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MOVIMENTO SINDICAL | Direção da CUT fala de direitos, mas está com Dilma contra os trabalhadores

Marília Rochadiretora de base do Sindicato dos Metroviários de SP e parte do grupo de mulheres Pão e Rosas

terça-feira 14 de julho de 2015 | 00:31

Cada passo, cada declaração, cada mobilização que a CUT participou nesse ano foi calculada de forma muito bem pensada: aparecer em alguma medida contra os ataques, desde que isso não significasse se enfrentar com o governo Dilma. Ou seja: tentar transformar os projetos de Cunha e os ajustes econômicos dirigidos pelo ministro Levy em interesses separados do governo federal que Dilma dirige e que ambos integram.

Enquanto isso, Lula, consciente que o barco do governo pode afundar, usa sua esperteza política para tentar se separar de sua sucessora, deixando organizado um bote salva-vidas, se necessário. Saiu nos últimos meses falando em Frente de Esquerda, “Grupo Brasil”, ao lado das direções da CUT , UNE e do MST. O objetivo é claro: barrar qualquer processo de reorganização e ruptura dos trabalhadores à esquerda do PT, tentando fazer com que o partido pague o menos possível pela crise do governo Dilma. Com a teoria de um suposto “golpismo”, tentam fechar a possibilidade de que exista uma real alternativa à esquerda para os trabalhadores e a juventude frente à falência desse projeto. Tentam impedir que os sindicatos classistas e o ativismo anti-governista deem expressão e se misturem com o profundo descontentamento que existe hoje entre os trabalhadores.

As direções sindicais da CUT não irão lutar até o final por nossos direitos

É por isso que a CUT se colocou contra o PL 4330, mas na prática, nos atos de rua, silenciava sobre as MPs de Dilma e propunha “regulamentar” a terceirização. Pactuaram junto com a Força Sindical o “Plano de Proteção ao Emprego (PPE)”, que a única coisa que protege é o lucro das grandes empresas. Se colocam contra o projeto privatista que entrega ainda mais a Petrobrás para o imperialismo de José Serra, mas silenciam sobre o projeto de reestruturação que o próprio governo faz da Petrobrás, aprofundando o processo de concessão e entrega de nosso petróleo ao capital imperialista com grandes ataques.

Escondem por trás do argumento de “golpismo da mídia”, ou de “corrupção estrutural do país”, todo o grande esquema, montado e dirigido pelo PT, com as grandes construtoras. O cinismo de alguns é tamanho, como o de Rodrigo Rodrigues, secretário de formação da CUT-DF, que para ele os grandes empresários da Camargo Correa e da Odebrecht, são “os agentes políticos e empresariais que se atreveram a propor e realizar um projeto de desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda arraigado nos mais legítimos anseios da nação brasileira”. Um tipo distinto de “distribuição de renda”.

Os trabalhadores descontentes com Dilma, mas que sabem que é necessário uma alternativa de esquerda ao petismo, até o momento não encontraram um caminho firme e decidido. Desde as grandes manifestações de rua, capitaneadas pela oposição de direita, se faz urgente o surgimento de uma terceira via, à esquerda, articulada entre os sindicatos anti-governistas e movimentos sociais que seguem na luta independente, entidades estudantis combativas e partidos de esquerda. É urgente que a CSP-Conlutas, o MTST, as Intersindicais, o MPL, a ANEL, a Oposição de Esquerda da UNE encabecem esse processo.

Os setores anti-governistas precisam se dirigir às bases da CUT e de todas as centrais, começando pela CUT e Força Sindical que se alinham ao governo e à oposição de direita, exigindo de suas direções um plano de luta efetivo pra enfrentar os ajustes. É necessário que os trabalhadores se organizem e se unifiquem através de assembleias e plenária regionais com delegados eleitos pela base para lutar por um programa operário de saída da a crise. É necessário lutar contra qualquer demissão, reivindicar a redução das horas de trabalho sem redução salarial e exigir a abertura dos livros de contabilidade das empresas que querem demitir ou flexibilizar direitos para que ela provem se realmente não têm dinheiro para pagar os trabalhadores. Além disso, é necessário ter um programa claro para defender os trabalhadores terceirizados, lutando contra o PL 4330 e pela efetivação dos terceirizados com os mesmos salários e direitos que os efetivos.

É necessário uma alternativa à esquerda da CUT, CTB, Força Sindical e demais centrais governistas. A raiva dos trabalhadores precisa encontrar eco, ganhar os locais de trabalho e as ruas. Contra o SIM da austeridade do governo Dilma, apoiado pela burocracia dos sindicatos, temos que dizer, em alto e bom som, que NÃO iremos aceitar e a resistência será organizada. Contra Dilma e a oposição de direita, é necessário construir essa alternativa pelo futuro dos trabalhadores desse país.




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