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CRISE NAS UNIVERSIDADES | Em Porto Alegre, professores do Centro Metodista IPA paralisam as atividades em defesa do instituto

segunda-feira 30 de abril de 2018 | Edição do dia

Desde o dia 24 de abril, após realização de assembleia da categoria, os professores do Centro Universitário Metodista IPA decidiram paralisar as suas atividades, entre outro motivos, devido ao não pagamento dos salários referentes à março.

A situação de atraso salarial vem se repetindo com frequência no último ano, segundo os professores. Em solidariedade aos professores, os alunso também decidiram paralisar e realizaram manifestação de apoio aos docentes.

Como encaminhamento da assembleia os professores elaboram uma Carta Aberta a Comunidade Acadêmica (confira a carta na íntegra abaixo), em que enfatizam para além dos atrasos salariais, outros agravantes, como a falta de diálogo por parte da administração da universidade, centralizada em São Paulo.

As dificuldades expostas pelos professores se inserem num amplo contexto de crise da educação superior nas instituições privadas, ocasionadas por alterações e cortes nos programas governamentais, o Fies e o Prouni, bem como a aprovação da reforma trabalhista que levou a uma série de ataques por parte das administrações privadas das universidades a carreira de docentes. A própria Universidade Metodista tentou em São Paulo demitir, novamente de forma unilateral, 83 professores, mas foi obrigada pela justiça a reintegrá-los.

Confira abaixo a íntegra da carta dos professores:

Carta aberta dos professores do IPA à comunidade acadêmica

"Diante da grave situação que temos enfrentado nos últimos meses, restou dirigir-nos a nossa comunidade acadêmica com o objetivo de esclarecer as motivações do movimento em defesa de nossa profissão, do próprio IPA e dos processos formativos de nossos estudantes. Movimento ora materializado por nossa decisão de paralisar as atividades docentes até a regularização das pendências salariais.

Cumpre esclarecer que desde 2017 temos enfrentado graves problemas administrativos, que podem ser resumidos na pauta que segue:

  •  atraso salarial sistemático; - descumprimento reiterado das promessas públicas de regularização salarial;
  •  ausência de diálogo claro com os docentes acerca da situação financeira institucional e das políticas adotadas para enfrentamento da crise;
  •  progressivo agravamento das condições de trabalho, manifesto por meio dos serviços institucionais precarizados; - perda da autonomia e excessiva centralização das políticas de gestão e dos processos em “São Paulo”;
  •  falta de material e insumos para execução de aulas práticas;
  •  solicitações de alteração de PPCs de cursos com prazos exíguos, fazendo com que os professores pertencentes ao NDE juntamente com os coordenadores de curso tivessem que cumprir esses prazos trabalhando sob duras pressões;
  •  mudança de currículos feita à revelia dos professores dos cursos, atendendo exclusivamente as orientações de uma consultoria que não está mais na instituição;
  •  mudança da oferta dos cursos em disciplinas para seriado, sem estudo algum ou planejamento anterior, o que prejudicou o bom andamento dos cursos.

    Compreendemos e nos solidarizamos com o momento econômico crítico que muitas Instituições de Ensino Superior vêm enfrentando, e é exatamente por isso que queremos nos aliar na busca de estratégias para o enfrentamento dos desafios que se apresentam.

    Para tanto, pleiteamos um diálogo franco e aberto com os gestores da Rede Metodista de Educação, com o objetivo de compreendermos as políticas institucionais e os rumos da gestão, engajando-nos no processo.

    Reiteramos nosso compromisso ético com a Educação, confiantes no respeito institucional a nossa condição de trabalhadores e educadores que somos. Antes de tudo, estamos engajados na luta pela qualidade da formação oferecida aos nossos estudantes!

    Nossa luta como trabalhadores não se restringe à LEGÍTIMA REIVINDICAÇÃO pelo pagamento dos salários atrasados que nos são devidos, mas se estende à retomada de uma gestão transparente, em coerência com os princípios humanistas cristãos que orientam a missão institucional da Rede Metodista!"




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