Na tarde de ontem (25/03), João Doria anunciou que a partir do dia 12 de abril começará a vacinação de professores da educação básica da rede pública e privada do estado de São Paulo. De acordo com Rossieli Soares, serão vacinados 350 mil profissionais da educação acima de 47 anos, o que significa cerca de 35% dos trabalhadores das escolas. O anúncio ocorre após a insistência pela reabertura insegura das escolas num momento que já indicava o agravamento da pandemia e durante a disputa entre governadores e Bolsonaro em meio à crise da vacina.
quinta-feira 25 de março de 2021 | Edição do dia
Foto: GOVSP
O início da vacinação ocorre após muita pressão por parte dos trabalhadores da educação desde o ano passado, que sistematicamente denunciaram e denunciam a falta de condições para a reabertura das escolas e a exigência de vacina. Além da greve das educadoras do município de São Paulo contra a reabertura forçada e por condições de ensino remoto para os estudantes, que inclusive tiveram seus salários cortados por Bruno Covas, aliado de Doria.
Doria é o primeiro governador a anunciar a data de vacinação de professores no país. O governador de São Paulo não esconde suas intenções para a disputa presidencial de 2022 e vem tentando fingir oposição ao Bolsonaro, embora seja impossível apagar o “BolsoDoria” de seu histórico. Por isso, demagogicamente, tenta demonstrar responsabilidade com uma categoria que ele próprio foi responsável por impor um retorno presencial inseguro, que gerou contaminados e mortes de professores e estudantes por Covid-19, como o caso de Ana Clara, estudante de 13 anos na cidade de Campinas.
No anúncio do governo não foram citadas enquanto parte do plano de imunização as trabalhadoras terceirizadas responsáveis pelas essenciais merendas e limpezas das escolas. Não nos espanta se dentre aqueles que “trabalham nas escolas”, como disse Rossieli, o governo não esteja considerando essas trabalhadoras que são primordiais para o funcionamento escolar. Uma das primeiras atitudes de Doria no início da pandemia foi demitir as merendeiras, e ano a ano vemos inúmeros descasos com essas trabalhadoras, que tem seus salários atrasados, sobrecarga de trabalho e quase nenhum direito por responsabilidade do Estado.
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Estudantes e o restante da comunidade escolar tampouco foram citados por Doria e Rossieli, que antes abriram as escolas estaduais independentemente do avanço da pandemia que hoje bate recordes. Hoje, com o sistema de saúde do estado colapsado com pessoas morrendo à espera de vaga na UTI, o governo mantém facultativa a abertura das redes municipais e privadas atendendo aos empresários da educação que, preocupados com seus lucros, pressionam pela manutenção da reabertura colocando em risco a vida de professores, estudantes e de toda a comunidade escolar.
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Mesmo se a vacina chegar para todos os trabalhadores das escolas, o que ainda não está previsto, se não houver garantia de condições estruturais - sendo que hoje metade das escolas públicas do país não possuem sequer ventilação adequada -, testes para todos e vacina para o conjunto da comunidade escolar, o retorno, que o governo quer implementar a qualquer custo, continuará sendo um risco para estudantes, familiares de trabalhadores da educação e dos estudantes.
É urgente a quebra das patentes das vacinas e a garantia de testes para todos. Não podemos aceitar a reabertura insegura das escolas, quem pode e deve decidir como e quando as aulas presenciais devem voltar, é a comunidade escolas junto com os trabalhadores da saúde, que estão na linha de frente do enfrentamento da pandemia.
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