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GREVE GERAL PARA DERRUBAR BOLSONARO E MOURÃO | É preciso derrotar todas as reformas, cortes e privatizações com a força da nossa luta

Diante do cenário da crise do governo Bolsonaro, Reforma Administrativa, privatização da Eletrobras, corte orçamentário que ameaça fechar universidades públicas e da inflexão imposta pelas últimas mobilizações, só nossa luta auto-organizada em cada local de trabalho e estudo e aliada aos indígenas, mas também o movimento de mulheres, negros e LGBTQI+, pode derrubar Bolsonaro, Mourão e fazer com que os capitalistas paguem pela crise.

quarta-feira 30 de junho de 2021 | Edição do dia

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Ontem, terça (29), explodiu ainda mais a crise do governo Bolsonaro com a denúncia escandalosa de que ele pediu 400 milhões de dólares (ou 2 bilhões de reais) em propina na negociação da vacina Astrezeneca. De "gripezinha" em "gripezinha", Bolsonaro nos levou a mais de 500 mil mortos por covid, responsabilidade que ele divide também com os governadores, militares e os golpistas do Congresso e do Judiciário na condução da pandemia.

Bolsonaro também é responsável por dar continuidade e aprofundar o conjunto do projeto de ataques do golpe institucional de 2016. Não podemos esquecer que foram os agentes desse golpe, com a manipulação das eleições de 2018 por parte do Judiciário, com a prisão arbitrária de Lula e o sequestro de milhões de votos pela biometria, é que assumiram Bolsonaro como presidente.

Desde 2016 somos atacados e nos enfrentamos na luta com uma série de reformas, a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista, a Lei da Terceirização Irrestrita, a PEC do Teto de Gastos. Hoje, Bolsonaro e a Câmara dos golpistas, tendo como porta-vozes figuras escórias como Bia Kicis (PSL), Arthur Lira (PP), encaminham para aprovação acachapante a MP da Privatização da Eletrobras e a Reforma Administrativa.

Eles descarregam em nossas costas a crise capitalista mundial de 2008 que eles mesmos criaram e que no Brasil teve seu aprofundamento em 2015, com a primeira queda mais brutal do PIB. Eles querem que paguemos nas nossas contas de luz, em forma de apagões, com a nossa aposentadoria, com o desmonte do funcionalismo público, com a precarização do nosso trabalho, para que não sejam tocados os lucros dos banqueiros, dos latifundiários do agronegócio, dos acionistas de grandes empresas e indústrias. E, se precisar, irão arrancar ainda mais nossos empregos, como com o fechamento da Ford e a redução da LG.

Nós lutamos, e isso é fato. Na Greve Geral de 2017, só em São Paulo, causamos um prejuízo de cerca de R$5 bilhões nos bolsos dos grandes comerciantes. Também chegamos a travar lutas contra a PEC do Teto de Gastos com greve nas universidades federais. Neste ano, fizemos ecoar nosso descontentamento nas ruas nas manifestações de 29 de Maio, 19 de Junho, com grande peso da juventude que estourou sua revolta contra o corte orçamentário que ameaça fechar universidades federais históricas, e agora vamos rumo ao 3 de Junho. Também a classe trabalhadora demonstrou disposição com lutas iniciais, como a greve das trabalhadoras das fábricas que prestam serviço para a LG, os metroviários em São Paulo, rodoviários e garis por todo o país. Se não organizarmos nossas forças, os ataques continuarão passando.

E é por isso que não podemos depositar a nossa confiança em saídas institucionais, como quer canalizar o Senado (que logo mais serão os votantes dos ataques) com a CPI da Covid, em figuras como Renan Calheiros (MDB) e Randolfe Rodrigues (REDE), que fazem parte de partidos que apoiaram e fizeram acontecer o projeto do golpe. Querem canalizar o nosso descontentamento na esperança do impeachment, para que nossa força nas ruas e auto-organizada em cada local de trabalho e estudo não atrapalhe o assentamento do regime político do golpe nas eleições de 2022, enquanto articulam o que chamam de "terceira via" até lá.

Nós, trabalhadores, juventude e movimentos sociais, temos que nos aliar com os povos originários que se revoltam contra o PL 490 contra o ataque até mesmo às terras indígenas que já foram demarcadas por direito básico. Temos que atacar os lucros dos empresários. E, para isso, nós temos que impor uma Greve Geral, pela via de assembleias com mulheres, negros e LGBTs ombro a ombro com cada trabalhador e estudante, que tenhamos direito de expor nossas opiniões e votá-las, na perspecticva de nos unificar contra nossos inimigos.

Nesse sentido, temos que exigir das direções burocráticas dos nossos sindicatos e entidades estudantis - Centros Acadêmicos e Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs) - que convoquem essa luta organizada pela base. Porque centrais sindicais como a CUT e a CTB, assim como a União Nacional dos Estudantes (UNE), que são dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, cumprem um papel de freio do nosso descontentamento, porque seus objetivos estão voltados para eleger Lula em 2022. É uma estratégia eleitoral que vai se resultar em ataques. Desde que Lula foi reabilitado, ele aponta que vai privatizar a Caixa, que perdoou os golpistas que o prenderam, que vai fortalecer ainda mais a tutela dos mais de 6000 mil militares na política.

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E, por falar em militares, não podemos confiar em saídas como o impeachment, porque isso irá colocar o general Hamilton Mourão (PRTB) na presidência. Mourão, como já dissemos tantas vezes aqui no Esquerda Diário, é um racista, defensor da ditadura militar de 64, disse que os assassinados pela polícia na chacina de Jacarezinho eram "tudo bandido", quer reformular para pior a Reforma da Previdência e que, no revoltante marco de 500 mil mortos, falou que era por causa da "desigualdade socioeconômica" (como se ele, Bolsonaro e os golpistas não tivessem sua responsabilidade no aprofundamento desse problema estrutural do capitalismo, com auxílio emergencial de miséria e inflação em plena pandemia, aumentando o desemprego e a fome). Fora Bolsonaro e Mourão!

Dessa forma, é necessário impor pela nossa luta uma nova Contituinte, que seja Livre e Soberana, com representantes do povo eleitos por bairros pelo país, que poderiam ser 1 para cada 100 mil eleitores, conformando uma grande assembleia com 2100 representantes de todo o país. É necessário enfrentar todas essas instituições com nossa mobilização independente. Numa Constituinte como essa, poderíamos discutir uma saída de fundo para que a crise seja paga pelos capitalistas, como o não pagamento da dívida pública, a revogação de todas as reformas que vieram com o golpe, e uma reforma agrária radical.

E que, nessa perspectiva de auto-organização, sem ilusão nas instituições, possamos batalhar por um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo, para que construamos uma sociedade livre das amarras de exploração e opressões.

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