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PETRÓLEO E PRIVATIZAÇÕES | Desvalorização cambial ameaça petrolíferas latino-americanas, diz Moody’s

sexta-feira 17 de abril de 2015 | 00:01

São Paulo, 16 abr (EFE).- As grandes petrolíferas e as empresas de bens de consumo da América Latina podem enfrentar dificuldades pela acentuada depreciação cambial das moedas dos países da região em relação ao dólar, segundo um relatório apresentado nesta quinta-feira em São Paulo pela agência de classificação de risco Moody’s.

"As gigantes petrolíferas Petrobras (Brasil) e Pemex (México) enfrentam pagamentos de juros atrelados ao dólar e investimentos mais custosos que os da maioria das outras empresas integradas de petróleo latino-americanas", disse no relatório Bárbara Mattos, vice-presidente e analista sênior da agência.

A estatal brasileira Petrobrás publicou no ano passado um plano de investimento de 220 bilhões de dólares para o período de 2014 a 2018, com gastos que se concentram principalmente na área de exploração e produção de petróleo. Em 2013, o faturamento empresa foi de 104 bilhões de dólares. Ou seja, a estatal aplica um plano de investimento que corresponde a mais que o dobro de suas vendas durante um ano.

Para a Moody’s, a desvalorização das moedas da América Latina frente ao dólar em 2015 e 2016 afetará o fluxo de caixa de empresas com "dívidas significativas denominada em dólares" e vencimentos nesse período.

Esse aumento de endividamento (que se acentua devido à desvalorização cambial na América Latina) caminha no sentido de fortalecer o capital estrangeiro norte-americano, que poderá se aproveitar dessa fragilidade por meio das privatizações e terceirizações no setor. A Pemex mexicana, por exemplo, como fruto direto da reforma energética aprovada no final de 2014 que abriu para capital estrangeiro o setor de petróleo, gás e energia elétrica, anunciou corte de 62 bilhões no orçamento e demissão em massa de cerca de 60 mil trabalhadores no início desse ano.

No Brasil, a situação econômica também se combina com os escândalos de corrupção que envolveram a estatal e fizeram suas ações sofrerem forte desvalorização. Além disso, a empresa brasileira, como forma de conter os gastos, também vem aplicando Plano de Demissões Voluntárias que teve a adesão de 8 mil trabalhadores, sendo que destes apenas 60% dos postos de trabalho serão repostos, aumentando a terceirização na estatal. Atendendo a esta política, que não é defendida só pela oposição tucano ou os grandes jornais, o governo Dilma já iniciou uma privatização parcial da Petrobrás, anunciando a venda de vários ativos, começando pelos navios da Petrobrás.
Em contrapartida, a agência disse que o câmbio, com um dólar forte, oferece "vantagens consideráveis" para os negócios com base exportadora e que têm a maioria de suas despesas em moeda local.

No entanto, ressaltou a analista, "recentemente e à medida que as moedas locais perdiam espaço para o dólar e para outras moedas fortes, os pagamentos de juros pelos tomadores e outros custos subiram".

Nesse cenário, acrescentou Mattos, as empresas que utilizam "principalmente" financiamento estrangeiro, mas obtêm a "maior parte" de faturamento no país, tornam-se "mais vulneráveis" e enfrentam "pressão imediata". (Ver: O dólar forte pode desencadear nova crise financeira internacional).

O relatório "Exportadores de Produtos Vulneráveis, Companhias Aéreas Frágeis, Petróleo e Setor de Bens de Consumo" indicou igualmente que esse enfraquecimento das moedas locais "aumenta os custos de produção", que muitas vezes não podem ser repassados aos consumidores.

Menos vulneráveis à depreciação cambial, destacou o relatório, aparecem os setores de construção, siderurgia, açúcar e etanol e telecomunicações.

EFE/Esquerda Diário




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