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CRISE NO PSL | Em disputa por fundo partidário, PSL amplia poder de Bivar e suspende 5 deputados

O partido suspendeu cinco deputados federais das atividades partidárias, reduzindo as chances do deputado Eduardo Bolsonaro (SP) se tornar líder da legenda na Câmara. O milionário fundo partidário está em jogo publicamente entre aqueles que se elegeram pela "nova política".

sexta-feira 18 de outubro de 2019 | Edição do dia

Imagem: Jorge William / Agência O Globo

Em uma investida contra o grupo bolsonarista, a cúpula do PSL decidiu aumentar o número de integrantes do partido com direito a voto nas decisões da sigla, dando mais poderes a Bivar. O partido suspendeu cinco deputados federais das atividades partidárias, reduzindo as chances do deputado Eduardo Bolsonaro (SP) se tornar líder da legenda na Câmara.

As decisões foram anunciadas pelos líderes do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), e no Senado, Major Olimpio (SP), após reunião da direção nacional da legenda em um centro empresarial de Brasília.

O partido aumentou de 101 para 153 o número de filiados com direito a voto em reuniões nacionais - os chamados convencionais. Dos novos convencionais, 34 têm mandato parlamentar. A maioria do grupo é alinhada com o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar. A mudança amplia o poder de Bivar, que trava uma disputa interna com o presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre os rumos da sigla.

Os cinco deputados aliados a Jair Bolsonaro suspensos da atividade partidária são Carla Zambelli (SP), Filipe Barros (PR), Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG) e Carlos Jordy (RJ).

De acordo com Coronel Tadeu (SP), com a suspensão, a assinatura desses parlamentares em listas para indicar um líder na Câmara não será válida. O movimento visa a enfraquecer as chances de Eduardo Bolsonaro ser colocado na função. "Esse é o efeito imediato. Se eles tentarem montar uma lista, perderam cinco votos", afirmou Tadeu.

A deputada Joice Hasselmann (SP) chegou a defender que o partido comece a discutir a expulsão de deputados bolsonaristas que estão atacando a cúpula da legenda. "A porta da rua é serventia da casa", afirmou "Alguns têm que ser expulsos." Ela defendeu que um dos alvos seja o deputado Daniel Silveira (RJ), que gravou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), afirmando que iria "implodir" Bolsonaro.

A crise dentro do partido que se transformou da noite para o dia de um partido inexistente para a segunda maior bancada na Câmara em torno do fenômeno eleitoral do bolsonarismo escancara que o que ocorre é a velha disputa entre as sórdidas camarilhas políticas, cada um tentando abocanhar uma fatia de dinheiro e poder. É nítido o enfraquecimento da figura presidencial, incapaz de conquistar uma hegemonia sequer dentro do próprio partido e articulando planos fracassados para impor seu filho como liderança.

Joice foi escolhida líder do governo em fevereiro, pela indicação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e tinha bom trânsito com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que no início do governo era responsável pela articulação política. Ela vinha perdendo espaço, no entanto, desde que a articulação foi repassada para a Secretaria de Governo, em agosto. O ministro Luiz Eduardo Ramos, titular da pasta, deu preferência ao líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).

Eduardo e Flávio serão destituídos do comando do PSL

Outro movimento para diminuir a força de Jair Bolsonaro no partido será articular a destituição de Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, filhos do presidente da República, dos comandos do PSL em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente.

A decisão deve ser sacramentada após aliados de Bivar nos dois Estados formularem uma proposta de substituição das Executivas estaduais do PSL. A sugestão deve ser formalizada na terça-feira, 22, à direção nacional.

Reunião termina sem acordo no PSL

Ao longo da reunião, houve tentativas de conciliação, mas, sem efeitos práticos. O grupo pró-Bolsonaro propôs um acordo para que deputados possam deixar a legenda sem o mandato. A tentativa foi rejeitada pela cúpula do partido. "Se estão cuspindo no prato do partido, que pulem do 17º andar para o precipício. O mandato é do partido", afirmou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO).

Carla Zambelli (SP), da ala bolsonarista, afirmou que o tom de Luciano Bivar na reunião estava mais "conciliador", mas que a destituição de Eduardo e Flávio Bolsonaro dos diretórios nacionais apontava para o sentido contrário.

O presidente do PSL no Paraná, Fernando Francischini, propôs que a secretária-geral do partido, Flávia Francischini, com quem é casado, entregasse o cargo para que a função fosse ocupada por alguém indicado por Jair Bolsonaro. O gesto foi um aceno ao presidente da República e uma tentativa de pacificação. A decisão sobre esse ponto não foi anunciada.

A nova velha política que rachou o PSL

Apesar da retórica de “nova política” de Bolsonaro e seu partido PSL, esses setores seguem se utilizando dos velhos métodos sujos que criticavam em seus discursos demagógicos. E no caso por um propósito nada excepcional às disputas dos políticos tradicionais: as eleições municipais de 2020 se aproximam e os dois bandos querem afirmar seu controle sobre o partido para dispor dos R$110 milhões que o PSL receberá.

As duas alas se dividem assim, com Bolsonaristas na minoria:

Bolsonaristas

  •  Eduardo Bolsonaro (SP), deputado federal
  •  Major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Câmara
  •  Helio Bolsonaro (RJ), deputado federal
  •  Carlos Jordy (RJ), deputado federal
  •  Bia Kicis (DF), deputada federal
  •  Carla Zambelli (SP), deputada federal
  •  Filipe Barros (PR), deputado federal
  •  Bibo Nunes (RS), deputado federal
  •  Alê Silva (MG), deputada federal (retirada da Comissão de Finanças e Tributação)
  •  Daniel Silveira (RJ), deputado federal
  •  Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), deputado federal
  •  Flávio Bolsonaro (RJ), senador (Senado)

    Bivaristas

  •  Delegado Waldir (GO), líder do partido na Câmara
  •  Joice Hasselmann (SP), deputada federal e ex-líder do governo no Congresso
  •  Junior Bozzella (SP), deputado federal
  •  Felipe Francischini (PR), deputado federal (presidente da CCJ)
  •  Sargento Gurgel (RJ) deputado federal (cotado para substituir Flávio Bolsonaro no diretório do RJ)
  •  Nelson Barbudo (MT), deputado federal
  •  Professora Dayane Pimentel (BA), deputada federal
  •  Delegado Antônio Furtado (RJ), deputado federal
  •  Delegado Pablo (AM), deputado federal
  •  Heitor Freire (CE), deputado federal
  •  Major Olimpio (SP), senador

    Com informações da Folha e Agencia Estado




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