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Bolsonaro na ONU: entre mentiras e reacionarismo, confira 8 trechos mais absurdos de seu discurso

terça-feira 24 de setembro de 2019 | Edição do dia

Após a enorme repercussão internacional em relação aos resultados de devastação que sua política de destruição ambiental gerou - um recorde no número de queimadas na Amazônia -, especulava-se um discurso comedido de Bolsonaro. Ele próprio, no dia anterior, havia prometido um discurso "conciliatório". Além disso, como parte de uma estratégia para recuperar sua imagem na questão ambiental, integrou a comitiva de sua viagem uma indígena apoiadora sua, Ysani Kalapalo - contestada por diversas lideranças indígenas.

De fato, a crise da Amazônia foi um eixo do discurso, em tom defensivo de forma hipócrita buscando lavar sua imagem internacionalmente. Mas contrariando as expectativas, Bolsonaro partiu para a ofensiva e destilou sem o mínimo constrangimento os principais pontos de sua agenda reacionária. Do socialismo a ideologia de gênero, os principais inimigos dessa sua agenda foram alvejados.

Confira a seguir os principais trechos:

1- ’Um novo Brasil que ressurge do socialismo’

Na frase de abertura, Bolsonaro já demonstrou que mesmo acuado na questão da crise Amazônica, não conteria seu tom: "Apresento aos senhores um novo Brasil, que ressurge depois de estar à beira do socialismo". Partindo do programa Mais Médico para marcar o alinhamento e financiamento do Brasil a outros supostos regimes socialistas, como Cuba e Venezuela, o presidente tachou o programa, que empregava médicos cubanos, de trabalho escravo. O mesmo Bolsonaro que extinguiu o ministério do Trabalho, que criticou a equiparação de trabalho escravo a análogo à escravidão, desejando diminuir a pena dos empresários criminosos.

2. O revisionismo da ditadura

"Civis e militares brasileiros foram mortos e outros tantos tiveram suas reputações destruídas, mas vencemos aquela guerra e resguardamos nossa liberdade"

Mostrando mais uma vez seu revisionismo da história do Brasil, Bolsonaro comemorou a vitória do país na década de 60 sobre os agentes da ditadura cubana que buscavam implementar o regime socialista aqui. Mais uma inversão da realidade, pois como documentos comprovam, o que houve foi a intervenção de agentes do imperialismo norte-americano para implementar a sangrenta ditadura no país.

3- O Brasil como vassalo da ofensiva imperialista norte-americana

"Trabalhamos com outros países, entre eles os EUA, para que a democracia seja restabelecida na Venezuela, mas também nos empenhamos duramente para que outros países da América do Sul não experimentem esse nefasto regime."

Reafirmando os votos de vassalagem do Brasil aos interesses imperialistas norte-americanos, Bolsonaro defendeu a aliança com os EUA para intervenção golpista na Venezuela e demais países que ameacem a política de ofensiva imperialista ianque sob seu pátio traseiro. Como não podia deixar de ser Bolsonaro citou o inofensivo Foro de São Paulo, criado pelos governos pós-neoliberais de outrora, como "organização criminosa" que "ainda continua viva e precisa ser combatida".

Além disso Bolsonaro agradeceu direitamente a Trump pelo apoio durante a crise Amazônica. Outras saudações internacionais tiveram como destino governos aliados da direita neoliberal latina: Chile e Argentina. Além de uma saudação ao governo reacionário de Israel, outro aliado no plano ideológico.

4 - A fake news da recuperação econômica

Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica. E vice-versa. O livre mercado, as concessões e as privatizações já se fazem presentes hoje no Brasil.

Fazendo uma defesa falsa de sua agenda de ataques contra a classe trabalhadora, Bolsonaro afirmou que a economia está reagindo. Enquanto isso, mês após mês são revisadas para baixo as projeções de crescimento a economia, hoje a projeção do PIB para o ano está em irrisórios 0,89%.

Enquanto ataca os trabalhadores com reforma da previdência e retirada de direitos trabalhistas, atendendo aos patrões, persiste o alto desemprego, com o crescimento dos postos de trabalho informais.

Bolsonaro também celebra os tratados de livre comércio acordados, que aumentaram a subordinação do Brasil aos diversos imperialismos, enquanto alarda um discurso em defesa da soberania nacional. Somado ao efeito dos cortes na ciência e pesquisa, esses tratados terão como efeito aumentar o atraso e a dependência brasileira na economia global.

5- A demagogia da defesa da Amazônia

Em primeiro lugar, meu governo tem um compromisso solene com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável em benefício do Brasil e do mundo.

Em sua fala Bolsonaro alega o compromisso de seu governo com o desenvolvimento sustentável e com a preservação ambiental. Mas como nós do Esquerda Diário temos mostrado desde o escândalo do “Dia do Fogo” que fez o céu de muitas cidades escurecerem de fumaça, Bolsonaro, o Agronegócio e o imperialismo são responsáveis diretos desse absurdo.

Culpando o tempo seco e a suposta “cultura indígena de queimadas”, o governo tenta esconder sua responsabilidade direta no caso, Ricardo Salles opera um verdadeiro desmonte da fiscalização e da preservação ambiental, enquanto Bolsonaro assina decretos e avança com projetos para favorecer os grandes latifundiários, destilando ódio contra os povos originários e querendo transforma terras indígenas em fonte de lucro, principalmente para o imperialismo dos EUA.

6 - A cruzada contra a ideologia de gênero

A ideologia invadiu nossos lares para investir contra a célula mater de qualquer sociedade saudável, a família.Tentam ainda destruir a inocência de nossas crianças, pervertendo até mesmo sua identidade mais básica e elementar, a biológica.

Dentre suas guerras ideológicas, Bolsonaro não podia deixar de combater a "ideologia de gênero". Essa pauta conservadora foi importante para sua vitória eleitoral, e no seu governo é a justificativa para a implementação do Escola sem Partido e da censura de diversas obras de arte. Tudo para justificar sua homofobia e impedir que as crianças tenham acesso a educação sexual.

7- A falácia da redução dos homicídios

A vida é o mais básico dos direitos humanos. Nossos policiais militares eram o alvo preferencial do crime. Só em 2017, cerca de 400 policiais militares foram cruelmente assassinados. Isso está mudando. Medidas foram tomadas e conseguimos reduzir em mais de 20% o número de homicídios nos seis primeiros meses de meu governo.

Na mesma semana em que mais uma criança inocente foi vítima da política de segurança assassina de Witzel, a mesma política de "bandido bom é bandido morto" de Bolsonaro, ele preferiu propagandear a suposta redução dos dados de homicídio, que ocultam, por outro lado, os dados recordes de mortes cometidas pela polícia. O crescimento exponencial dessas mortes é fruto do discurso truculento de guerra às drogas adotado por esses políticos, que ainda por cima desejam legitimar ainda mais esses assassinatos através do excludente de ilicitude.

8- A hipócrita defesa de liberdade religiosa

Nos últimos anos, testemunhamos, em diferentes regiões, ataques covardes que vitimaram fiéis congregados em igrejas, sinagogas e mesquitas.

Hipocritamente Bolsonaro se colocou em defesa das religiões, citando os atentados às igrejas, sinagogas e mesquitas. Como ato falho, se esqueceu de incluir as religiões africanas, que no Brasil são as religiões mais atacadas pela intolerância. Cotidianamente sendo seu culto desrespeitado e menosprezado, assim como demais expressões da cultura africana.




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