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UNESP | Eleição para o Centro Acadêmico de Ciências Sociais ocorre essa semana na UNESP Araraquara

terça-feira 24 de novembro de 2015 | 00:00

Essa semana se inicia as eleições para o Centro Acadêmico Florestan Fernandes, do curso de Ciências Sociais da UNESP Araraquara. O processo eleitoral que está em curso foi levado a diante mesmo frente as denúncias de que o mesmo vem ocorrendo de maneira antidemocrática. Um grupo de estudantes formaram uma chapa defendendo a impugnação desse processo e a construção democrática de um novo processo eleitoral para o início do ano de 2016, assim como ingressadas unificadas, para envolver os estudantes ingressantes nas discussões a cerca da universidade.

Formou-se uma frente de estudantes, com membros de diversos coletivos, como Juventude às Ruas, UJC, Coletivo Canudos, Domínio Público em conjunto com estudantes independentes. Este grupo divulgou uma nota que de repúdio ao edital, que define as datas e a forma das eleições. Segundo este grupo de estudantes, o edital foi definido sem a participação do corpo discente, e definia que o processo eleitorial aconteceria no final do semestre, durante o período de provas. Sem a discussão do edital previamente em assembléia, os estudantes foram impossibilitados de participar e discutir sobre a forma como as eleições iriam ocorrer, pois a Chapa Dialética (atual gestão do CAFF) utilizou o edital validado na assembléia de 2014, realizando apenas “pequenas mudanças” porém, dessa forma, excluiu os discentes do processo e principalmente, a participação dos ingressantes de 2015.

Segue abaixo trecho da nota que explicita a denuncia:

“Afirmamos que, um processo eleitoral tem importância devido ao debate político trazido por este momento, no qual os estudantes irão confrontar as diferentes concepções sobre o Centro Acadêmico de acordo com os programas defendidos pelos grupos que se organizam para disputar este espaço. Devido a isto, torna-se vital para o processo que a base dos estudantes esteja em íntima relação com a construção do formato das eleições, isto não ocorreu, sendo o edital lançado sem quaisquer avisos prévios, pegando a todos de surpresa.”

Leia a nota na integra: "Contra burocracia estudantil, estudantes da Unesp Araraquara chamam chapa pela impugnação"

A CHAPA DE IMPUGNAÇÃO surge com uma proposta de rearticulação do movimento estudantil.

Em meio a este processo, montaram-se duas chapas. A Chapa Maiêutica, cujas propostas são bastante parecidas, em seu conjunto, inclusive mantendo vários de seus integrantes, com a Chapa Dialética, atual gestão do CA. Em oposição, formou-se a Chapa de Impugnação, impulsionada por estudantes independentes, pela Juventude às Ruas e com apoio da UJC - União da Juventude Comunista - cuja proposta é a impugnação desse processo eleitoral antidemocrático feito às pressas, além da construção das ingressadas democráticas organizada por todos (e não apenas pela gestão vencedora) e uma eleição no inicio de 2016 onde todos os estudantes possam participar, debater, e inclusive se organizar para decidir a(s) chapa(s) que melhor os representam.

O estudante Gustavo Anversa, militante LGBTT, um dos estudantes suspensos da universidade por lutar por permanência estudantil e integrante da Chapa Impugnação cometa:

“Essas eleições coroam um processo no Movimento Estudantil de Araraquara. Durante todo o ano, os estudantes viram que a falta de espaços de debates de ideias, (como assembleias, plenárias etc.) desarticulam nossa possibilidade de organização. Assim se implementa, pouco a pouco, um projeto de universidade do qual não somos sujeitos ativos. Não por coincidência, temos dificuldade de enxergar sentido nos espaços da universidade. Não é por coincidência que a reestruturação de curso foi implementada, de maneira antidemocrática segundo o próprio Conselho de Curso, sem que os estudantes pudessem ao menos discutir a propostas. A Chapa Dialética tem bastante responsabilidade nisso. Agora, com esse balanço da atuação do CA durante esse ano, precisamos lutar para integrar cada vez mais, para democratizar nossas entidades, aumentado a participação dos estudantes e transformando o CA numa ferramenta para responder a crise na educação, orquestrada tanto pelo governo estadual quanto federal, tanto nas universidades como na educação básica, como vemos na luta contra a reorganização do ensino proposta pelo Governo de São Paulo”

O estudante e professor, Sidnei Ferreira, também membro da Chapa de Impugnação reflete quanto ao processo e um dialogo bastante aberto que a Chapa Dialética manteve com o Diretor Arnaldo Cortina, responsável pela expulsão de estudantes e diversos ataques à permanência estudantil:

“Acredito que a atual situação das eleições para o centro acadêmico Florestan Fernandes é bem reveladora quanto à conjuntura política de nosso curso, a quase possibilidade de chapa única revela uma articulação sofrível do movimento estudantil de nosso curso, assim como uma certa apatia do próprio centro acadêmico em fomentar espaços de discussão articulados, que fomentassem o protagonismo de outras ideias e grupos durante o ano. Sinto que a possibilidade de duas chapas ao menos crie um debate, o que será muito salutar para qualquer chapa que vença. Quanto a afirmação de uma certa pós-modernidade de ideologia presentes na discussão, talvez a seguinte frase possa fazer sentindo, parafraseando Ilmar de Mattos, em tempos de uma reflexibilidade que da a luz uma eleição do centro acadêmico de CIÊNCIAS SOCIAIS, o paradoxo de eleições com chapa única, talvez "não haja nada mais pós-moderno do que alguém que se reivindica "moderno" no poder". Isso sim seria o Mal-estar da pós-modernidade. Espero que os debates sejam pautados mais em propostas do que ataques esse ano, e que nos levem mais para o Sul, são nas bases que estão alicerçados os pensamentos de transformação, no Norte só temos "cortinas".

As eleições ocorreram na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp Araraquara nos dias 24, 25 e 26 de Novembro, das 9h30 às 13h e das 16h às 21h45.

Programa da "Chapa Impugnação" para o Centro Acadêmico Florestan Fernandes de Ciências Socais da Unesp Araraquara

CHAPA DE IMPUGNAÇÃO

Está em curso, pela atual gestão do CAFF (Gestão Dialética), um processo eleitoral antidemocrático. As eleições deveriam servir pra envolver os estudantes e criar um espaço democrático de debate de ideias, onde todos os estudantes pudessem participar. Porém, o processo eleitoral foi feito as pressas, nas últimas semanas do semestre, coincidindo com semanas de provas, e sem que as datas e o próprio edital fossem discutidos com os estudantes, excluindo os ingressantes de 2015 da decisão sobre o edital, que foi adaptado daquele feito no ano de 2014. Dessa forma, não se discute a importância das eleições, esvaziando todo conteúdo desse espaço.

Durante todo o ano, os estudantes viram que a falta de espaços de debates de ideias, (como assembleias, plenárias etc.) desarticulam nossa possibilidade de trocarmos, assim se implementa, pouco a pouco, um projeto de universidade do qual não somos sujeitos ativos. Não por coincidência, temos dificuldade de enxergar sentido nos espaços da universidade. Não é por coincidência que a reestruturação de curso foi implementada, de maneira antidemocrática segundo o próprio Conselho de Curso, sem que os estudantes pudessem ao menos discutir a propostas.

Esse problema se agrava em um contexto onde Governo Federal e Estadual atacam a educação. O petismo, que nos últimos dez anos garantiu sua estabilidade na juventude através da expansão precária do ensino superior, com programas como o FIES, PROUNI e REUNI, está questionado em seus pilares: frente a crise no FIES, os cortes de 13 bilhões na educação, e sua expressão em algum nível de greve nas 48 das 63 Universidade Federais ocorridas nesse ano. A soma de crise política nacional, “ajustes” do governo Dilma e governos estaduais e demissões nas indústrias, com crise nas Universidades, faz das lutas dos estudantes, desde os problemas de moradia, currículos, a estrutura física dos prédios, um questionamento a todo o regime do PT. Se gesta nas universidades não só uma juventude que reconhece o "fim de ciclo petista" em todo o país, mas também que quer tratar dos grandes temas nacionais, como a luta contra a terceirização, redução da maioridade penal, e diversos retrocessos aos direitos das mulheres e dos LGBTTs.

Uma crise de tamanha proporção só vai conseguir ser respondida se as entidades estudantis se colocarem a altura de disputar a política da sociedade desde as Universidades, se ligando às lutas em curso que os trabalhadores vem travando, com particular importância na luta dos estudantes secundaristas contra a “reorganização” do ensino do Governador Geraldo Alckmin do PSDB, que propõe o fechamento de mais de 94 escolas no Estado.

A falta de democracia do processo eleitoral do CAFF nos coloca uma questão. Essa situação pode seguir assim? O movimento estudantil pode seguir fragmentado, sem que as experiências acumuladas dos estudantes possam ser trocadas e renovadas? Sem que se discuta grandes temas nacionais, como educação, drogas e combate as opressões?

NOSSAS PROPOSTAS

A Chapa Impugnação quer, como diz seu nome, a impugnação dessas eleições, por considerar que sem debates um Centro Acadêmico, qualquer que seja a chapa eleita, irá se assentar numa base despolitizada, reforçando tendências eleitoreiras. Queremos espaços para que possam debater ideias. Mas ao mesmo tempo, entendemos a importância do Centro Acadêmico como ferramenta dos estudantes. Portanto, na assembleia de posse, que ocorrerá dia 2 de Dezembro, marcaremos a data das eleições, imediatamente após a ingressada, para que após um debate com todas as ideias os estudantes possam, enfim, estar melhor preparados para dizer que CA queremos!

Entretanto, enquanto as eleições não ocorrem no inicio do ano que vem, diversas tarefas do movimento estudantil, incluindo as ingressadas, estauinte, eleições e as tarefas da representação discente, não devem ser deixadas de lado. Fazemos um chamado a todos os estudantes, incluindo os coletivos (CANUDOS, UJC, RUA, Coletivo Negro, Coletivos de Mulheres, Coletiva BE, Chapa Maiêutica, Juventude Às Ruas, Pão e Rosas), estudantes da moras e demais estudantes a comparecerem na assembleia de posse, dia 02/12, para que se forme uma comissão com todos para garantir que essas tarefas sejam feitas até que ocorra as eleições, incluindo as da representação discente. Uma das funções dessa comissão é garantir a publicidade e envolver o maior número de estudantes possível nessas atividades, democratizando os debates e as tarefas do movimento.

ATENÇÃO: Essa proposta é uma Proposta da Chapa Impugnação, chapa que só existirá até a assembleia de posse. Caso ganhe, os próprios estudantes dos mais diversos grupos vão tocar as tarefas, PORTANTO os votos na chapa são importantes, nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro.

INGRESSADAS UNIFICADAS

Defendemos a construção de Ingressadas Unificadas organizada por todos os estudantes, coletivos e organizações, para realizar eleições de fato democráticas no inicio de 2016. Os ingressantes não são um bloco monolítico, mas sim pessoas com acúmulo de diversas experiências distintas. Por exemplo, as mais de 100 ocupações dos estudantes secundaristas, que serão os futuros universitários, apontam para uma politização que ano que vem vai invadir as universidades. Portanto, desde o inicio os estudantes devem conhecer as mais diversas perspectivas sobre os principais temas de dentro e fora da universidade.

Ressaltamos a importância das ingressadas no combate às opressões. O início do ano é o momento onde os estudantes ingressos estão mais suscetíveis, em nome da tradição do trote, a ataques machistas, racistas e LGBTfóbicos. Envolver o maior número possível de pessoas na construção desses debates é fundamental tanto para que não vejamos, como vemos ano após ano, diversos casos de agressão e assédio, mas também que avancemos na possibilidade de determinarmos nossos corpos, gênero e sexualidade. Discutindo também terceirização, que a face mais cruel das opressões dentro da universidade.

É central que as ingressadas também discutam acesso e permanência na universidade para mostrar para os alunos que não existe possibilidade de que os estudantes determinem também o conteúdo da universidade fora dela, sem conseguir entrar na universidade (por isso ressaltar a importância da discussão de cotas do vestibular como filtro social), ou mesmo ingressando, mas não conseguindo se manter dentro do espaço por falta de condições básicas de permanência, aumentando os índices de evasão e elitizando cada vez mais a universidade. Esse ano, vimos de maneira bem latente, com a falta de Bandejão, por exemplo, contribuiu para o esvaziamento os espaços de debate do movimento, quase que inviabilizando a autodeterminação dos estudantes, principalmente o estudante que necessita de permanência estudantil e tem que trabalhar muitas vezes para se manter o espaço.

Nesse sentido, é importante que forjemos espaços que permitam que os setores historicamente oprimidos sejam protagonistas, expressando suas causas e todo o questionamento a respeito dessa universidade elitista. Chamamos os negros e negras, as mulheres e os LGBTTs dessa universidade e os estudantes da moradia a se somarem a essa construção para colocarem suas demandas e discussões, disputando o conteúdo desse espaço.

ASSEMBLEIA ESTATUINTE

Nós entendemos a importância de um Centro Acadêmico, não como aparato, mas como ferramenta de organização dos estudantes. Para isso, precisamos debater as distintas perspectivas de CA, assim como as melhores formas de organização decorrentes delas. Daí, a necessidade de, desde já, impulsionar a discussão de uma estatuínte para discutir que CA queremos e que todas as ideias se expressem dentro dele. A ingressada é um espaço interessante para iniciarmos esse debate.

Por isso, nos da CHAPA IMPUGNAÇÃO, nos propomos a construir uma ingressada democrática e uma assembleia estauinte, com comissão eleita em assembleia e divulgação para que amplos setores de estudantes participem. Chamamos a Chapa Maiêutica a se somar a essa proposta, INDEPENDENTE DE QUEM VENÇA O PROCESSO ELEITORAL.




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