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Doria quer substituir favela do Moinho por pátios de trens da CPTM

O projeto de remoção é um dos objetivos da gestão Doria, da mesma forma que a ação na cracolândia, em maio, internacionalmente discutida.

terça-feira 4 de julho de 2017 | Edição do dia

A favela do Moinho é uma pequena comunidade localizada no bairro de Campos Elíseos, próxima aos trilhos do trem no centro de SP. É interesse da CPTM remover as famílias, já que a proximidade dos barracos interrompe a circulação da linha 8-diamante. Segundo Edson Aparecido, diretor da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), a questão da cracolândia fez o projeto subir na escala de prioridades.

Na última semana, os moradores da comunidade se manifestaram por justiça pela morte e tortura de Leandro Souza Santos, de 18 anos em uma operação policial da ROTA, que o acusou de ter resistido a abordagem e atirado contra oficiais que o perseguiram até o interior de um barraco.

Testemunhas contam que, ao vê-los, Leandro se assustou e correu para dentro do barraco mais próximo. O de Lucimar. Os agentes então decidiram segui-lo. "Uns quatro" entraram no recinto, aumentaram o volume do aparelho de som e lá ficaram, até cerca de 11h30, torturando o rapaz, segundo relatam os moradores.

"Como também havia helicópteros, não dava para escutar quase nada, só uns gemidos e um barulho de luta", relata Lucimar. Depois, recorda, Leandro foi discretamente retirado e colocado numa kombi branca. "Deu pra ver que seu rosto tinha sangue". Segundo o tenente-coronel da PM, operações semelhantes serão recorrentes na favela do moinho. “Precisamos sufocar o tráfico de drogas”.

Créditos Imagem: Jornal Folha de SP

Há cerca de duas semanas, durante reunião sobre o programa anticrack da prefeitura, o Redenção, a remoção dos moradores da favela foi permitida por Doria. O prefeito disse aos secretários ser fundamental uma ação definitiva no local. Houve além da morte de Leandro, a denúncia de que corpos vinham sendo desovados nas duas chaminés que ficam no centro da favela, mas nada fora encontrado, por ora.

Trata-se de mais uma política de tipo higienista do prefeito, que dessa vez busca passar por cima de milhares de famílias do Moinho para a construção de pátios da CPTM. Não é discutida sequer alguma forma de diálogo com a população do Moinho, tampouco uma habitação alternativa para todas as famílias. O que está desenhado é o uso dessa polícia que tortura e mata para bater e expulsar os moradores da favela, a lá Pinheirinho, impondo a vontade da prefeitura e dos empresários.




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