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Imperialismo Britânico | Documentos revelam participação do Reino Unido no massacre que matou mais de 500 mil pessoas na Indonésia

Documentos recentemente liberados revelam a participação de agentes britânicos em um dos massacres mais brutais do século XX. Os agentes teriam criado propaganda anticomunista na Indonésia pedindo para que eliminassem o “câncer comunista”. Foram pelo menos meio milhão de pessoas mortas entre 1965 e 1966.

segunda-feira 18 de outubro de 2021 | Edição do dia

O assassinato em massa foi orquestrado pelo exército da Indonésia, incitados pelos oficiais britânicos que pediram pela extinção do Partido Comunista da Indonésia e de todas as organizações comunistas, afirmando que “a nação estaria em perigo enquanto os líderes comunistas seguissem livres e suas ações seguissem impunes”.

A propaganda britânica foi resposta ao então presidente Sunarko e sua hostilidade e resistência à criação da federação de Estados da Malásia, apoiado pelo Reino Unido, e que resultou em um conflito armado entre os exércitos da Indonésia e da Malásia.

Os propagandistas foram enviados a Singapura para produzir propagandas anticomunistas e enfraquecer o regime de Sukarno, já que este era apoiado pelo Partido Comunista da Indonésia. Os agentes chegaram a criar uma newsletter fingindo ser produzida por imigrantes indonésios e figuras influentes, incluindo generais do exército, bem como criaram uma rádio supostamente dirigida por malaios.

Uma tentativa de golpe por militares da esquerda e agentes do Partido Comunista indonésio impulsionou a propaganda britânica: os agentes do Reino Unido passaram a chamar pela "eliminação definitiva do Partido Comunista e tudo o que ele defende", e que “ a procrastinação e meias medidas só levariam a nossa destruição completa”. As próximas semanas foram seguidas por massacres de supostos membros do Partido Comunista, a maioria nem ao menos participantes da tentativa de golpe, e outros esquerdistas.

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    Os diplomatas britânicos estavam cientes da ocorrência do massacre e não só poderiam interceder e ler as comunicações do governo da Indonésia, como também seus sistemas de monitoramento podiam traçar o progresso das unidades do exército envolvidas no massacre. Ao invés disso, tinham tecnologias incitando os ouvintes a localizar comandantes do exército e as unidades que mandavam e a assassinar pessoas ligadas ao Partido.

    O especialista propagandista Norman Reddaway conta que a ordem era esconder o fato de que os assassinatos eram comandados pelos generais, na esperança de que o governo do exército servisse melhor ao Reino Unido do que o governo anterior. Em carta escrita anos depois, Reddaway afirma que o massacre foi a maior conquista da propaganda britânica e dos esforços do departamento de pesquisa de informação estrangeira (IRD): “a queda de Sukarno foi bem sucedida rapidamente. O Konfrontasi [conflito entre Indonésia e Malásia] estava custando ao Reino Unido mais de 250 milhões de libras por ano. O trabalho do IRD derrubou o seu governo por um custo mínimo em apenas seis meses”.

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