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ELEIÇÕES CAMPINAS | Em Campinas, precisamos enfrentar Dário, um representante do fortalecimento do golpismo

Dário Saadi (Republicanos) é eleito com 57,07% dos votos válidos em Campinas. O candidato de Jonas Donizette (PSB) foi eleito contra Rafa Zimbaldi (PL) em meio ao percentual recorde de votos nulos (20,43%) e brancos (8,34%) a nível nacional. Além da elevadíssima taxa de abstenção (35,35%).

Livia Tonelli Professora da rede estadual em Campinas (SP)

quinta-feira 3 de dezembro de 2020 | Edição do dia

Os resultados das eleições municipais de 2020 evidenciaram a nível nacional o fortalecimento dos partidos do centrão, principalmente dos partidos herdeiros da ARENA do regime militar (DEM, PP e PSD), e das instituições que sustentam o regime do golpe institucional. Em Campinas, cidade que teve o maior percentual de votos nulos e brancos do segundo turno dessas eleições, Dário Saadi do Republicanos, partido ligado ao bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus e a Flávio Bolsonaro, foi eleito com 57,07% dos votos válidos.

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O adversário de Dário Saadi, Rafa Zimbaldi (PL), obteve nesse segundo turno 42,93% dos votos válidos. Conforme expressamos aqui, ambos são variantes golpistas e conservadoras que embora busquem, por conveniência, se descolar da figura de Bolsonaro, são verdadeiros aliados da extrema direita e, portanto, inimigos dos trabalhadores e da juventudade. O apoio aos ataques econômicos, tais como, as privatizações e Reformas da Previdência e Administrativa são expressões concretas de qual projeto os candidatos que foram participantes ativos do governo de Jonas Donizette (PSB) golpista defendiam.

Dário Saadi, após eleito afirmou que seu governo terá duas prioridades “cuidar da saúde, porque a pandemia ainda não acabou, e também cuidar do emprego e da geração de renda”. Cinicamente, partido de Saadi, o Republicanos, é o mesmo do bispo Crivella, ex-prefeito que no Rio de Janeiro demitiu 1500 trabalhadores às vésperas da pandemia. Além disso, vale reforçar reforçar aqui que o futuro prefeito, Secretário de Esporte da última gestão municipal, é a continuidade do governo Jonas, então presidente da Frente Nacional de Prefeitos, responsável direto pelas mais de 1.300 mortes em Campinas pela COVID 19 (14º município do país com maior número de óbitos) e por ser o principal articulador a nível nacional da aprovação e implementação das Reformas da Previdência municipais de Bolsonaro e Guedes.

Não à toa, em meio à pandemia quando os trabalhadores da saúde estavam colocando as suas próprias vidas, de seus familiares e dos pacientes em risco diante da ausência de condições de trabalho, Jonas aprovou a Reforma da Previdência no município. Um ataque imenso aos servidores municipais, em especial aos trabalhadores da saúde - linha de frente no combate a COVID, e que mostra a verdadeira disposição dessa corja de golpistas que é descarregar a crise econômica nas costas dos trabalhadores, da juventude e dos setores oprimidos da cidade.

Dário Saadi assume bastante convencido da continuidade desse governo rodeado de escândalos de corrupção (caso do Hospital Ouro Verde), de nepotismo, de repressão policial (marcada no assassinato do jovem negro Jordy, na brutal reintegração de posse da Ocupação Mandela e na proposta de militarização das escolas), de um sistema de transporte caótico e de tarifa caríssima que transfere rios de dinheiro público e do bolso do trabalhador para o empresariado do transporte.

Na enorme taxa de abstenção e de votos nulos e brancos nessa eleição, há certamente um impacto concreto da pandemia. Entretanto, seu índice recorde no segundo turno em Campinas, acima da média nacional, também expressou que se tratava de um enfrentamento entre duas figuras burguesas quase indiferenciadas da direita campineira, expressando o fortalecimento do golpismo institucional a nível nacional, ligadas ao governo Jonas e com bom trânsito no conservadorismo da cidade.

Jonas termina seu segundo mandato com 66% de desaprovação, segundo pesquisa Ibope realizada em Novembro, e consegue emplacar seu sucessor. Politicamente, pode-se levantar que entre parte dos não votantes de Dário e Zimbaldi há um rechaço à esquerda a esse projeto golpista e ajustador. Mas também há espaço a uma base que busca uma radicalização à direita, em uma cidade que tem 50% de entrevistados que avaliam Bolsonaro de regular a ótimo.

À esquerda, esse rechaço que se expressou nas urnas precisa se transformar em organização política dos trabalhadores e da juventude não somente contra o governo Bolsonaro e Mourão, mas sim contra todo o projeto do regime do golpe, do qual a prefeitura de Saadi será parte, com centro na luta de classes. A eleição mostrou que sem uma alternativa de esquerda que rompa qualquer conciliação, que é o que fez o PT coligado com o PSL da chapa de Dário em 140 cidades, não é possível enfrentar essas variantes.

Por isso, nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) chamamos a população a votar contra ambos os projetos da direita e impulsionamos todo o rechaço dos trabalhadores, das mulheres, das negras e negros, das LGBTs e da juventude. Em Campinas, diante a postura da esquerda de aliança a qualquer custo do PSOL com o PT retiramos a nossa candidatura a vereança por legenda democrática no PSOL. Não podemos repetir o caminho de conciliação de classes que abre espaço para a direita e já foi responsável, na cidade, por atacar e reprimir servidores.

Rodrigo Maia (DEM), presidente do Congresso, afirmou no próprio domingo que é hora de colocar de lado as divergências e acelerar a implementação dos ataques, tais como a aprovação da PEC Emergencial e a Reforma Administrativa. Acreditamos que é necessário unir na luta de classes os trabalhadores e os setores oprimidos contra os ataques de conjunto impostos pelo regime do golpe e que as candidaturas de esquerda deveriam estar a esse serviço, e não buscando frentes amplas com golpistas e patrões, esperando 2022 enquanto os ataques passam.

Veja também: Após as eleições Maia quer o retorno imediato da agenda de reformas e ataques pelo governo

Nesse sentido, batalhamos por uma esquerda com independência de classe e que aposte na força da nossa classe para superar a paralisia das direções burocráticas sindicais para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

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