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MACHISMO | Deputado machista do PSL culpa saias e decotes por estupros: "vocês sabem o risco que estão correndo"

Na última terça (7), Jessé Lopes, deputado de extrema direita do partido de Bolsonaro (PSL) de Santa Catarina, teve a coragem absurda de afirmar na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) que chamar atenção de estupradores é uma escolha da mulher.

terça-feira 14 de maio de 2019 | Edição do dia

De forma repulsiva, o deputado disse: “Se você quer andar na rua com sua sainha, seu shortinho, com seu decote, ótimo. Você quer chamar a atenção de estupradores, vocês sabem o risco que estão correndo. Se você se deparar com essa situação, lamento.”

A votação se tratava de um projeto de lei contra o assédio e a cultura do estupro em órgãos públicos de Santa Catarina, que foi aprovado. Jessé Lopes foi um dos dois deputados que votaram contra o projeto de lei. O outro deputado foi Bruno Souza do PSB.

Com seu moralismo reacionário, Jessé Lopes colabora para difundir uma ideologia conservadora presente no discurso do presidente, também de extrema-direita, Jair Bolsonaro. O conservadorismo hoje é campanha para avalizar a situação asquerosa pelas quais as mulheres passam no Brasil e promove um discurso mentiroso de que as mulheres é que são culpadas pelos casos de estupro.

Uma matéria da BBC de 2017 mostra dados que dizem que 70% de vítimas de estupro no Brasil são crianças ou adolescentes; 67% da população tem medo de ser vítima de agressão sexual; 527 mil pessoas são estupradas por ano; os principais agressores de crianças e adolescentes são pais e padrastros, ou amigos e conhecidos da vítima; e 70% dos estupros em geral são cometidos por parentes, namorados, amigos ou conhecidos das vítimas.

Ou seja, o argumento de Jessé Lopes só fomenta a revoltante realidade do nosso país, em que os estupros e a violência são presentes na vida de milhares de mulheres, principalmente as pobres e trabalhadoras, presente em todos os lugares, seja na rua, no trabalho ou nos locais de estudo. Essa realidade é resultado de uma ideologia patriarcal e burguesa que enxerga a mulher como propriedade do homem. A mesma ideologia reproduzida e legitimada pelo Estado, Igrejas, patrões, e de maneira mais nojenta, pelo deputado, assim como pelo presidente, que chegou a dizer anteriormente à deputada Maria do Rosário que ela não merecia ser estuprada porque era uma “vagabunda”.

Por isso, é necessário que haja educação sexual nas escolas, para que as mulheres tenham o direito de decidir sobre o próprio corpo e se livrem das amarras promovidas por Bolsonaro e sua corja com declarações como essa e o Escola Sem Partido, assim como a garantia de aborto legal, seguro e gratuito em todos os casos, e principalmente nos casos de estupro, contra as ideias colocadas por Damares, com seu Estatuto do Nascituro. Nesse mesmo sentido, é urgente um plano de emergência que combata a violência contra a mulher, que faça com que o Estado garanta auxílio financeiro, casas de abrigo e plano de moradia, para acabar com a miséria que está colocada às mulheres.

Confira a proposta de Plano Nacional de Emergência contra a violências às mulheres




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