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MUDANÇA DE PARTIDO | Deputados e Senadores trocam de partidos para escapar da crise política: qual é a saída dos trabalhadores?

65 deputados federais mudaram de legenda partidária segundo o balanço parcial da Câmara dos Deputados. estas trocas ocorreram na chamada janela partidária que terminou no ultimo dia 19, prazo dentro do qual os parlamentares podem migrar de partido sem que percam o seu mandato

terça-feira 22 de março de 2016 | Edição do dia

Saiu no site do UOL que 65 deputados federais mudaram de legenda partidária segundo o balanço parcial da Câmara dos Deputados. De acordo com o próprio site, estas trocas ocorreram na chamada janela partidária que terminou no ultimo dia 19, prazo dentro do qual os parlamentares podem migrar de partido sem que percam o seu mandato. O numero de deputados pode crescer, pois o numero final de troca-troca de deputados será contabilizado pela Câmara nesta semana, já que os parlamentares podem comunicar a mudança de filiação depois do prazo.

Nesta troca partidária, de acordo com o mesmo site UOL, o PR e o PTN foram os que ganharam mais deputados, dez e nove, respectivamente. Entre saídas e entradas, ambos ficaram com um saldo de seis deputados a mais. Entre os partidos que saíram perdendo com a saída de deputados foi o PSDB, que ficou com quatros deputados a menos. O PT perdeu apenas um deputado, que migrou para o PROS.

Em 2015, as legendas que mais sofreram com a saída de parlamentares foi o PT e o PROS, que perderam quatros deputados cada e não filiaram mais nenhum. Por sua vez, o partido que mais lucrou com as trocas partidárias foi o novo Partido da Mulher Brasileira que teve mais 22 filiados. Até agora, os novos partidos criados foram que mais receberam filiados.

Já no Senado, o numero de senadores que mudaram de partido foram sete. Dentre estes está o conhecido alagoano Fernando Collor de Mello, que saiu do PTB e agora está sem partido. O motivo do afastamento de Collor foi que o senador é contra o Impeachment de Dilma, posição contraria ao PTB, para o qual, nas palavras de Cristiane Brasil do Diretório Central, “Esse governo acabou, e é preciso que o Diretório Nacional do PTB e sua bancada parlamentar estejam absolutamente juntas com o povo brasileiro”.

Algumas trocas que chamam a atenção foram do deputado federal reacionário Jair Bolsonaro do PP para o PSC (Partido Social Cristão), a saída do senador do Paraná Álvaro Dias do PSDB para o PV e da mudança não formalizada do líder do PROS, Hugo Leal que vai para o PSB. Hugo Leal não faz muito tempo estava na vice- liderança do Governo e agora vai para um partido que é oposição ao governo de Dilma.
As trocas partidárias não ficam somente em âmbito federal, pois nos estados os deputados também realizam trocas. De acordo com uma matéria da gazeta do povo do Paraná, de cada quatros deputados estaduais um já trocou de partido nos últimos três anos. Em São Paulo, a saída mais emblemática foi da Marta Suplicy que trocou o PT pelo o PMDB para poder concorrer às eleições para a prefeitura de São Paulo.

O primeiro elemento que podemos concluir com esta pesquisa é que as trocas partidárias são fruto da crise política e econômica que o país está vivendo. Esta crise política, fruto dos ataques que os governos estão implementando, mas também pelos escandalosos casos de corrupção que estamos presenciando, atingem diretamente o PT e também toda a oposição burguesa ao atual governo.

Isso mostra que os trabalhadores e demais setores populares da sociedade vêem com desconfiança e a cada dia vez mais começam a desacreditar neste regime político podre. Ao perceber a crise que abriu-se em junho de 2013, os parlamentares procuram ter uma posição melhor pra continuar mantendo os seus privilégios e continuarem colocando seus mandatos a serviço dos grandes empresários, empreiteiras e dos bancos.

A prova viva disso é que neste ano o PSDB foi o partido que mais perdeu parlamentares e o ano passado o PT também sofreu uma baixa política. O PT que está na linha de frente para aplicar o ajuste fiscal contra os trabalhadores e os demais setores populares da sociedade está envolvido em caso de corrupção da Petrobras. O PSDB por sua vez reprimiu brutalmente os professores do Paraná, tentou fechar escolas no Estado de São Paulo e está envolvido nos mesmos casos de corrupção do PT, mas também em outros como a fraude das merendas e o trensalão.

É importante analisar os rachas dentro dos partidos da burguesia. De um lado temos o PSDB que perdeu o empresário Andrea Matarazzo, que supostamente rompeu por conta da disputa interna entre José Serra e Geraldo Alckmin para a presidência da republica de 2018. Mas por trás desta disputa, pode se indicar uma saída do José Serra para o PSD para facilitar as tentativas de um novo governo pós Dilma junto com o PMDB.

O PMDB, o principal partido do regime burguês brasileiro também tem as suas disputas internas. Temos a ala de Michael Temer, vice-presidente da Republica, que apoia o governo de Dilma que disputa com a oposição ao governo ministérios e outros cargos pra ver qual das alas fica melhor localizado pra atacar os trabalhadores. Esta disputa ganha um novo capitulo quando o PMDB coloca em questionamento seu apoio ao governo na ultima convenção partidária.

As demandas elementares como mais educação, transporte e saúde que foram erguidas durante as manifestações de Junho de 2013 não foram atendidas pelo os governos. O que se viu depois de Junho foi muita promessa de mudança e de que as “conquistas sociais” tinham que ser aprofundadas e no ano seguinte veio ajuste fiscal e demissões, deixando os escândalos cada vez mais evidentes.

Vemos ainda o PT que não consegue aplicar os ataques que alguns setores da burguesia querem e com isso começam a ver que o PT na crise não serve para atender os seus interesses. Neste sentido estas alas começam a se organizar em outros partidos, capazes de impulsionar os ataques contra os trabalhadores e também de canalizar a insatisfação da população para manter o regime como está.

Contra a crise política, é preciso um movimento nacional contra os ajustes que se enfrente contra o impeachment reacionário da direita, mas também contra o governo dos ajustes de Dilma. É preciso que a esquerda como o PSTU, organização majoritária na CSP-Conlutas, ao invés de defender uma política que na prática é estar ao lado da direita e do impeachment, com o Fora Todos, dirija-se a CUT e CTB para que rompa com o governo e comece a colocar em pé este movimento contra os ajustes e a impunidade.

Sem este movimento nacional contra os ajustes e o impeachment, vamos continuar vendo a insatisfação da população ser canalizada por grupos de direitas como o MBL, Revoltados ON Line e o Vem Para a Rua, mas também por figuras como o Juiz Sergio Moro. O governismo através da CUT, CTB, MST e a UNE tenta como o lema da ‘’defesa da democracia’’ canalizar o sentimento honesto de milhares de pessoas que saíram as ruas no dia 18.

Um movimento nacional contra os ajustes e a impunidade tem que ser capaz de lutar por uma assembleia constituinte livre e soberana, capaz de impor com a força da luta dos trabalhadores que todo funcionário de alto escalão ganhe igual a um professor, que os mandatos sejam revogáveis e que os juízes sejam eleitos. Só assim que podemos acabar com a farra dos políticos da burguesia.




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