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FRANÇA | Dirigente da CGT Air France: “Os que estão paralisando as refinarias não estão sozinhos”

Publicamos entrevista feita pelo Révolution Permanente, site francês da rede internacional do Esquerda Diário, com o dirigente da Central Sindical CGT e da Air France.

quinta-feira 26 de maio de 2016 | Edição do dia

Você apoia os bloqueios das refinarias?

Sim. Não somente os bloqueios das refinarias, como também os bloqueios dos transportes terrestres, marítimos e aéreos... nas rodovias, a SNCF (serviço de transporte) não funcionou. É com mobilização e luta que se obtêm as coisas, a história da França mostra isso. Recentemente, em 2006, com a CPE de Villepin, apesar da promulgação da lei, teve que retroceder, pela força da mobilização.

Os aeroportos de Paris estão sentindo o impacto da greve das refinarias?

No momento não, mas tudo é possível. A convergência das lutas é a única forma de golpear a economia. É necessário avançar nisso, tentar mobilizar o máximo de forças e, dessa maneira, fazer retroceder o projeto de lei El Khomri.

A imprensa diz que os trabalhadores das refinarias são sequestradores. O que você pensa a respeito?

Os meios de comunicação são dirigidos pelos poderosos e eles vão passar a mensagem da forma que mais os interessa. E a mensagem que eles desejam passar é que esses trabalhadores são os vilões da história. É porque eles defendem o código do trabalho. Se este projeto de lei for aprovado, os benefícios sociais obtidos pelos trabalhadores sofrerão o maior retrocesso do século. Com isso, eles mostram os bloqueios e dizem para as pessoas que “isso é ruim”, desviando sua atenção e evitando, assim, que se fale do projeto de lei que é completamente prejudicial para as pessoas e seus filhos.

Na Air France fazem o mesmo. Em 5 de outubro, quando os trabalhadores exigiam explicações do patrão e o agarraram pela camisa e a rasgaram, enquanto ele fugia, a imprensa não mostrou o que aconteceu, como também não mostrou nada sobre os 2900 postos de trabalho fechados.

Da mesma forma, com a mobilização contra o projeto de lei El Khomri, a imprensa se concentrou em uma briga na manifestação, e não na determinação das pessoas. Trata-se de sua vontade política, para que se fale de uma coisa e não se fale de outra.

Qual a expectativa para as próximas mobilizações do setor aeronáutico?

Esperamos que sigam as greves, assim como tem ocorrido contra o projeto de lei El khomri, e que continuem as mobilizações após a greve do dia 26. No dia 27 de maio, em Bobigny, 16 dos nossos companheiros da Air France comparecerão ao tribunal pelos fatos ocorridos em 5 de outubro. A greve neste dia será para apoiar nossos camaradas.

Sobre as mobilizações, você acredita que será necessária uma greve geral para fazer o governo retroceder?

Somente decretar a greve geral não basta, sem a formação, em primeiro lugar, da consciência de classe. No entanto, isso está crescendo. Existe uma dinâmica que está se consolidando (...). Por isso temos que reunir todos aqueles trabalham, os que estão desempregados ou que estão trabalhando ou vão trabalhar em condições precárias. Hoje vemos que muitos funcionários estão lutando porque veem que podem ser demitidos no futuro. É como um edifício em chamas no piso térreo, pode ser agradável estar no terceiro piso, mas se não se extingue as chamas no térreo, logo as chamas sobem.

Tradução: Rodolfo Ferronatto de Souza




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