×

GRÉCIA REFERENDO | Em discurso, Tsipras pede que gregos façam história e votem ’não’ em referendo

sábado 4 de julho de 2015 | 01:00

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, pediu nesta sexta-feira aos cidadãos do país para "fazer novamente história no lugar onde nasceu a democracia" e dizer ’não’ ao que chamou de "ultimato" dos credores internacionais.

"O povo grego provou várias vezes em sua história que sabe responder aos ultimatos. Os ultimatos às vezes se transformam em um bumerangue. Os chamo outra vez a escrever a história. Os chamo outra vez a dizer ’não’ aos ultimatos", disse Tsipras no ato de campanha em favor do ’não’ para o referendo que será realizado no próximo domingo.

Pediu ainda que os gregos lancem, com o não ao acordo, uma mensagem de "dignidade" e de "democracia" à Europa."No domingo não decidimos só viver na Europa. Decidimos viver com dignidade na Europa. Lutar e viver como iguais na Europa", acrescentou Tsipras para as mais de 25 mil pessoas que assistiram ao evento, e as convidou a verem a manifestação como uma celebração da democracia e não como um protesto.

"Hoje festejamos e cantamos para combater o medo e as chantagens. Hoje não protestamos, hoje festejamos, a democracia é uma festa, e festejamos a vitória da democracia", afirmou.

O primeiro-ministro afirmou que, independente de qual for o resultado do referendo domingo, "já ganhamos, porque a Grécia mandou uma mensagem de dignidade". Disse ainda que: "No lugar onde nasceu a democracia damos uma oportunidade à Europa para voltar aos seus valores originais, valores abandonados há anos em favor da austeridade".

Tsipras pediu aos cidadãos que não prestem atenção "as sirenes do medo", em alusão aos que proclamam que o ’não’ é o princípio da saída da Grécia do euro, e que tomem sua decisão "com calma e determinação, para uma Grécia orgulhosa em uma Europa democrática".

Paralelamente ao comício na praça do Syntagma, uma plataforma formada por partidos políticos como o PASOK e o Nova-Democracia, empresários, pedia o ’sim’ em uma manifestação também festiva aos pés do antigo estádio olímpico de Atenas, acompanhada por 20 mil pessoas.

Discursaram pequenos empresários, representantes municipais de várias partes do país, e o prefeito de Atenas, o independente Yorgos Kaminis, um dos organizadores da plataforma do ’sim’.

"Nos obrigam a votar sem nos dar tempo para pensar, para debater com calma, com uma pergunta que ninguém pode entender. Tsipras já não tem com quem discutir na Europa, ninguém acredita nele. Ninguém nos presenteou com a democracia, a construímos com muito esforço e a protegeremos", disse Kaminis no meio de aplausos.

Campanhas do referendo polarizaram o país nesta sexta-feira

Mais de 20 mil pessoas, segundo a polícia, se reuniram em cada um dos dois eventos de campanha do referendo no centro de Atenas, um a favor do ’sim’ à proposta de acordo dos credores e outro em defesa do ’não’.

Segundo os primeiros cálculos extra-oficiais, estima-se que 25 mil pessoas tenham ido à praça do Syntagma para apoiar o comício convocado pelo Syriza, partido do primeiro-ministro.

Na manifestação a favor do ’sim’, convocada por uma plataforma de formações políticas, empresários e sindicatos, se reuniram cerca de 20 mil pessoas. Antes do evento na praça do Syntagma houve confrontos isolados entre alguns manifestantes e a polícia.

As últimas pesquisas apontam que a votação do domingo pode terminar num empate entre o SIM e o NÃO. Pesquisa pulicada pela Bloomberg nesta sexta-feira mostrou 43% de intenção de votos para o NÃO e 42,5% de intenção de votos para o SIM.

O pronunciamento de Tsipras, contra a austeridade esconde as estratégia do governo Syriza de uma saída negociada com o FMI para a crise da dívida grega, aceitando inclusive grande parte do pacote de ajuste fiscal imposto pela Troika para a reestruturação da dívida grega.

Como já desenvolvemos aqui e aqui. Independentemente do resultado do referendo de domingo, a única forma de derrotar os ajustes, a austeridade, o desemprego e a miséria na Grécia são os trabalhadores e o conjunto do povo grego retomarem o rumo das mobilizações, com greves gerais, ocupações de fábrica e grandes manifestações de rua.

ED/EFE




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias