Publicamos aqui uma denúncia da coordenadora do MUDI UFMG sobre uma estudante autista que teve sua matrícula indeferida pela banca de validação PCD da UFMG.
quarta-feira 30 de março de 2022 | Edição do dia
Foto: Lucas Braga/ UFMG
" ’Você não acha que esse início de faculdade é difícil para todo mundo?’
Essa foi a a pergunta que mais marcou Jun, caloura autista, na banca de validação PCD, no dia 15 de março, que teve dois laudos atestando sua condição neurodiversa questionados.
’Eu senti que aquele não era o meu lugar, desde o período da matrícula. Na verdade, desde criança, porque eu nunca me vi fazendo faculdade, justamente por saber que seria difícil a adaptação e permanência. Quando passei pela banca, só passava pela minha cabeça que eu sempre estive certa, que aquilo não era pra mim. Foram dias de agonia desde a matrícula. Nenhum PCD deveria passar por isso.’
TEA, ou Transtorno do Espectro Autista, como o próprio nome diz, é um espectro, e TODOS dentro dele, são pessoas com deficiência, não sendo feita nenhuma distinção de grau para assim sermos reconhecidos e amparados legalmente.
No momento em que ouviu esta frase, Jun teve seu direito questionado. No momento em que teve sua matrícula indeferida, por ’não estar em conformidade com o edital’, Jun teve seu direito questionado novamente. No momento em que o edital da reserva de vaga PCD eapecifica, com sua cláusula 6.3 item F) ’não poderão concorrer às vagas reservadas para pessoas com deficiência os candidatos que apresentam: transtornos mentais e comportamentais (CID10-F00-F99)’, Jun teve seu direito negado, uma vez que seu CID de síndrome de asperger, o CID10F84.5, está incluso nesta exclusão.
É para garantir a vaga de direito de Jun, e para que não ocorram novos casos capacitistas discriminatórios, que faço esta fala."
Gabrielle Lopes, coordenadora do MUDI/UFMG - Movimento Universitário de Inclusão
