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ELEIÇÕES 2018 | Disputas entre os candidatos golpistas dão o tom no debate de governadores em SP

sexta-feira 17 de agosto de 2018 | Edição do dia

Na noite de ontem foram realizados os primeiros debates entre os candidatos a governadores estaduais. No estado de São Paulo, que tem na liderança das pesquisas João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) virtualmente empatados, seguidos de Márcio França (PSB) e mais distante Luiz Marinho (PT), o debate mostrou a decadência do discurso dos candidatos burgueses. Além deles, que foram os alvos preferenciais das perguntas e ataques, também estivam presentes Lisete Arelaro (PSOL), Marcelo Cândido (PDT) e Rodrigo Tavares (PRTB).

Houve muita demagogia por parte dos candidatos, principalmente em relação aos serviços públicos, saúde e educação, do desemprego, e um transparente conservadorismo e reacionarismo nas questões de segurança.

Não à toa houve demagogia sobre saúde e educação, pois há anos gerido pelos tucanos, a população sente na pele o desmonte dos serviços públicos. Por isso mesmo, em um debate composto por um sucessor direto de Alckmin, na figura de seu partidário Doria e o atual governador e antigo vice do tucano, Márcio França; foi clara a tentativa cínica dos candidatos de se esquivar da herança dos sucessivos anos de governo do PSDB. Paulo Skaf, mesmo não tendo ligação direta com Alckmin, mostrou no debate como os golpistas estão todos alinhados em sua agenda política, apresentando uma plataforma política bastante parecida aos outros dois e idêntica ao governo de ajustes de Temer que todos 3 apoiaram.

Mesmo nesse cenário marcado pelo profundo golpismo dos principais postulantes, o candidato petista Luiz Marinho (PT) não ofereceu um programa alternativo aos trabalhadores e pouco se delimitou dos demais, não denunciando sequer o caráter de exceção e sob tutela do Judiciário em que transcorrem as eleições atuais, com a sequência do golpe na prisão arbitrária de Lula e seu impedimento de concorrer às eleições.

A seguir trazemos uma retrospectiva dos principais pontos do debate, junto da opinião em redes sociais de colunistas do Esquerda Diário, que nestas eleições concorrem a deputados estadual e federal em filiação democrática no PSOL.

O primeiro bloco do debate centrou na questão da segurança, eixo da campanha da maioria dos candidatos, como Márcio França e Paulo Skaf que escolheram justamente vices policiais. Foi a oportunidade então para todos os candidatos apresentarem seu reacionarismo, defendo o aprimoramento e melhores instrumentos para a polícia trabalhar, ou seja dar melhores condições para a polícia reprimir. Justamente a polícia de São Paulo, que conforme pesquisa recentemente divulgada possui um dos maiores índices de letalidade do mundo. Nesse quesito os destaques reacionários ficaram para Dória que prometeu uma polícia "padrão ROTA", e Skaf que falando da população carcerária declarou "nada de saidinhas".

No bloco seguinte, os candidatos responderam perguntas dos adversários. Doria além de lidar com o legado de Alckmin no governo, teve que lidar com o legado da sua própria passagem rápida e desastrosa pela Prefeitura de São Paulo, tendo de responder sobre segurança alimentar, com o escandaloso racionamento de merenda e a descabida proposta da "farinata", e o fechamento de postos de saúde, as AMAS.

Outro que foi confrontado pelo seu histórico foi Márcio França, interrogado sobre o corte de verbas e sucateamento do Hospital Universitário pela candidata Lisete Arelaro do PSOL, após declarar que teria como proposta reduzir as filas dos hospitais e aumentar os leitos dos hospitais. Como vemos, demagogia do discurso a parte, a prática dos candidatos demonstra como seu comprometimento é verdadeiramente com os ajustes e em descarregar a crise sobre os trabalhadores.

Nas questões sobre educação o tom demagógico não foi diferente, com os candidatos falando a respeito da necessidade de "valorizar os professores". Isso saído da boca de políticos como Doria que tentou de tudo para impor sob a categoria a reforma da previdência, conhecida como SAMPAPREV, e chegou a ponto de mandar a guarda civil reprimir os professores. Isso sem falar de Márcio França, que nos últimos quatro anos esteve junto a Alckmin na precarização sistemática da educação, como no corte de verbas e fechamento de salas. Skaf buscou se promover com o exemplo do Sesi, omitindo que o sistema S funciona a base do desconto na folha salarial dos trabalhadores para a destinação de verba pública para a administração por entes privados.

Outro tema essencial em relação a condição de vida da população, o desemprego, teve de ser trazido em uma pergunta dos jornalistas, mesmo o percentual do estado estando entre os mais altos do país (14%). Hipocritamente, os candidatos defensores da reforma trabalhista disseram que iriam gerar empregos, apresentando unicamente o incentivo aos empresários como possibilidade dessa geração. Luiz Marinho reivindicou o período Lula, sem mencionar os incentivos aos empresários, o aumento da precarização dos postos de trabalho gerados no período, com a intensificação da terceirização principalmente e como sua proposta atual é manter a reforma trabalhista de Temer e só fazer algumas alterações, ou seja ainda continuar nos retirando direitos, e como o PT, Lula e Marinho defendem a Lei de Responsabilidade Fiscal que garante que sejam arrancados recursos para sempre continuar enriquecendo os donos da dívida pública.

Na esteira dos candidatos que se apresentaram como porta-vozes do programa dos presidenciáveis, Doria-Alckmin, Marinho-Lula, Skaf-Meirelles, o candidato do PDT Marcelo Candido reivindicou Ciro, "Somos do time de Ciro Gomes em São Paulo", afirmou, buscando se colar na imagem do presidenciável. Entretanto, assim como o programa de Ciro, por trás de suas falas se esconde a mesma intenção de seguir atacando os direitos dos trabalhadores, pois este -tal como o PT- defende a responsabilidade fiscal, o que em tempos de crise só pode significar retirar direitos e o corte de investimentos sociais

Se de um lado a falta de empregos flagela os trabalhadores, por outro lado mesmo aqueles que possuem emprego tem suas condições de vida rebaixadas, com a falta de reajuste salarial dentro do funcionalismo. Enquanto, se nega a reajustar o salário dos trabalhadores, um projeto de lei aprovado pelos deputados estaduais elevou o teto salarial, beneficiando apenas uma casta de profissionais que já conta com supersalários. Mesmo diante dessa contradição, todos os candidatos trataram de relativizar o aumento.

Como vemos o debate foi marcado principalmente pelas disputas entre os 3 principais candidatos golpistas, e em menor escala os antagonismos com o candidato do PT. Faz falta uma voz anticapitalista. É nesse sentido que apresentamos as candidaturas do Movimento Revolucionário dos Trabalhadores, a serviço da construção de uma voz anticapitalista, que seja um ponto de apoio para impulsionar na rua, e locais de trabalho e estudo cada luta dos trabalhadores contra os ajustes, o autoritarismo do regime político e a continuidade do golpe, e outras importantes campanhas como a legalização do direito ao aborto e pelo não pagamento da dívida pública. Convidamos a todos para conhecer e participar de nossas campanhas.




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