quinta-feira 26 de novembro de 2015 | 23:33
A famosa PLR – Participação nos Lucros e Resultados – este ano chegou no R$0,00 nos Correios. A notícia saiu no Primeira Hora da última terça-feira (24). Ninguém se surpreendeu, mas isso não quer dizer que não gerou revolta.
Nos últimos anos, os valores foram sendo reduzidos, mesmo nos anos que os lucros subiram, e em 2014 a negociação foi humilhante. Chegaram ao cúmulo de pagar um valor diferente para as bases em que os sindicatos assinaram o acordo e para aquelas em que os sindicatos não assinaram, mesmo que tenha sido imposto o mesmo acordo a todos. Além disso, os valores variaram entre cerca de R$200 e R$600, ou seja, em ambos os casos foram pagos valores irrisórios.
É piada corrente nas unidades, quando nos deparamos com um exemplo claro de mau uso do dinheiro da empresa, como materiais publicitários extremamente luxuosos e que sequer são distribuídos ou vão direto da mão do cliente para o lixo, os trabalhadores comentam: “olha aí nossa PL”.
No malfadado acordo feito em 2014, ficou determinado que a negociação valeria para 2013, 2014 e 2015, congelando os critérios por todo o período. Também estava previsto que o valor destinado a PLR não poderia ultrapassar 50% do valor repassado aos acionistas (Governo), e também condicionava o pagamento ao alcance de metas em cada diretoria regional.
Segundo a nota da direção da ECT, o governo abriu mão de receber qualquer repasse, tendo em vista a queda no lucro líquido do último ano, e como 50% de zero, é zero... Ficamos a ver navios.
O que gera revolta nos trabalhadores é que essa queda dos lucros não passa de uma tragédia anunciada todos os dias, nos materiais publicitários jogados no lixo, nos adesivos das Olimpíadas (quanto lucram as gráficas que produzem para os Correios? Como são os processos de licitação?), nas Olimpíadas, nos patrocínios esportivos, na logomarca, nos supersalários, nos sistemas que sequer funcionam, nos altos cargos, no excesso de “chefetas” que nada fazem, no serviço mal prestado, nas agencias terceirizadas, cujos donos são escolhidos a dedo nos jogos políticos, e por aí vai... Nenhum trabalhador “produziu menos” no último ano, e inclusive o faturamento não caiu. A matemática é simples.
Mais uma vez, uma mostra de pra onde segue a empresa enquanto é administrada a serviço do lucro de uma pequena casta privilegiada, ligada a governos corruptos e uma classe dominante decadente. O lucro é desviado e maquiado de diversas formas, a privatização avança aos pedaços, e os trabalhadores e a população pagam o pato.
Cada vez mais é urgente que os trabalhadores se organizem, não apenas por uma PLR digna, mas pra discutir os rumos dessa empresa. Somos uma maioria esmagadora e podemos contar com o apoio da população, cansada de ver empresas que deveriam estar a serviço dos trabalhadores sendo roubadas e privatizadas como a Petrobras, ou a Vale, que recentemente protagonizou a maior tragédia ambiental dos últimos anos, demonstrando que privatizar não é saída, mas ser estatal não é suficiente, é preciso que as empresas sejam controladas pelos trabalhadores e estejam a serviço da população.
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