimidar e constranger os policiais.

As câmeras também não estão previstas de serem usadas nem pelo Bope e nem pelo Batalhão de Choque, que são os que majoritariamente entram em favelas e assassinam as populações locais. O Bope inclusive foi o batalhão responsável pela chacina da Vila Cruzeiro que deixou 24 mortos e recebeu elogios de Bolsonaro. Nas palavras dele: “Parabéns aos guerreiros do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa”. Bolsonaro também chama de marginal Genivaldo, homem brutalmente assassinado na frente do sobrinho pela Polícia Rodoviária Federal em Sergipe em uma câmara de gás improvisada.

Tudo isso ocorre em meio a uma polarização frente as eleições que leva inclusive a uma politização das forças armadas, o que é evidenciado pela declaração do comando da polícia do RJ ao afirmar que o STF é responsável por uma “migração de bandidos ao Rio”.

Essa é mais uma medida absurda no país governado pela extrema-direita de Bolsonaro e os militares regados de privilégios que busca dar mais liberdade para polícia reprimir e matar pobres e negros. Entretanto, não podemos nutrir ilusões com as câmeras nas fardas como solução para a violência policial, tendo em vista o assassinato de Genivaldo, filmado e gravado sem causar nenhum incômodo aos policiais. Precisamos enfrentar a violência policial em toda sua lógica e estrutura, lutando contra todos os privilégios materiais que hoje os militares possuem, o fim das pensões vitálicias e os altos salários, o fim do tribunal militar e instituição de julgamentos por júri popular, o fim da Lei de anistia, a abertura dos arquivos da ditadura e punição aos responsáveis civis e militares pelos crimes cometidos durante a ditadura militar.




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