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DESEMPREGO RECORDE | Desemprego no mercado de trabalho brasileiro é o maior em 25 anos

A taxa de ocupação recuou a 86% de Janeiro a Abril de 2017, apresentando a pior situação em 25 anos, é o que afirmam os economistas Bruno Ottoni e Tiago Barreira da FGV ao reconstruírem a série de mercado de trabalho desde 1992.

segunda-feira 5 de junho de 2017 | Edição do dia

Nem nas sucessivas crises dos anos 1990 havia tido tamanha destruição dos empregos, segundo esta pesquisa. Apesar de anúncios acerca de sinais de redução da retração do PIB, o governo não consegue esconder a continuidade da queda livre no mercado de trabalho. A população ocupada, segundo os economistas, diminuiu em 2,3 milhões de pessoas desde 2014.

A forma como se mede a taxa de ocupação, no entanto, aponta tendências em relação ao emprego, mas não dá conta de revelar o nível de emprego real. Em primeiro lugar porque pessoas que declaram ter tido algum tipo de atividade remunerada são incluídas na taxa de ocupação, significa que se um trabalhador conseguiu em um dia do mês um bico, ele está neste percentual. Segundo porque o percentual é medido na comparação entre os “ocupados” em relação conjunto da força de trabalho, ocorre que neste tipo de pesquisa só fazem parte do conjunto da força de trabalho aqueles que estão “desocupados” mas procuraram emprego recentemente, aqueles que por alguma razão não procuraram, não são incluídos. Portanto, número de desempregados muito maior do que apresentam essas taxas de ocupação e desocupação. Ainda assim, esta pesquisa consegue mostrar a tendência de queda livre nas taxas de emprego, como mostra o gráfico da série histórica. O fato é que não há nenhum sinal de curva para o alto na linha destes gráficos.

Os mesmos economistas, assim como o conjunto dos economistas burgueses que defendem a precarização da vida dos trabalhadores como saída para a crise, apresentam como causa da tamanha queda no emprego a formalização do trabalho. Segundo analisam, como houveram maiores contratações de empregos formais no último período, fica mais difícil dos patrões precarizarem o trabalho, reduzirem os salários para manterem os seus lucros como fizeram em outras crises em que havia maior mercado informal de trabalho, então, acabam demitindo os trabalhadores. Deste ponto de vista, a culpa dos trabalhadores estarem desempregados é dos direitos trabalhistas, a solução lógica seria a retirada de direitos trabalhistas, então não se precisaria demitir tanto.

Trata-se de uma análise feita do ponto de vista dos grandes capitalistas, colocando a culpa do desemprego no próprio trabalhador, e não no fato de que os patrões querem manter os mesmos índices de lucro, e a mesma taxa de acumulação de capital em meio à crise, e por isso querem transferir as contas da crise à vida dos trabalhadores que não a criaram. Chega-se a conclusão que com a crise deve ser cortado de algum lado. A conclusão mais lógica e racional dos burgueses é que não deve ser cortado da acumulação de capital de um punhado de bilionários, mas sim da esmagadora maioria da população, fazendo com que paguem pela crise com suas vidas.

Apesar de receberem rios de dinheiro público com todo tipo de financiamentos públicos, e através da exploração do trabalho, não possuem nenhuma responsabilidade em devolver o que recebem à sociedade em forma de empregos, e quando bem entendem, demitem, deixam de investir na produção, os bilhões do dinheiro público extraídos dos impostos da população e dado como incentivos a grandes empresários ficam guardados em seus cofres. A saída deste ponto de vista burguês seria manter a transferência de renda dos cofres públicas aos grandes capitalistas para os “incentivarem”, através do pagamento da dívida pública, através do BNDS, e uma série de outras formas, precarizar a vida da população gastando menos com educação, saúde, cortar direitos trabalhistas, como com a reforma trabalhista e a da previdência, reduzir salários, piorar as condições de trabalho.

Já sabemos a saída dos grandes capitalistas e de seus comparsas (os políticos que querem a provar a reforma trabalhista e da previdência) que é divulgada e propagandeada com status de ciência nos meios de comunicação burgueses. Qual seria a saída dos trabalhadores para o problema do emprego e da crise?

Certamente para os trabalhadores seria muito mais eficaz a escala móvel de horas. Redução das horas trabalhadas sem redução dos salários, dividindo as horas de trabalho entre toda força de trabalho, absorvendo assim os trabalhadores desempregados na produção. Desta forma, a crise seria paga por quem a gerou, ou seja, os grandes capitalistas. Para os trabalhadores seria também necessário acabar com a transferência de recursos públicos aos banqueiros através da dívida pública. Através de uma nefasta cobrança de juros o governo deixa incessantemente metade do orçamento federal para o pagamento da dívida. Assim, cortaria dos bancos, e não teria que cortar da previdência. Não haveria de deixar tão precárias a saúde e a educação públicas.

A única forma de conquistar uma saída para a crise que seja a saída dos trabalhadores é construir uma greve geral que supere as burocracias sindicais através de comitês de base, até derrubar as reformas e Temer, para não apenas mudar um presidente aliado aos burgueses, por outro que também seja, mas mudar as regras do jogo, e impor uma assembleia constituinte através desta luta, instituindo a escala móvel de horas, escala móvel de salários, impondo fim dos privilégios aos políticos que os mantém afastados das condições de vida do conjunto da população, revogando todas as leis antipopulares, para que os capitalistas paguem pela crise.

*Dados de pesquisa divulgados na Folha de São Paulo




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