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MEIO AMBIENTE | Dia mundial do Meio Ambiente: nada a comemorar, mas um mundo para transformar

sábado 5 de junho de 2021 | Edição do dia

Neste sábado, 05 de junho, é celebrado em todas as partes do mundo o Dia mundial do Meio Ambiente, de tal forma que os diversos setores da mídia burguesa clamam por comemorações e propagandas de empresas capitalistas, competindo entre si sobre qual delas é a mais “verde”, e qual delas “se importa” mais com o futuro de nosso planeta. No entanto, por trás de todo embelezamento das propagandas burguesas, os governos capitalistas, em especial os imperialistas, aplicam cada vez mais ofensivamente medidas que permitem o avanço de sua destruição dos nossos recursos naturais e biomas. A grande mídia, aliada dos governos e empresários capitalistas, faz demagogia para tentar conter a revolta que aumenta, em especial nos jovens, contra a destruição ambiental. Todas as medidas são tomadas para que aqueles que despertam politicamente em defesa do meio ambiente não cheguem a uma conclusão fundamental: o terreno da produção capitalista revela a hipocrisia desses setores que diariamente destroem nosso planeta, e nossa luta deve ser para transformá-la pela raiz.

Tendo em vista a situação climática extremamente drástica a qual chegamos, fruto da exploração capitalista selvagem da natureza, como fonte de recursos ou depósito de resíduos, cabe aos marxistas revolucionários e aos trabalhadores expor a dinâmica do modo de produção capitalista, a irracionalidade do mercado, e a consequente destruição impulsionada pela burguesia, que não mede esforços para garantir sua acumulação de capitais, mesmo que para isso ameace todo o futuro da humanidade. Como dizem os jovens de todo o mundo, “não existe planeta B”, e nesse sentido nós jovens marxistas queremos dialogar com todos os jovens que defendem o meio ambiente, e mostrar que a única saída de fundo contra a destruição do meio ambiente, é a destruição desse sistema capitalista, com uma perspectiva revolucionária e socialista que só pode ser levada a frente pela classe operária organizada junto aos camponeses pobres, povos indígenas, ambientalistas etc., batalhando por uma sociedade onde o homem e a natureza vivam em harmonia. Nesse sentido, reformas e transformações individuais não serão o suficiente para reverter a situação.

Há também setores que resumem os problemas ambientais a um aspecto individual, onde para mudar o planeta bastaria que cada indivíduo economizasse água, energia, reciclasse, parasse de comer carne etc. Sem dúvidas essas são questões que não podemos desconsiderar, no entanto, nos marcos da sociedade capitalista, aqueles que realmente desperdiçam nossa água, poluem e acabam com toda a forma de preservação ambiental são as grandes indústrias, os grandes latifúndios da agropecuária, e as grandes empresas, em suma: a burguesia. O problema ambiental, antes de pairar de maneira abstrata pela sociedade, é um problema estrutural de uma sociedade dividida em classes, é impulsionado por um sistema que garante riquezas para alguns e miséria para muitos, arriscando nossas condições de sobrevivência.

Além disso, de um lado, estão os imperialistas como Biden (EUA) e Macron (FR), que fazem demagogia aos quatro cantos do mundo com a pauta ambiental, justamente esses que são os maiores financiadores de todo tipo de destruição, tentam iludir a juventude e os trabalhadores que é possível dentro do modo de produção capitalista a preservação progressiva de tudo que destroem em velocidades alucinantes. Empresários em todo o mundo buscam ser porta-vozes de uma suposta “produção ecológica”, como é o caso da Natura no Brasil, que não passam de falácias e medidas cosméticas para esconder sua responsabilidade nessa destruição. Há também aqueles setores burgueses que são diretamente negacionista, negando o aquecimento global e a situação alarmante que os dados apontam anualmente sobre a eminência de aumento das crises climáticas. É isso que vemos no atual governo reacionário de Bolsonaro, Mourão, militares e golpistas que, com seu ministro do meio ambiente Ricardo Salles, não mede esforços para “passar a boiada”.
Por outro lado, boa parte da esquerda aposta em saídas reformistas e institucionais para a solução do problema, reivindicando leis, acordos e cúpulas pelo clima que não levam a nenhuma resolução do problema, apostando sua confiança nesses mesmos governos responsáveis pela destruição ambiental. Ou defendendo medidas como o Green New Deal, um plano criado para que as megacorporações responsáveis pela catástrofe ecológica sejam as que desenvolvam infraestrutura para sair da crise. Esses setores desconsideram a base econômica que dá sustentação a todo o cenário de destruição que estamos vivendo e clamam por reformas governamentais que defendem o meio ambiente, gerando ilusão em amplos setores.

Para contradizer tal argumento, podemos utilizar da célebre obra do Manifesto Comunista escrita por Marx e Engels, em que os dois comunistas deixam claro que o Estado não passa de um balcão de negócios da burguesia, de tal modo que qualquer tentativa de resolver o desastre ambiental através de instituições controladas pelos mesmos que atacam nossos ecossistemas resultará em fracasso, ou somente em medidas paliativas que serão descartadas tão logo a burguesia queira. No Brasil, vemos que as leis de proteção são criadas e revistas de acordo com os interesses dos capitalistas, e por mais que haja discursos diferentes, todos os atores do regime como o Congresso e o STF, na hora de defender os lucros em cima da destruição, desmatamento, poluição do ar, dos rios, das matas, e ataque às comunidades indígenas e quilombolas - todos estão de mãos dadas. Da mesma forma, o marxismo nos apresenta que uma relação harmônica com as naturezas só pode ser conquistada através da superação desse sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção, quando todo o avanço das forças produtivas que a humanidade adquira não esteja em contradição com a preservação ambiental e as necessidades humanas, dentre as quais se encontra a necessidade de um meio ambiente saudável.

Sendo um problema de classe, a única classe fundamental de nossa sociedade que pode levar a frente a defesa do meio ambiente, que cada vez mais demonstra inclusive frente a pandemia que são os que movem o mundo, é a classe trabalhadora. São os filhos dos trabalhadores que pagam o preço da destruição ambiental, que andam nas margens de rios contaminados, que brincam nas áreas desmatadas. Recentemente, uma greve petroleira da França, demonstrou na prática que a aliança entre a classe trabalhadora e os ambientalistas é a única força capaz de levar a frente qualquer transição ecológica real, que não seja a farsa dos “greenwashings” burgueses, que de uma forma ou outra, em um país ou outro, nos levam à crise ecológica.

Veja mais sobre essa luta: [ENTREVISTA] Balanço da luta de petroleiros em Grandpuits, na França: “nossa luta fincou as bases para o conjunto da classe trabalhadora”

Sendo assim, neste dia mundial do meio ambiente, nós marxistas queremos proclamar em alto e bom som que a luta ambientalista está intimamente ligada com a luta pelo fim do modo de produção capitalista e toda a lógica destrutiva que o sustenta. Os inimigos do meio ambiente são os mesmos que exploram, oprimem e submetem cotidianamente a classe trabalhadora, as mulheres, negros, LGBT’s e os povos originários em favor do lucro. Apenas esses setores unidos sem nenhuma confiança na burguesia ou sem suas instituições, podem levar a frente uma verdadeira revolução na relação do homem com o meio ambiente. Ou seja, a luta ambiental deve ser feita com uma estratégia operária e revolucionária, deixando claro que a intensa emissão de gás carbônico, o desmatamento, a destruição dos biomas a favor do agronegócio e todo o tipo de ataque às comunidades indígenas e aos pequenos camponeses são obras dos grandes capitalistas, que submetem todas as esferas de nossas vidas à irracionalidade do mercado e a produção de mercadorias.

Como disse Letícia Parks, no vídeo abaixo, “um meio ambiente ecologicamente equilibrado, que garanta que as presentes e futuras gerações também tenham água limpa, ar puro e florestas em pé, só é possível fora do capitalismo e com a união dos trabalhadores da cidade, do campo e dos povos das florestas.” A saída é uma só: se organizar em cada local de trabalho e estudo para que sejam os capitalistas que paguem pela crise atual, para derrubar o capitalismo através da revolução socialista. O grito de Rosa Luxemburgo por “socialismo ou barbárie” nunca esteve tão atual. Que os trabalhadores tomem os meios de produção e construam uma sociedade de produtores livremente associados, que garanta uma vida em plena harmonia com o meio ambiente. Essa é uma sociedade comunista!




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