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CAXIAS DO SUL | Em ato contra o golpe em Caxias, governistas impedem críticas ao PT

Faltando menos de uma semana para a consumação do golpe institucional, nenhuma luta séria é travada por parte de centrais sindicais e entidades estudantis ligadas ao governo Dilma, dando a entender que o que menos querem é barrar o impeachment.

domingo 8 de maio de 2016 | Edição do dia

Nos atos convocados pela CUT e CTB no 1º de maio pairava no ar um espírito derrotista, com discursos de que "depois do golpe vamos lutar pela democracia novamente", no mesmo modelo dos anteriores. Eles aconteceram em forma de showmício, sem intenção alguma de instigar à luta os participantes, mas dessa vez completamente esvaziados e com a presença de poucas milhares de pessoas. Os que se demonstraram mais dispostos a se mexer contra o avanço da direita foram os blocos independentes organizados pelo MRT e pela Faísca em vários estados, no ato do Anhangabaú em São Paulo contando com mais de 400 pessoas.

Caxias do Sul tem uma grande concentração operária, é o segundo maior Pólo Metal-mecânico do país, conta também com dezenas de milhares de estudantes universitários e secundaristas. Com essas informações fica difícil acreditar que as únicas mobilizações de peso que ocorreram aqui foram as manifestações da classe média de direita, que colocaram mais de 60 mil pessoas nas ruas a favor do impeachment. Isso porque dos 29 sindicatos que existem na cidade, 28 são dirigidos pelo PCdoB - inclusive o dos metalúrgicos, com uma base de trabalhadores industriais imensa -, que não organiza uma Assembleia de base para debater a situação nacional, o mesmo se repete nas instâncias estudantis, com o golpe descarado dado nas eleições para DCE da UCS (Universidade de Caxias do Sul) ano passado, como denunciamos aqui no Esquerda Diário, com DAs e Grêmios Estudantis, sob direção de PT e PCdoB, que da mesma forma não organizam nenhuma Assembleia de estudantes para debater a situação nacional e organizar as lutas contra os cortes na educação.

Na última quinta-feira (5/5), foi chamada uma manifestação intitulada: "juventude em defesa da democracia e contra os cortes na educação". A UJS passou nas escolas convocando e entregando materiais, nada mais, nos sindicatos nem isso foi feito. O resultado foi um ato com menos de 50 pessoas em sua maioria militantes do PT e do PCdoB, dessas 50 menos de 10 eram secundaristas, diferente do que passaram para o jornal Pioneiro, afirmando ter mais de 100 secundaristas. Isso é fruto da política totalmente burocrática que estes partidos levam nas direções que comandam na cidade, dando as caras somente em período eleitoral e enterrando qualquer chance de mobilização dos trabalhadores e da juventude, sempre com reuniões a portas fechadas sem a participação da base.

Nós da Faísca - Anticapitalista e Revolucionária, assim como compomos o 1º de maio num bloco independente em Porto Alegre juntamente com o MRT, achamos importante comparecermos em um acontecimento contra o impeachment também em Caxias e contribuir para que ele tenha maior impacto. As falas iam de "sou estudante e luto pela constituição" até "eles (Temer e Cunha) querem acabar com o BRICS!". Quando falamos no microfone, expomos que o golpe em curso não caiu do céu, mas sim que é o fruto da conciliação de classes pela qual o PT optou para garantir a tal governabilidade do Estado burguês; que faltando alguns dias para a consumação do golpe não chamavam uma luta séria na cidade e sendo assim estão deixando o caminho livre para Temer assumir.

A resposta foram gritos, xingamentos e agressão física por parte de alguns setores que vieram "cobrar satisfações" pela nossa fala. Gritavam comicamente que a UBES estava na luta com os secundaristas, e quem éramos nós para dizer alguma coisa, sendo que diferente desses setores burocratas, nós da Faísca estamos com os secundas do Cristóvão que se manifestam contra os cortes na educação, e que os estudantes que ocuparam suas escolas ano passado em SP atearam fogo em bandeiras da UBES. Um militante da Faísca foi agredido com pontapés por um militante da UJS/PCdoB. O mesmo PCdoB que deu o golpe nas eleições do DCE da UCS, o mesmo PCdoB que prometeu "implantar o capitalismo" no Maranhão e o mesmo PCdoB do prefeito de Contagem Carlim, que ataca brutalmente os trabalhadores e para conter as mobilizações (nas quais MRT e Faísca estão depositando todas as forças para apoiar) envia a PM para reprimir.

Fomos expulsos do comício aos gritos de "coxinhas" e "direita", partindo desses setores, que se aliam com o que existe de mais reacionário no Congresso para se manter no poder, não vimos como ofensa, mas sim como a certeza de que estamos no caminho certo, por lutar de verdade contra o golpe institucional numa via de independência de classe, pois não estamos com Maluf nem com Kátia Abreu, também não recebemos milhões de grandes bancos e empresas. Golpe esse que hoje eles querem mais é que passe livremente, já pensando em como intervir nas próximas eleições.




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