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EDUCAÇÃO | Dia dos professores em tempo do Bolsonarismo

Sergio AraujoProfessor da rede municipal de São Paulo e integrante do Movimento Nossa Classe Educação

terça-feira 15 de outubro de 2019 | Edição do dia

Imagem por: Vitor Teixeira

Na véspera do dia dos professores a câmara dos vereadores de Belo Horizonte aprovou o Projeto de Lei Escola Sem Partido, uma verdadeira afronta aos professores de todo o país que vêm se posicionando contra esse PL desde 2016. Estamos diante de um governo reacionário e autoritário que defende abertamente a militarização nas escolas públicas e fomenta a perseguição e violência nas escolas como vem se aprofundando nesse último período, enquanto atacam a educação pública em prol da ganância dos capitalistas, avançando a mercantilização da educação.

Os ataques ideológicos que caem sobre os ombros dos professores não são pura e simplesmente para desqualificar nosso trabalho, têm como objetivo terceirizar e privatizar a educação beneficiando com dinheiro público os empresários que estão por trás de programas como Inova e Novotec, programas recentes aprovados pelo governo do Estado de São Paulo que efetivamente significam ampliação da educação à distância e estritamente profissionalizante.

Não podemos descolar a reestruturação da educação dos ajustes fiscais como a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência, medidas para seguir subordinado a economia do país ao imperialismo. O capitalismo segue em crise em todo o mundo e os ataques que estamos vivendo na educação estão a serviço de salvar os grandes barões da educação da crise que os assolam.

Não é a toa que a escola pública vem sofrendo um verdadeiro desmonte por meio de sucateamento dos recursos. O resultado final desse sucateamento é a privatização da educação. A PEC 95, também conhecida como a PEC do Fim do Mundo, aprovada pelo golpista Michel Temer congela os gastos públicos durante 20 anos, na educação, na saúde e todos os serviços sociais. O congelamento desses gastos está ligado diretamente a uma política neoliberal que visa ampliar a extração de lucros por meio de implementar educação à distância (e ampliar as fronteiras da privatização do ensino).

Voltemos novamente para o exemplo do Estado de São Paulo, onde os professores estaduais apesar da burocracia dirigente da APEOESP deram uma importante manifestação de vontade lutar em um ato, sequer chamado como paralisação) contra a portaria 6 que é um duro ataque a estabilidade funcional das professoras e professores do Estado. Em São Paulo vemos avançar a passos largos a implementação da privatizacão e rebaixamento curricular, somando-se a anos de sucateamento das escolas e ataques aos professores. O Instituto Airton Senna, uma organização privada, oferece o programa Inova Educação, que são cursos à distancia para os professores da rede estadual de São Paulo. É esse Instituto representante dos interesses empresariais, que pauta as três novas disciplinas que o "governador" empresário João Dória impôs na grade curricular e que serão ministradas a partir de 2020.

A desqualificação da categoria de professores por esse governo está intimamente ligada a necessidade de subjugar toda a juventude que sai das escolas e são uma mão-de-obra precária no mercado de trabalho sem reflexões sobre o sistema que os oprime e explora todos os dias, o capitalismo. Mão de obra precária e "empreendedora", expressão do momento para caracterizar e subjugar o novo trabalhador desses tempos de reestruturação produtiva a uma vida sem direitos trabalhistas, previdenciários, sem direito a saúde e lazer. É esse trabalhador "empreendedor" que a Reforma do Ensino Médio, o programa INOVA e outras iniciativas do tipo espalhadas pelo país querem formar. Nesse sentido a política educacional vem complementar os ataques estruturais que a classe trabalhadora vem sofrendo no país!

Outro engodo que se espalha a partir dos discursos oficias dos governos e da mídia burguesa é o ensino tecnológico no compasso da assim chamada, de modo triunfalista, "quarta revolução industrial". Pura propaganda barata que é imediatamente confrontada com a total falta de estrutura física nas escolas, fala-se em lousas digitais, impressoras 3D, mas as escolas ficam alagadas a cada chuva forte, faltam materiais básicos como sulfite e giz. O ensino tecnológico, como propagandeado pelo governo de São Paulo não almeja formar técnicos ou futuros desenvolvedores de tecnologia (como vimos, as escolas não possuem a mínima infraestrutura para isso), quando muito, almeja familiarizá-los com os avançados métodos de controle da produção e do trabalhador sendo implementados na indústria e nos postos de trabalho, como principal expressão da "quarta revolução industrial" em países onde a classe trabalhadora é ainda mais explorada, como o Brasil.

No discurso de posse de Bolsonaro ele se posicionou claramente contra os professores, se colocando como inimigo dessa categoria. Se declarar inimigo dos professores em especial das escolas públicas tem um por quê. Os professores são uma categoria que sempre lutou por uma educação de qualidade que atendesse as demandas dos filhos da classe trabalhadora, e desde 2015 entenderam o golpe institucional que estava a galope contra a classe trabalhadora e vem desde então fazendo paralisações e sendo linha de frente contra esse processo.

Os ataques que esse governo conservador desfere sob os professores revela a importância de resistência dessa categoria, que mesmo diante da precarização que os capitalistas submetem a escola pública, seguem resistindo nas salas de aulas e nas ruas. Não nos deixemos intimidar pelos conservadores, sigamos na luta e nas ruas com essa força imparável que é a dos professores.




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