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UM 1º DE MAIO INTERNACIONALISTA | Del Caño: ‘Está na primeira ordem do dia lutar contra o golpe no Brasil e o ajuste na América Latina’

Nicolas Del Caño, dirigente do PTS e da FIT fala da situação no Brasil, da juventude que sai à luta e da convocatória para o ato de sábado dia 30 em frente a embaixada brasileira em Buenos Aires.

terça-feira 26 de abril de 2016 | Edição do dia

Nicolás del Caño, ex-candidato a presidente da Frente de Esquerda (FIT) e dirigente nacional do Partido dos Trabalhadores Socialistas da Argentina, conversou com o Esquerda Diário sobre a situação na Argentina e no Brasil, com o golpe institucional contra Dilma em um contexto de ajuste do governo do PT. Também falou dos processos na juventude de vários países e convidou ao ato internacionalista que se realizará no sábado, dia 30, pelo PTS em frente a embaixada do Brasil em Buenos Aires.

A dias de um novo 1º de maio na Argentina, os trabalhadores estão recebendo um duro ajuste, tanto do governo nacional como dos demais governos provinciais.

Sim. Este 1º. de maio não será mais um. Como estamos dizendo em todos os lados, o ajuste de Macri e dos governos provinciais, incluindo aos da ‘ Frente para a Vitoria’ como o de Bertone e Alicia Kirckner nas regiões de Terra do Fogo e Santa Cruz, respectivamente, devemos enfrenta-los nas ruas e mobilizados. Nessas duas províncias, os docentes e trabalhadores estatais estão dando um grande exemplo de luta. E na cidade de Buenos Aires estamos vendo outro exemplo, com a luta dos demitidos dos ministérios do Trabalho e Economia.

Fica claro que a chamada ‘Frente Cidadã’ que Cristina Kirchner propõe formar ao convocar os empresários que despedem, aos burocratas sindicais que traem e aos deputados e senadores que votaram a entrega do país aos fundos abutres, não é uma saída séria para os trabalhadores.

Nós, a partir da FIT, queremos organizar para que se expresse a força dos trabalhadores, das mulheres e da juventude para que a crise seja paga pelos empresários, banqueiros e latifundiários; os mesmos que evadem suas fortunas em paraísos fiscais, como a família do próprio Macri.

E tampouco será um 1º de maio qualquer, tendo em conta o que está acontecendo no Brasil.

Totalmente. Antes de mais nada, é necessário definir que no Brasil está em curso um verdadeiro golpe institucional contra o governo do PT. Algo já denunciamos desde semanas e que, ao consumar-se como parece que vai suceder, implicará a chegada do governo de Temer e Cunha (com o apoio do STF, da FIESP e de corporações como a rede Globo) os quais tentarão aplicar um ajuste mais duro ainda que o que já vinha aplicando Dilma.

É um golpe nitidamente reacionário, como ficou evidenciado na votação de domingo passado onde houve deputados que votaram pelo Impeachment em nome de Deus e até dos militares torturadores.

Ao contrário de enxergar como algo longínquo o que acontece no país vizinho, desde o PTS, acreditamos que estes acontecimentos se transformaram em um dos fatos políticos-sociais mais importantes a nível latino-americano e internacional. Hoje temos uma ‘queda-de-braço’ chave onde a classe operária e a juventude da América Latina têm que estreitar laços e fortalecer a luta para que não se imponha uma saída reacionária.

O PTS denuncia o impeachment mas por sua vez chama a luta contra o ajuste do PT.

Sem duvidas, não podemos desligar um fato do outro. O juízo politico de Dilma é produto de uma luta politica entre a oposição e o PT, onde se derrubam uns aos outros com casos de corrupção e várias acusações e o que fica em evidência é que todos os partidos do regime estão afundados no mesmo barro. O PT no governo levou sua decomposição a níveis extremos, assimilando os métodos capitalistas de corrupção para governar e procurando desviar as demandas populares que haviam explodido nas ruas em 2013. Para seu segundo mandato, Dilma fez campanha prometendo que não iria ajustar mas logo ao assumir, começou a implementar um brutal ajuste contra os trabalhadores e o povo pobre. Agora a burguesia quer mais e tenta ‘suavizar’ seu caminho montando por cima de Dilma e Lula. De todos os modos, não está definido que serão bem sucedidos nas suas tentativas de avançar com o ajuste se efetivamente conseguem derrubar Dilma.

Neste sentido, vemos que parte da esquerda no Brasil tomou caminhos equivocados. Por um lado, houve quem se adaptou ao avanço da direita golpista. E por outro, quem se alinhou com o governo. Em ambos os casos, a falta de independência politica é evidente. Pelo contrário, nossos companheiros do MRT, organização irmã do PTS, vêm dando uma grande luta politica impulsionando a exigência de um plano de luta contra o impeachment e os ajustes, tanto os do governo do PT como os que tentarão se impor logo que caia Dilma. Acreditamos que essa deveria ser a política de todas as correntes da esquerda brasileira, argentina e mundial; assim como das organizações sindicais, estudantis e sociais frente a estes acontecimentos.

No Brasil e em outros países, como França ou Chile, vemos uma juventude saindo à lutar decididamente. Como vê isso?

Sim. É correto. E isso é algo muito auspicioso. No Brasil, no marco do que viemos falando, estão havendo lutas da juventude que mostram que há uma geração que não têm as mesmas ataduras nem sentem da mesma maneira a derrota do PT. De fato no Rio de Janeiro nestes momentos há mais de 70 colégios secundaristas ocupados em defesa da educação, que cai aos pedaços. Até se enfrentaram com a polícia. E houve casos de paralisações de faculdade e escolas ‘contra o impeachment e os ataques’.

O caso da França é também impressionante. A luta dos trabalhadores e estudantes franceses contra o plano de reforma trabalhista de Hollande, em Paris e outras grandes cidades, está dando um grande exemplo. Ali nossos companheiros e companheiras da CCR vêm tendo uma intervenção destacada.

E no Chile acabamos de ver ontem mesmo uma mobilização de mais de 100 mil trabalhadores e estudantes universitários, que lutam pela gratuidade da educação. Obviamente foi uma mobilização silenciada pelos grande meios chilenos que buscaram desviar a atenção falando todo o tempo da morte de Patricio Aylwin, o presidente golpista que sucedeu a Pinochet.

Estes elementos motivaram que o PTS convocasse o ato na embaixada do Brasil, sábado, dia 30 ?

Sim. O brutal ajuste que se esta implementando na Argentina é parte de uma plano mais geral das classes dominantes para tentar descarregar, uma vez mais, suas crises sobre as costas do povo trabalhador.

Como disse antes, no Brasil, é talvez o exemplo mais avançado desta ofensiva dos capitalistas. Por isso consideramos que no marco deste 1º. de maio é de primeira importância levantar uma bandeira de luta contra o golpe no Brasil e contra o ajuste na América Latina.

Por isso o PTS definiu realizar um ato operário, socialista e internacionalista neste sábado dia 30 em frente a embaixada brasileira em Buenos Aires. E nas cidades mais importantes do país organizaremos atos similares.

No ato de Buenos Aires vamos contar com a presença do companheiro Claudionor Brandão, dirigente do Sindicatos dos Trabalhadores da USP e do MRT, além de lutadores das greves estatais e docentes da província de Terra do Fogo, Santa Cruz y Buenos Aires. Inclusive outros companheiros e companheiras do MRT e de organizações de nossa corrente internacional viajaram a outros atos no interior. Aproveito para convidar a todos nossos amigos e simpatizantes a participar desta jornada de luta.




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