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Depoimentos de ativistas, intelectuais e artistas sobre o 2º Seminário de Negros e Negras da USP

segunda-feira 22 de junho de 2015 | 00:30

No segundo dia do Seminário de Negros e Negras da USP, o Esquerda Diário entrevistou ativistas, intelectuais e artistas que participavam do Encontro. Acompanhe abaixo os depoimentos de GOG (Rapper), Zezé (Núcleo de Consciência Negra), Douglas Belchior (UneAfro), Dennis Oliveira (Quilombração) e Ricardo Bonete (União Social dos Imigrantes Haitianos)

Zezé (Núcleo de Consciência Negra)

"Esse seminário tem uma importância fundamental que é de agregar força. Buscar unidade, trazer a juventude, principalmente a juventude negra para o campo de luta. Estamos numa conjuntura extremamente perversa com vários ataques à classe trabalhadora, à juventude, a questão da diminuição da maioridade penal é um ataque brutal contra a juventude, contra a população pobre."

Ricardo Bonete (USIH)

"Esse seminário é muito legal para falar dos negros, da situação dos negros no mundo inteiro. A gente está falando da MINUSTAH, que está ocupando o Haiti desde 2004. A situação dos haitianos é muito difícil, muito triste. Eles estão vindo pelo Acre. Em São Paulo no centro, chegam a dormir na rua pelo chão, no frio isso é muito triste para nós."

GOG (Rapper)

"Estou aqui no I seminário de negras e negros da USP. Eu acredito que esse espaço aqui ele é uma encruzilhada no sentido que ele nos chama ao conflito. A universidade de São Paulo, a USP, ela não tem a discussão fecunda e profunda das cotas raciais, que é nada mais nada menos que uma reparação. A minha cota eu queria em dinheiro, mas eles não dão em dinheiro. E a importância disso aqui é que nós fizemos isso aqui. Então isso aqui hoje é um território negro, a embaixada da negritude. Hoje aquilombe-se!"

Douglas Belchior (UneAfro)

"Eu penso que o desafio dos negros e das negras no Brasil e dessa geração que surge agora cheia de energia, vontade e autonomia, não é só se dedicar à organização da luta segmentada negra, mas da luta no Brasil, da luta e da reorganização da luta de classes no brasil a partir do lugar do negro, a partir da nossa organização negra da periferia, da favela, da comunidade. Isso talvez seja esse um momento de pensar sobre isso também."

Dennis Oliveira (Quilombação)

"A USP, a Universidade de São Paulo, é uma universidade que historicamente tem um perfil conservador, elitista. É a única das grandes universidades brasileiras que rejeita a adoção de cotas raciais. É uma universidade onde os poucos alunos negros e alunas negras desta universidade veem sofrendo uma série de ataques, uma série de violências contra as suas reivindicações. Por isso é muito importante que, apesar de tudo isso os negros e negras da Universidade de São Paulo estão se organizando, discutindo o tema e pressionando para que as bandeiras do movimento negro sejam implementadas.

E muito mais importante ainda, no momento que a gente observa o racismo cada vez mais recrudesce no Brasil, com a questão do genocídio da juventude negra que tem se intensificado cada vez mais, com os ataques, a intolerância religiosa, o caso aí recente da menina no Rio de Janeiro que foi agredida fisicamente por ser de uma religião de matriz africana e todo esse avanço da direita com a redução da maioridade penal, redução de direitos que estamos observando. É muito importante que alunos negros e alunas negras mantenham a chama acesa da luta, se organizem. E espero que esse seminário tire pautas, bandeiras, projetos que unifique a luta de negros e negras aqui na universidade."




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