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BOKO HARAM | Denunciam o sequestro de 500 mulheres e crianças no norte da Nigéria

Mais de 500 mulheres e crianças podem ter sido sequestradas no norte da Nigéria pelo grupo fundamentalista Boko Haram, antes de deixar a cidade de Damasak, no estado de Borno. Isso teria ocorrido dias depois da cidade ter sido ocupada pelas tropas de Chade e Niger, segundo indicaram residentes locais.

Josefina L. MartínezMadrid | @josefinamar14

sexta-feira 27 de março de 2015 | 00:00

“As mulheres e as crianças foram sequestradas depois da chegada das tropas”, disse aos jornalistas um morador de Damasak.

Na semana passada, tropas dos vizinhos Chade e Niger que ocuparam a cidade enfrentando as milícias do Boko Haram encontraram dezenas de cadáveres. Damasak ainda se está sob controle dos exércitos desses países. As autoridades nigerianas não fizeram declarações sobre o sequestro massivo denunciado pelos habitantes da cidade.

As tropas nigerianas encabeçam uma ofensiva conjunta com outros exércitos regionais para derrotar o Boko Haram, às vésperas das eleições nigerianas que se realizarão no dia 28 de março.

A intervenção militar contra o Boko Haram está formada pelos exércitos da Nigéria, Niger, Chade e Camarão, contando com o apoio de drones e treinamento dos exércitos da França e Estados Unidos. Está integrada também por mercenários, como os da antiga empresa de segurança privada Executive Outcomes, formada por ex-militares sul-africanos. Também se registrou a presença de mercenários provenientes do Leste Europeu.

O governo da Nigéria assegurou nas últimas semanas que esta ofensiva tem permitido “recuperar” para seu controle mais de 30 localidades, freando o avanço do Boko Haram. Isto é, pelo menos, a mensagem que o atual presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, quer passar a poucos dias das eleições em que tentará ser reeleito.

O grupo Boko Haram defende a ideologia reacionária de aplicar a “Lei islâmica” em toda a sociedade, mediante o terror, sequestro e assassinato da população local. Nasceu em 2002 e avança no controle de grande parte do norte da Nigéria, de maioria muçulmana, ao contrário do Sul, de maioria cristã.

Cresceu há alguns anos apoiando-se no desespero de uma população mergulhada na pobreza extrema, na corrupção do governo, na decomposição do Estado e na aguda crise social, apontando o “Ocidente” como a origem dessa situação e se apresentando como alternativa. Possui fortes laços com governantes locais e, internacionalmente, há algumas semanas foi divulgado um vídeo em que juravam fidelidade ao Estado Islâmico. Nos últimos anos tem intensificado seus métodos reacionários de sequestros e assassinatos.

Porém, o governo nigeriano também cometeu assassinatos massivos da população civil e efetuou numerosos fuzilamentos em prisões, como parte da “guerra ao terrorismo”. Ultimamente milhares de pessoas têm sido assassinadas nos enfrentamentos entre este grupo e as forças militares do governo.

A Nigéria tem uma população de 170 milhões, sendo o país mais populoso da África. Possui riquezas naturais subterrâneas de grande valor. Atualmente é o primeiro produtor de petróleo da África, a primeira economia do continente, superando a África do Sul. É o primeiro exportador de petróleo para países como a Espanha e o oitavo exportador do mundo. Porém, 80% da renda derivada da venda de petróleo é apropriado por apenas 1% da população. Com 68% da população abaixo da linha de pobreza, tem uma taxa de desemprego de 24% e a expectativa de vida ao nascer não supera os 52 anos.

A região do Delta do Niger é um verdadeiro paraíso para multinacionais como Shell, Chevron, Texaco, Exxon Mobil e outras. As multinacionais alemãs, inglesas, chinesas e estadunidenses se apropriam de grandes extensões de terras, expulsando grandes parcelas da população rural que migram para as grandes cidades buscando sobrevivência.

Há mais de um ano o Boko Haram mantém mais de 200 meninas sequestradas (se especula que muitas possam ter sido vendidas a redes de tráfico, e outras “casadas” a força com integrantes do grupo). As ações desse grupo são um dos temas que mais influenciarão nos votos dos nigerianos no próximo sábado.

Desde que começaram os enfrentamentos entre o Boko Haram e o Exército nigeriano, há cerca de seis anos, conta-se mais de 13 mil mortes e mais de 1,5 milhão de pessoas deixaram seus locais de origem.




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